Warrior: a série de ação que realiza a visão de Bruce Lee e conquista fãs de dramas históricos

Thais Bentlin
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Uma proposta recusada nos anos 1960 virou um fenômeno cult mais de meio século depois. Criada a partir de um conceito de Bruce Lee, a série Warrior uniu artes marciais, disputa de poder e tensão racial em plena San Francisco do século XIX.

Entre 2019 e 2023, a produção exibida na HBO Max provou que televisão também pode entregar coreografias cinematográficas sem perder a densidade dramática. Apesar do fim precoce, a obra permanece indispensável para quem procura ação de qualidade e tramas complexas.

A trajetória de Warrior: da rejeição em Hollywood ao sucesso de crítica

A história começa nos estúdios de Hollywood, no final da década de 1960, quando Bruce Lee apresentou a ideia de um protagonista chinês que lutaria contra o crime e o racismo no Velho Oeste norte-americano. O projeto foi considerado “arriscado” por colocar um asiático no papel principal e acabou engavetado.

Décadas depois, Shannon Lee, filha do astro, decidiu recuperar o conceito. Ela se uniu ao roteirista Jonathan Tropper, conhecido por Banshee, e ao diretor Justin Lin para reformular a premissa. O resultado ganhou luz verde no Cinemax e, posteriormente, mudou para a HBO Max, mantendo a essência imaginada por Lee.

Em tela, a série Warrior acompanha Ah Sahm (Andrew Koji), lutador que desembarca em San Francisco na década de 1870 atrás da irmã desaparecida. Rapidamente, ele é vendido ao Hop Wei, um dos tongs – sociedades secretas chinesas – que dominam Chinatown. A partir daí, a narrativa costura embates sangrentos, disputas políticas e reflexões sobre identidade.

Além de Ah Sahm, o roteiro destaca Young Jun (Jason Tobin), herdeiro impulsivo do Hop Wei, e Mai Ling (Dianne Doan), líder da facção rival Long Zii. Fora da comunidade chinesa, o policial Bill O’Hara (Kieran Bew) personifica o confronto entre trabalhadores irlandeses e imigrantes asiáticos, mostrando que a violência não se restringia aos becos de Chinatown.

Cada temporada elevou o nível da coreografia e do enredo. Lutas longas, cheias de cortes precisos, ilustravam as filosofias de combate defendidas por Bruce Lee: adaptação constante e expressão pessoal através do movimento. Ao mesmo tempo, temas como assimilação cultural, preconceito institucional e sobrevivência em solo estrangeiro ganhavam espaço, aproximando a série de um épico criminal.

Mesmo recebendo 92% de aprovação do público no Rotten Tomatoes, Warrior foi cancelada em 2023. A decisão refletiu mudanças organizacionais na Warner Bros. Discovery, cuja estratégia passou a privilegiar cortes de custo e marcas com apelo imediato. Produções de época, com cenários elaborados e sequências de ação caras, tornaram-se menos atraentes dentro desse novo panorama.

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Imagem: Divulgação

Outro obstáculo foi a transição de canais. Originalmente no Cinemax, o seriado só alcançou uma base maior de espectadores ao chegar à HBO Max e, mais tarde, à Netflix. Quando o buzz cresceu, o destino já estava selado nos bastidores. Mesmo assim, as três temporadas formam um arco fechado, considerado por muitos críticos como uma verdadeira obra-prima do gênero.

Por que a série Warrior continua relevante para fãs de novelas e doramas

Quem gosta de novelas históricas e doramas costuma buscar tramas envolventes, romances impossíveis e conflitos familiares intensos. Warrior oferece tudo isso, temperado por coreografias impressionantes que lembram produções asiáticas de alto orçamento. Os arcos de Ah Sahm e Mai Ling, por exemplo, misturam laços de sangue, lealdade e ambição, elementos familiares a quem acompanha dramas orientais.

A ambientação cuidadosa transporta o espectador para ruas lamacentas, salões de ópio e saloons frequentados por irlandeses, chineses e políticos corruptos. Esse cenário, aliado ao ritmo tenso das lutas, garante a retenção do público e faz a “série Warrior” se destacar entre títulos de época disponíveis no streaming.

Para o site Salada de Cinema, que acompanha o universo das séries e filmes, Warrior é um caso raro de produção ocidental que respeita a herança cultural asiática sem exotizar seus personagens. A fidelidade histórica contrasta com a abordagem moderna das cenas de ação, criando um híbrido perfeito para maratonar.

Ficha técnica
Título original: Warrior
Criação: Jonathan Tropper, a partir de conceito de Bruce Lee
Exibição: 2019 – 2023
Temporadas: 3
Elenco principal: Andrew Koji, Dianne Doan, Jason Tobin, Kieran Bew, Olivia Cheng
Gêneros: Ação, Crime, Drama histórico
Plataforma de origem: HBO Max
Avaliação do público (Rotten Tomatoes): 92%

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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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