Sucesso global de The Asset não garante uma 2ª temporada tranquila na Netflix

Thais Bentlin
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Quem maratonou The Asset na Netflix saiu maravilhado com a pegada realista do suspense e já está pedindo mais episódios.

O problema é que, apesar do desempenho expressivo no streaming, o final da primeira temporada deixou um quebra-cabeça difícil de montar para uma eventual continuação.

A série dinamarquesa gira em torno da agente Tea, que se infiltra em uma quadrilha de tráfico de drogas e cria laços inesperados com Ashley, namorada do chefão Miran. A narrativa lembra Slow Horses, produção da Apple TV +, por abandonar o glamour estilo 007 e mostrar o lado burocrático da espionagem. No entanto, há diferenças decisivas sobre como cada trama pode seguir adiante.

Salada de Cinema acompanha de perto o imbróglio criativo e explica por que o desfecho de The Asset coloca em risco a tão desejada segunda temporada.

O que acontece no final de The Asset

No clímax, Miran é preso e aceita levar sozinho a culpa pelos crimes. Ele alega que Ashley foi cúmplice involuntária, permitindo que a mãe da menina do casal continue livre para criar a filha. Logo depois, Ashley encontra um depósito secreto recheado de dinheiro vivo e drogas, encarando um dilema moral: retomar a vida luxuosa ao lado da filha ou começar do zero longe do crime.

Paralelamente, Tea comemora o sucesso da operação e cogita deixar o Serviço de Inteligência e Segurança da Dinamarca. A celebração dura pouco: a espiã leva um tiro de um atirador desconhecido e sobrevive por pouco. Dois ganchos ficam no ar — quem tentou matá-la e o que Ashley fará com a fortuna ilícita.

Por que The Asset temporada 2 sofre para ganhar corpo

À primeira vista, cliffhangers como esses parecem combustível certo para uma segunda leva de capítulos. Contudo, o arco principal se encerra de forma relativamente redonda, sem indicar uma missão clara para continuar explorando o universo da série.

A estrutura focada quase exclusivamente em Tea e Ashley também complica o roteiro. Em Slow Horses, o segredo do sucesso é um elenco amplo que se reveza no protagonismo, mantendo as histórias frescas a cada temporada. Já em The Asset, qualquer caminho exige escolher: mergulhar na crise de consciência de Ashley, transformando o suspense de espionagem em drama criminal, ou seguir Tea e abandonar o conflito da antiga aliada.

Falta de elenco rotativo

Slow Horses conta com o departamento Slough House, repleto de agentes descartados, onde cada personagem ganha destaque em momentos diferentes. Essa rotação permite múltiplos fios narrativos e renova o interesse do público temporada após temporada.

Sem um grupo numeroso de espiões nem subtramas independentes, The Asset temporada 2 precisaria quebrar o formato original ou introduzir de última hora uma leva de novos rostos, risco que costuma afastar parte da audiência.

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Imagem: Divulgação

Possíveis rumos para novos episódios

Para viabilizar a sequência, roteiristas teriam de expandir o universo além do Serviço de Inteligência ou inserir uma conspiração maior que ligue o atentado contra Tea ao estoque de drogas guardado por Ashley. Outra hipótese é promover Ashley a agente improvisada, aproximando novamente as duas protagonistas.

Mesmo assim, nenhum desses cenários oferece, por si só, o peso dramático que a primeira temporada alcançou com a infiltração de Tea e a relação de confiança construída sob risco constante de traição.

Desempenho no streaming pesa a favor

Apesar dos entraves criativos, a audiência robusta e a repercussão global de The Asset trabalham a favor da renovação. A Netflix costuma levar números em consideração antes de qualquer decisão final.

O serviço, no entanto, também analisa sustentabilidade narrativa. Sem garantia de que a nova fase prenderá o público tanto quanto a estreia, a plataforma pode preferir investir em produções de estrutura mais flexível — caso de Slow Horses na concorrente — em vez de correr o risco de ver o engajamento despencar após o hype inicial.

Resumo de fatos que influenciam The Asset temporada 2

  • Final encerra a missão principal e deixa apenas dois ganchos — o agressor de Tea e o futuro de Ashley.
  • Elenco enxuto limita possibilidades de novos arcos sem reformular a proposta original.
  • Comparações com Slow Horses ressaltam a ausência de um “trunfo” de elenco rotativo.
  • Sucesso de audiência dá fôlego, mas não resolve o desafio de roteiro.

O que já se sabe oficialmente

Até o momento, a Netflix não anunciou renovação nem cancelamento. Fontes ligadas à produção indicam que discussões internas seguem abertas, mas qualquer decisão só deve ser divulgada após avaliação detalhada do desempenho internacional e de possíveis caminhos de roteiro.

Caso receba sinal verde, The Asset temporada 2 provavelmente exigirá maior investimento em novos personagens ou em uma conspiração de alcance maior, estratégias clássicas para expandir universos narrativos sem perder a essência da série.

FICHA TÉCNICA

Título original: The Asset

Origem: Dinamarca

Plataforma: Netflix

Gênero: Drama, Crime, Thriller

Data de estreia da 1ª temporada: 27 de outubro de 2025

Elenco principal: Clara Dessau (Tea), Maria Cordsen (Ashley)

Classificação indicativa: TV-MA

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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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