Quase 150 anos depois da publicação do clássico de Júlio Verne, Viagem ao Centro da Terra continua encontrando novos públicos. A versão de 2008, dirigida por Eric Brevig, desembarcou no catálogo da Netflix e, em poucos dias, voltou a chamar atenção dos assinantes.
Com Brendan Fraser e Josh Hutcherson no elenco, o longa aposta em ação ininterrupta, humor leve e efeitos visuais generosos para recriar a expedição subterrânea mais famosa da literatura.
Nova vida para um clássico de Júlio Verne
Lançado em 2008, o longa-metragem traz Fraser como Trevor Anderson, professor de geologia que tenta provar as teorias do irmão desaparecido. A chegada do sobrinho Sean, vivido por Hutcherson, serve de gatilho para a aventura: durante uma visita ao laboratório do tio, o adolescente encontra anotações que ligam o sumiço do pai à obra de Verne.
Pressionados por cortes de verba na universidade, Trevor e Sean embarcam rumo à Islândia, convencidos de que as pistas deixadas por Max Anderson podem levá-los ao centro da Terra. É nessa etapa que surge Hannah Ásgeirsson (Anita Briem), guia de montanhismo que acompanha os dois e oferece habilidades essenciais para a travessia.
Ação acelerada do início ao fim
Eric Brevig, supervisor de efeitos visuais em sucessos como MIB – Homens de Preto, assume aqui o primeiro trabalho como diretor. A escolha influencia todo o ritmo do filme. Em vez de alongar explicações científicas, ele privilegia sequências de perseguição, saltos impossíveis e criaturas pré-históricas renderizadas em CGI.
Essa abordagem faz com que o enredo avance como um parque temático: cada obstáculo subterrâneo — de peixes voadores a dinossauros — surge, altera a dinâmica do trio e some logo depois, garantindo que o espectador permaneça em constante movimento.
Personagens com motivações claras
A combinação de gerações cria contraste eficiente. Trevor compensa a perda do irmão assumindo o papel de mentor protetor; Sean oscila entre ceticismo e admiração, tentando provar que pode seguir os passos do pai sem repetir os mesmos erros; Hannah representa o equilíbrio, pois carrega o legado científico do próprio pai e, ao mesmo tempo, domina o terreno hostil onde todos se aventuram.
Ainda que o roteiro deixe de lado parte do rigor acadêmico, ele encontra espaço para questionar a relação entre memória e responsabilidade. O luto de Trevor, a ausência sentida por Sean e as dúvidas de Hannah sobre o trabalho do pai funcionam como pano de fundo para as explosões e corridas contra o tempo.
Efeitos visuais: espetáculo ou exagero?
Produzido com orçamento estimado em 60 milhões de dólares, Viagem ao Centro da Terra explora ao máximo a tecnologia 3D, tendência forte na época. Cavernas luminosas, rios de lava e cristais gigantes compõem um cenário que conquista pela imaginação, mesmo sacrificando parte da verossimilhança.
Para quem busca entretenimento imediato, o visual é um prato cheio. Já o público que prefere plausibilidade científica pode estranhar a liberdade criativa. O próprio Fraser, em entrevistas à época do lançamento, comentava que a prioridade era entregar diversão familiar — e o resultado confirma a proposta.
Imagem: Divulgação
Recepção e nota de público
No agregador IMDb, o filme mantém avaliação perto de 6,0, enquanto críticas especializadas variam entre elogios ao ritmo ágil e ressalvas quanto à simplicidade do roteiro. Aqui no Salada de Cinema, a produção recebe nota 8/10, principalmente pela química do elenco e pela capacidade de manter a atenção do espectador durante 93 minutos.
Vale lembrar que a bilheteria mundial ultrapassou 240 milhões de dólares, garantindo luz verde para uma sequência lançada em 2012, embora sem a presença de Fraser no papel principal.
Por que assistir agora na Netflix?
Quem perdeu a estreia nos cinemas ou quer rever a história encontra na plataforma de streaming uma experiência prática: áudio original, dublagem em português e opção de assistir em 4K para aproveitar melhor os efeitos.
Além disso, colocar Viagem ao Centro da Terra na lista ajuda a contextualizar a carreira de Josh Hutcherson antes do fenômeno Jogos Vorazes e relembra a fase em que Brendan Fraser reinava como herói de ação, entre A Múmia e Coração de Tinta.
Curiosidades rápidas para fãs de ficção científica
- O roteiro faz referência direta ao livro de Júlio Verne: Sean carrega um exemplar marcado com anotações do pai.
- Algumas cenas foram filmadas em cavernas reais no estado de Manitoba, Canadá, combinadas a cenários construídos em estúdio.
- A planta carnívora gigante foi criada inteiramente em CGI, mas os atores gravaram a sequência presos a cabos para simular a captura.
Quanto tempo dura a aventura?
São 93 minutos de duração, tempo enxuto que favorece maratonas e repetidas exibições em família.
Classificação indicativa
A produção é livre para todos os públicos, mas criaturas e cenas de perigo podem assustar crianças muito pequenas.
Com ritmo frenético, toque de humor e ambientação colorida, Viagem ao Centro da Terra reforça a força das adaptações de Júlio Verne no cinema e se mostra uma escolha certeira para quem busca uma escapada cheia de adrenalina na Netflix.


