James Cameron critica Alien 3, mas poupa David Fincher pelas mudanças radicais

Thais Bentlin
5 Leitura mínima

James Cameron finalmente abriu o jogo sobre Alien 3, filme que, na opinião dele, desfez boa parte do que havia sido construído em Aliens: O Resgate. Em conversa recente com o podcast Just Foolin’ Around, comandado por Michael Biehn, o cineasta comentou a decisão de matar Hicks, Newt e Bishop logo no início da continuação dirigida por David Fincher.

Para Cameron, a escolha “arrancou” o vínculo emocional do público com a trama. Mesmo assim, o diretor defendeu Fincher, que estreava em longas-metragens e, segundo ele, teve liberdade criativa limitada pelo estúdio.

James Cameron critica Alien 3 e defende David Fincher

A crítica de James Cameron a Alien 3 não é nova entre fãs, mas agora veio diretamente da fonte. O diretor canadense, responsável por Aliens em 1986, classificou como “a coisa mais estúpida” o fato de a sequência começar eliminando os sobreviventes queridos do filme anterior. Para quem acompanha franquias, essa estratégia costuma gerar estranhamento, e Cameron ressaltou que o público construiu afeto por Hicks (Michael Biehn), Newt (Carrie Henn) e o androide Bishop (Lance Henriksen).

Além disso, Cameron apontou outro problema: a troca dos personagens carismáticos por “um bando de condenados que ninguém gosta”. Para o cineasta, quando o espectador não se importa com quem está na tela, o suspense desaparece, derrubando qualquer senso de perigo genuíno. Essa avaliação explica por que muitos fãs consideram Alien 3 uma guinada brusca de tom, distanciando-se tanto do terror claustrofóbico do primeiro filme quanto da ação militarizada do segundo.

Mesmo fazendo críticas duras, Cameron evitou culpar David Fincher. Ele lembrou que o diretor de O Clube da Luta ainda era novato em 1992 e que o roteiro tinha sido escrito por David Giler, Walter Hill e Larry Ferguson, entre outros. Segundo Cameron, as decisões questionáveis vieram de cima, e Fincher teria enfrentado seguidos vetos do estúdio durante a produção.

Por que a morte de Hicks, Newt e Bishop irritou o diretor

O ponto que mais incomoda Cameron é o rompimento abrupto do arco dramático construído em Aliens. Hicks representava a possibilidade de parceria para Ripley (Sigourney Weaver); Bishop, a prova de que nem todo androide é vilão; Newt, a chance de maternidade que a protagonista perdera. Ao excluir esses pilares em poucos minutos de filme, Alien 3 removeu o investimento emocional que o diretor plantou no capítulo anterior.

No podcast, Cameron afirmou que o público “queria ver aqueles condenados morrer”, revelando o desinteresse geral pelos novos personagens. Para ele, esse erro de cálculo diminuiu a tensão, uma vez que ninguém torcia pela sobrevivência dos detentos da colônia penal Fiorina 161, cenário principal da terceira produção.

Ainda assim, o criador de Avatar enfatizou que não guarda ressentimentos. Admirador do trabalho posterior de Fincher, Cameron considera que o colega fez o melhor possível dentro das circunstâncias. O diretor de Aliens concluiu a conversa dizendo que oferece “passe livre” a Fincher pelos tropeços do longa de 1992.

No Brasil, fãs da franquia seguem divididos sobre Alien 3. Uns defendem a abordagem sombria e fatalista; outros, como Cameron, lamentam a ruptura drástica. Seja como for, o comentário do cineasta reacende discussões sobre interferência de estúdios e continuidade de personagens em séries cinematográficas de sucesso, assunto que sempre rende boas conversas entre leitores do Salada de Cinema.

FICHA TÉCNICA – Alien 3 (1992)
Data de lançamento: 22 de maio de 1992
Duração: 114 minutos
Direção: David Fincher
Roteiro: David Giler, Walter Hill, Larry Ferguson, Vincent Ward, Dan O’Bannon, Ronald Shusett
Elenco principal: Sigourney Weaver (Ripley), Charles S. Dutton (Dillon)
Gêneros: Ficção científica, Ação, Terror
Classificação indicativa: R (nos EUA)

Seguir:
Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
Nenhum comentário