Uma adaptação de fantasia pode naufragar se o estúdio cortar capítulos ou desistir no meio do caminho. Este cenário é comum no streaming, mas não foi o que aconteceu com His Dark Materials, produção da HBO lançada em 2019.
Baseada nos livros premiados de Philip Pullman, a série recebeu tempo para florescer, chegou ao fim em 2022 e acumulou 84% de aprovação no Rotten Tomatoes. O percurso serve de manual prático para outras plataformas, sobretudo a Netflix, entenderem como tratar obras fantásticas.
Tempo para desenvolver a história completa
His Dark Materials abriu a primeira temporada com 77% de aprovação crítica, um índice bom, mas insuficiente para manter muitas séries vivas em serviços que olham apenas para números imediatos. A HBO seguiu adiante, encomendou mais capítulos e permitiu que a trama amadurecesse sem cortes bruscos.
O resultado foi claro: cada novo ano elevou a qualidade percebida, retroalimentando o interesse pelos episódios iniciais e valorizando a ousada mitologia de Daemons — manifestações físicas da alma dos personagens. Essa paciência é rara em um mercado onde cancelamentos prematuros são rotina.
Final fechado respeita o público
A emissora também autorizou que a produção chegasse ao desfecho planejado pelos roteiristas. A terceira temporada encerrou todos os arcos, fazendo jus ao material literário e evitando a frustração gerada quando séries de fantasia param sem conclusão.
Ao completar o círculo narrativo, a HBO não apenas honrou os livros de Pullman como reforçou a confiança do espectador no selo da casa. Em um gênero que depende de construção de mundos e clímax épico, terminar bem é tão importante quanto começar forte.
Cancelamentos em série expõem contraste com a Netflix
Plataformas concorrentes colecionam títulos interrompidos, deixando fãs órfãos. Exemplos incluem The OA, Shadow and Bone, Lockwood & Co. e A Era da Resistência. Todos foram interrompidos antes de concluir suas respectivas histórias.
A comparação evidencia a diferença de estratégia. Enquanto a HBO investiu em três temporadas completas de His Dark Materials, outros streamings encurtam ou engavetam projetos de fantasia na primeira dificuldade, desperdiçando potencial e afastando um público ávido por narrativas contínuas.
Produção de alto nível e parceria internacional
Coproduzida com a BBC One, a série foi dirigida por nomes como William McGregor, Euros Lyn e Dawn Shadforth. O roteiro principal ficou a cargo de Jack Thorne, que já havia adaptado peças como Harry Potter and the Cursed Child.
Imagem: Divulgação
No elenco, Dafne Keen vive Lyra Silvertongue, Ruth Wilson interpreta a enigmática Sra. Coulter e Amir Wilson assume o papel de Will Parry nas temporadas seguintes. A química entre os protagonistas e os efeitos visuais premiados contribuíram para a imersão no universo de Philip Pullman.
Recepção crítica sólida reforça a aposta
Além dos 84% de aprovação geral no Rotten Tomatoes, a série manteve média 8,9/10 na avaliação de usuários do IMDb. Esses números confirmam que dar tempo à narrativa gerou retorno em forma de engajamento e reputação.
Mídias especializadas, como o site Salada de Cinema, destacaram a ousadia estética e a fidelidade ao texto original, ressaltando a importância de respeitar a cadência de um best-seller quando transposto para a tela.
Lição para futuras adaptações de fantasia
A fórmula aplicada é simples, mas exige comprometimento: investir em várias temporadas planejadas, proteger a integridade da história e garantir um final satisfatório. His Dark Materials provou que o público de fantasia responde positivamente quando percebe esse cuidado.
Com o mercado de streaming cada vez mais competitivo, o case da HBO pode servir de modelo para novos projetos baseados em romances, quadrinhos ou mangás, setores onde a lealdade do fã costuma ser decisiva para a longevidade de uma produção.
Ficha técnica
Título original: His Dark Materials
Gêneros: Drama, Aventura, Fantasia, Ficção Científica
Temporadas: 3 (2019–2022)
Canal/Streaming: HBO Max e BBC One
Criador: Jack Thorne
Elenco principal: Dafne Keen (Lyra), Ruth Wilson (Sra. Coulter), Amir Wilson (Will Parry)
Aprovação crítica: 84% no Rotten Tomatoes
Classificação indicativa: TV-14
Baseado em: Trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman


