Depois de sete temporadas, The Conners se despediu da grade da ABC, deixando um espaço difícil de preencher para quem acompanhava o cotidiano da família de Lanford. A emissora, entretanto, não esperou muito para apresentar um sucessor: Shifting Gears, comédia estrelada por Tim Allen, entrou em cena no mesmo horário e já mira o público órfão do antigo spin-off de Roseanne.
- Fim de uma era: The Conners conclui história após sete temporadas
- ABC encaixa Shifting Gears no lugar vago deixado por The Conners
- Tim Allen: capitalizando nostalgia para atrair público
- Similaridades e diferenças que podem conquistar órfãos de The Conners
- Desafio de audiência: Shifting Gears busca repetir números de The Conners
- O que esperar do futuro de Shifting Gears
Produzida no formato multi-câmera e gravada diante de plateia ao vivo, a nova série aposta em nostalgia, humor familiar e carisma de veteranos para manter a audiência. Para quem busca um substituto direto de The Conners, Shifting Gears parece ter encaixado todas as peças — e o Salada de Cinema explica a seguir por que a aposta faz tanto sentido.
Fim de uma era: The Conners conclui história após sete temporadas
Exibido de 2018 a 2025, The Conners nasceu de uma situação delicada: a demissão de Roseanne Barr do revival de Roseanne após comentários polêmicos. A saída da protagonista levou à decisão drástica de matar a matriarca em cena, justificando sua ausência com uma overdose de opioides. Mesmo sob desconfiança inicial, a produção comandada por John Goodman (Dan) e Laurie Metcalf (Jackie) resistiu à turbulência e encontrou voz própria.
O segredo do sucesso esteve na diversificação de temas e na manutenção do olhar sobre a classe média norte-americana. Entre altos e baixos, a sitcom conquistou público fiel e ratings sólidos. Ainda assim, a ABC optou por encerrar a jornada dos Conners com um arco final encurtado, exibido em março de 2025, oferecendo desfecho digno sem recorrer a participações de Roseanne nem flashbacks elaborados.
ABC encaixa Shifting Gears no lugar vago deixado por The Conners
Ao deslocar a última temporada de The Conners para a midseason, a ABC abriu espaço na grade de outono para lançar Shifting Gears. A estratégia visava dar visibilidade máxima à volta de Tim Allen, outro nome de peso na comédia televisiva. A emissora aposta que fãs de tramas familiares reconhecerão rapidamente o formato e migrarão de uma série para a outra sem estranhamento.
A nova atração apresenta a família Parker, liderada por Matt (Allen) e pela filha Riley (Kat Dennings). Ao contrário dos Conners apertados financeiramente, os Parker desfrutam de vida mais confortável. Ainda assim, dilemas geracionais, conflitos de convivência e piadas sobre cotidiano são pontos de contato com o antecessor.
Formato multi-câmera garante atmosfera familiar
Diferente de comédias single-camera, o modelo com plateia ao vivo confere ritmo próprio aos episódios. Risadas registradas em tempo real, cenários fixos e entradas de elenco pontuadas por aplausos geram sensação de aconchego para quem cresceu assistindo a clássicos dos anos 90.
Elenco de várias gerações reforça identificação
Assim como The Conners equilibrava veteranos e novos rostos, Shifting Gears reúne Tim Allen, Kat Dennings e jovens atores que interpretam netos e colegas de trabalho. Essa mistura de idades amplia o alcance da narrativa e cria situações reconhecíveis para espectadores de diferentes faixas etárias.
Tim Allen: capitalizando nostalgia para atrair público
Embora Shifting Gears seja uma criação original, a presença de Allen faz o projeto parecer continuação espiritual de suas séries anteriores. O ator já liderou dois grandes sucessos da TV aberta: Home Improvement (1991-1999) e Last Man Standing (2011-2021). A familiaridade do público com seu estilo sarcástico e levemente conservador aumenta a chance de adesão imediata.
O roteiro não ignora esse histórico. Na primeira temporada, surgiram piadas metalinguísticas e Easter eggs que remetem às produções passadas de Allen. O segundo ano deve intensificar a brincadeira, com participações especiais de antigos colegas de elenco e referências visuais, como ferramentas de Home Improvement ou o cenário de loja de esportes de Last Man Standing.
Imagem: Divulgação
Cameos reforçam estratégia de fan service
Convidados de peso já passaram pelas gravações: antigos co-estrelas como Richard Karn e Jonathan Taylor Thomas apareceram em participações pontuais, gerando buzz nas redes sociais. Esse recurso ajuda a série a compensar a ausência de um universo pré-existente, algo que beneficiou The Conners ao aproveitar legado de Roseanne.
Similaridades e diferenças que podem conquistar órfãos de The Conners
Os pontos em comum entre as atrações são claros: humor familiar, foco em choques de gerações, elenco experiente e gravação diante de plateia. Para quem se acostumou ao aconchego de risadas ao vivo, Shifting Gears reproduz a ambientação sem grandes mudanças.
Já as diferenças podem funcionar como refresco narrativo. A condição financeira mais estável da família Parker abre espaço para piadas sobre consumismo, tecnologia e expectativas de sucesso — temas que contrastam com os desafios econômicos recorrentes dos Conners. Essa variação impede sensação de déjà-vu e amplia o leque de conflitos.
Desafio de audiência: Shifting Gears busca repetir números de The Conners
The Conners encerrou ciclo com média de audiência em torno de 3,5 milhões de espectadores ao vivo por episódio, desempenho sólido no cenário atual da TV aberta dos EUA. O objetivo da ABC é que Shifting Gears se aproxime desses números, garantindo relevância comercial em meio à concorrência de streamings.
Até o momento, os primeiros episódios registraram leve crescimento semana a semana, sinal positivo para a produção. Caso mantenha ritmo, a comédia pode assegurar temporadas adicionais e consolidar Tim Allen como um dos poucos atores a emplacar três sucessos consecutivos na rede norte-americana.
O que esperar do futuro de Shifting Gears
Confirmada para uma segunda temporada completa, a série promete aprofundar relacionamentos e trazer ainda mais participações especiais. Bastidores apontam negociações para aparições de Elisha Cuthbert, colega de Allen em Last Man Standing, e de Debbe Dunning, eterna Heidi de Home Improvement.
Se esses convites se concretizarem, a produção reforçará o pacote nostálgico e terá argumento extra para atrair fãs de longa data. Com roteiro afiado e elenco versátil, Shifting Gears se posiciona como sucessor natural de The Conners e, ao mesmo tempo, como experiência nova capaz de conversar com várias gerações.
Para o espectador que procura uma comédia familiar leve, rápida e repleta de rostos conhecidos, a troca entre The Conners e Shifting Gears parece, até agora, um negócio redondo para a ABC — e uma alternativa bem-vinda nas noites de quem sente falta daquela risada coletiva da sala de estar.


