A Netflix oficializou a produção de East of Eden da Netflix, minissérie de sete episódios que transporta para a TV o clássico de John Steinbeck. A principal novidade é a troca de narrador: em vez do próprio autor, quem conduz a história agora é a enigmática Cathy Ames. A mudança promete dinamizar a adaptação e corrigir um ponto criticado há décadas pelos leitores.
Com elenco liderado por Florence Pugh e filmagens já concluídas na Nova Zelândia, o projeto entrou em pós-produção e deve chegar à plataforma no início de 2026. A obra original, publicada em 1952, acompanha gerações das famílias Trask e Hamilton no fértil Vale de Salinas, na Califórnia. Agora, o foco recai quase exclusivamente nos Trask, oferecendo um olhar íntimo sobre suas rivalidades, culpas e redenções.
Detalhes da produção de East of Eden da Netflix
East of Eden da Netflix será exibida em formato fechado, com sete partes batizadas de Genesis, Cathay, In The Valley, Kate, Departure, The Great Try e East of Eden. A roteirista e produtora-executiva Zoe Kazan, neta do diretor Elia Kazan — responsável pelo filme homônimo de 1955 —, divide a função de showrunner com Jeb Stuart. O retorno da família Kazan ao material literário reforça o legado do título e adiciona camada extra de expectativa entre cinéfilos e leitores.
As câmeras rodaram de outubro de 2024 a março de 2025 em locações neozelandesas que simulam o cenário californiano retratado por Steinbeck. Além de Florence Pugh no papel de Cathy Ames, o elenco inclui Christopher Abbott como Adam Trask e Ciarán Hinds interpretando Samuel Hamilton. Outros membros da família Hamilton não aparecem, sinalizando que, desta vez, o enredo se concentra quase todo na saga dos Trask.
John Steinbeck sempre descreveu East of Eden como seu “trabalho mais importante” e pretendia que refletisse os grandes conflitos morais da humanidade. Mesmo assim, críticos acusam o livro de perder ritmo devido às intervenções do narrador — que ora age como personagem, ora como observador onisciente. Ao escolher um ponto de vista único, a Netflix busca entregar uma narrativa alinhada ao gosto contemporâneo, valorizando unidade e clareza.
Por que o novo ponto de vista promete melhorar East of Eden
No texto original, o narrador alterna entre primeira e terceira pessoa, gerando quebras de imersão. Ao colocar Cathy Ames no centro, East of Eden da Netflix elimina esse vaivém e oferece justificativa lógica para conhecer segredos da família Trask. Como vilã complexa, Cathy possui motivações obscuras que podem ser exploradas em profundidade, recurso ideal para prender a audiência de quem ama novelas e doramas — público que o Salada de Cinema também acompanha de perto.
Outro ganho é a redução da colisão entre crônica autobiográfica e alegoria bíblica. Steinbeck inseriu passagens sobre sua própria linhagem, os Hamilton, algo que não deve ter o mesmo destaque na série. A decisão de priorizar um arco dramático coeso favorece maratonas e aumenta o potencial de engajamento no feed do Google Discover, objetivo declarado da plataforma ao lapidar produções seriadas.
Imagem: Divulgação
Do ponto de vista prático, a escolha de concentrar a história nos Trask facilita condensar 600 páginas em pouco mais de sete horas. Sem se dividir entre dois núcleos igualmente complexos, o roteiro pode aprofundar dilemas de culpa, inveja e redenção que atravessam gerações. Para quem acompanha literatura adaptada, vale lembrar que Steinbeck reconta o mito de Caim e Abel, mas agora veremos esse embate filtrado pela astúcia de Cathy.
Com filmagens concluídas e pós-produção em curso, a expectativa gira em torno de campanhas de divulgação e trailer oficial, previstos para 2025. Até lá, a Netflix deve revelar novas imagens do set, bastidores com o elenco e, possivelmente, a data exata de estreia. Enquanto isso, fãs de dramas de época podem reler o livro ou conferir a adaptação clássica de 1955, comparando como cada obra interpreta a complexa relação entre irmãos e pais.
A mudança estrutural confere frescor ao enredo, abre portas para leitura feminista do texto e atende reclamações antigas sobre tom e ritmo. Se cumprir o que promete, East of Eden da Netflix tem potencial para revitalizar o legado do autor, ampliar a discussão sobre temas universais e conquistar quem busca narrativas densas, porém acessíveis, na telinha.
Ficha técnica
Título: East of Eden (minissérie)
Plataforma: Netflix
Episódios: 7
Showrunners: Zoe Kazan e Jeb Stuart
Elenco principal: Florence Pugh (Cathy Ames), Christopher Abbott (Adam Trask), Ciarán Hinds (Samuel Hamilton)
Período de filmagem: outubro/2024 – março/2025
Previsão de estreia: início de 2026
Baseado em: romance East of Eden, de John Steinbeck (1952)
Locações: Nova Zelândia (substitui o Vale de Salinas, Califórnia)
Alteração-chave: narrativa em primeira pessoa sob a ótica de Cathy Ames


