Uma anti-heroína desbocada, humor ferino e cenas que quebram a quarta parede: esses são apenas alguns dos elementos que transformaram Fleabag em sucesso imediato no Reino Unido e, logo depois, no catálogo global do Prime Video.
Lançada originalmente pela BBC Three em parceria com a Amazon, a atração escrita e protagonizada por Phoebe Waller-Bridge exibe um raro equilíbrio entre comicidade e tragédia. Não à toa, mantém aprovação perfeita no Rotten Tomatoes — um feito que poucos títulos alcançam nesta década.
Fleabag: a comédia sombria que conquistou 100% no Rotten Tomatoes
Fleabag nasceu como espetáculo teatral e, ainda nos palcos, permitiu que Waller-Bridge testasse todas as camadas da personagem-título. Essa origem teatral se reflete na série por meio de monólogos diretos ao espectador, que funcionam como confessionário e comentário metalinguístico ao mesmo tempo. O resultado é uma narrativa ágil, de linguagem moderna, mas carregada de sarcasmo tipicamente britânico.
Sem seguir uma linha narrativa tradicional, o roteiro prioriza o estudo de personagem. A protagonista luta para superar traumas pessoais, enfrenta conflitos com a madrasta e se envolve em relacionamentos improváveis — incluindo um romance com um padre interpretado por Andrew Scott, responsável por um dos arcos mais populares da segunda temporada. Esse blend de drama e humor ácido ganhou o coração da crítica, garantindo a nota máxima no agregador.
A conquista não se resume ao Rotten Tomatoes. Fleabag figura em listas de melhores séries do século em publicações internacionais e, aqui no Salada de Cinema, também entrou no radar de quem gosta de tramas enxutas, mas com muito a dizer. Além disso, a produção impulsionou a carreira de Waller-Bridge, hoje uma das criadoras mais requisitadas do mercado audiovisual.
Para quem busca algo fora do circuito de novelas e doramas, mas aprecia histórias compactas e envolventes, Fleabag se mostra uma aposta certeira: são apenas duas temporadas, com seis episódios cada, todos disponíveis no Prime Video.
Por que Fleabag teve somente duas temporadas?
No universo das comédias britânicas, encerrar uma série no auge é quase tradição. Títulos como Fawlty Towers e The Office UK comprovaram que deixar o palco cedo pode preservar qualidade e impacto. Com Fleabag não foi diferente. O capítulo final da segunda temporada entrega um desfecho emocional que fecha o arco da protagonista de maneira coerente e satisfatória. Phoebe Waller-Bridge já declarou em entrevistas que voltar à história poderia comprometer a integridade da obra, e, por isso, não há planos de continuação tão cedo.
Imagem: Divulgação
Essa decisão reforça o caráter especial da série. Ao evitar temporadas adicionais, a criadora garante que cada episódio permaneça relevante, sem cair na armadilha de enredos repetitivos. A estratégia também impulsiona a maratona: com apenas 12 episódios no total, Fleabag torna-se atração perfeita para quem busca conteúdo rápido, inteligente e repleto de diálogos memoráveis.
Ainda que curta, a produção deixou legado expressivo. O humor direto influenciou roteiristas de novas comédias, enquanto a quebra da quarta parede virou marca registrada em outros formatos audiovisuais. Para o público, restam duas opções: revisitar os episódios existentes ou esperar que Phoebe Waller-Bridge surpreenda novamente em futuros projetos.
Enquanto isso, espectadores que gostam de explorar títulos fora do eixo Hollywood-Coreia encontram em Fleabag um exemplar de dramaturgia afiada, pronta para ser descoberta ou revisitada — e que segue, com justiça, ostentando o sonhado 100% de aprovação.
Ficha técnica
Título original: Fleabag
Criação e roteiro: Phoebe Waller-Bridge
País de origem: Reino Unido
Emissora/Streaming: BBC Three (UK) e Prime Video (global)
Temporadas: 2
Episódios: 12
Gênero: Comédia dramática / Humor negro
Elenco principal: Phoebe Waller-Bridge, Sian Clifford, Andrew Scott, Olivia Colman
Estreia: 21 de julho de 2016 (Reino Unido)
Pontuação no Rotten Tomatoes: 100% (temporadas somadas)
