Ben Stiller volta a vestir o uniforme de Larry Daley em “Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba”, produção de 2014 que acaba de ganhar fôlego extra no catálogo da Netflix. O longa traz a mistura de fantasia e humor já conhecida, mas acrescenta um clima de despedida ao reunir personagens queridos numa missão longe de casa.
- Crise na tábua de Ahkmenrah movimenta a trama
- Museu Britânico apresenta heróis e gargalhadas inéditas
- Doppelgänger de Larry amplia a comédia
- Laços familiares em foco, mas sem melodrama excessivo
- Robin Williams entrega momento tocante em despedida
- Efeitos visuais mantêm padrão da série
- Conclusão da trilogia mantém charme original
Dirigida por Shawn Levy, a terceira parte da franquia coloca a mágica tábua de Ahkmenrah em risco e, com ela, todo o encanto que anima estátuas e fósseis depois que as luzes se apagam. A ameaça força Larry a cruzar o Atlântico e pedir ajuda no Museu Britânico, onde novas figuras históricas entram na dança.
Crise na tábua de Ahkmenrah movimenta a trama
Logo nos primeiros minutos, o público descobre que a relíquia egípcia responsável por transformar noites comuns em espetáculos de aventura está perdendo seu poder. Sinais de ferrugem e faíscas douradas denunciam que algo não vai bem, deixando Teddy Roosevelt (Robin Williams), Jedediah (Owen Wilson) e Octavius (Steve Coogan) às voltas com falhas de energia que ameaçam a própria existência.
Para salvar os amigos, Larry percebe que a solução não está em Nova York. As pistas o levam ao Museu Britânico, onde a tábua foi encontrada décadas antes. A partir daí, “Uma Noite no Museu 3” assume ritmo de road movie, usando o deslocamento como desculpa para renovar o tabuleiro e expandir o leque de referências históricas.
Museu Britânico apresenta heróis e gargalhadas inéditas
A chegada a Londres introduz Lancelot, vivido por Dan Stevens, cavaleiro que, sem distinção entre realidade e fantasia, tenta conquistar o coração de uma tal “Guinevere” – nada menos que uma atriz de um cartaz de teatro. A ingenuidade do personagem rende boa parte do humor físico do roteiro.
Outra novidade é Tilly, a zeladora interpretada por Rebel Wilson. Com sotaque britânico carregado, ela aceita com surpreendente naturalidade o caos que se instala após o pôr do sol. Sua interação com o guarda-noturno americano traz piadas rápidas e comentários improvisados que quebram a tensão.
Doppelgänger de Larry amplia a comédia
No meio da confusão, Ben Stiller assume papel duplo ao dar vida a Laa, um homem pré-histórico que enxerga no protagonista uma espécie de irmão mais velho. A dinâmica entre os dois multiplica as situações pastelonas, mas também provoca pequenos atrasos na narrativa central, que tenta equilibrar correria, efeitos visuais e sentimentalismo.
Ainda assim, a química entre Stiller e o próprio Stiller garante risadas fáceis, sobretudo quando Larry precisa convencer Laa a não atacar guardas ou derrubar colunas romanas. A curiosidade pela modernidade transforma o neandertal numa criança grande, facilitando gags que remetem ao primeiro filme da saga.
Laços familiares em foco, mas sem melodrama excessivo
Enquanto corre contra o tempo para reativar a tábua, Larry lida com o filho Nick (Skyler Gisondo), agora adolescente e decidido a largar os estudos para seguir carreira de DJ. O conflito entre pai e filho serve de fio emocional, mostrando que, às vezes, crescer exige aceitar escolhas alheias.
Imagem: Divulgação
Embora a mensagem seja direta, o roteiro opta por resolver o impasse em cenas curtas, evitando mergulhos profundos em debates sobre futuro ou responsabilidade. O resultado é leve, mantendo o clima de aventura familiar que consagrou “Uma Noite no Museu 3” junto ao público.
Robin Williams entrega momento tocante em despedida
Mesmo com participação reduzida, Robin Williams imprime carisma especial ao ex-presidente Roosevelt. Sua última cena ao lado de Larry, gravada pouco antes da morte do ator, confere peso inesperado ao desfecho: um aceno silencioso que reconhece a passagem do tempo tanto na ficção quanto fora dela.
A breve despedida equilibra fantasia e melancolia, oferecendo um respiro contemplativo em meio a dinossauros, dragões mecânicos e miniaturas falantes. É nesse instante que o filme encontra um tom mais íntimo, lembrando que atrás das armaduras animadas existe gente real lidando com finitude.
Efeitos visuais mantêm padrão da série
Levy repete a fórmula que garantiu bilheteria aos longas anteriores, abusando de CGI para colocar fósseis correndo pelos corredores e constelações ganhando profundidade. A cena do dragão metálico no átrio principal do Museu Britânico destaca a criatividade da equipe de efeitos, embora sua duração curta deixe um gostinho de “quero mais”.
Mesmo quando a tecnologia domina, a direção evita espetáculo desmedido. As animações funcionam como suporte à comédia, não como foco único. Assim, “Uma Noite no Museu 3” reforça o compromisso de divertir toda a família, combinação que lhe rendeu nota 8/10 em avaliações gerais.
Conclusão da trilogia mantém charme original
Lançado quase dez anos depois do primeiro encontro com o Museu de História Natural, o capítulo final entrega aquilo que promete: humor leve, referências históricas acessíveis e uma dose de nostalgia. Ao fechar o ciclo, o filme deixa vivos o carisma dos personagens e a sensação de que, em boa companhia, até um turno de trabalho pode virar aventura.
Para quem acompanha as novidades do Salada de Cinema, “Uma Noite no Museu 3” surge como opção certeira de entretenimento familiar na Netflix. E, convenhamos, reencontrar Ben Stiller às voltas com mini-soldados e presidentes falantes sempre vale a sessão após o jantar.


