La Casa de Papel completa 8 anos e relembra como a série coroou a Netflix na guerra do streaming

Thais Bentlin
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Em maio de 2017, um grupo de assaltantes mascarados invadiu a Casa da Moeda da Espanha nas telinhas e, sem saber, entrou também para a história do entretenimento. O crime fictício comandado pelo Professor virou fenômeno mundial depois que a Netflix comprou os direitos de exibição, reeditou os capítulos e turbinou o alcance da série.

Oito anos depois, La Casa de Papel ainda é citada como ponto de virada na chamada “guerra do streaming”, abrindo caminho para que produções de diferentes idiomas conquistassem o público global. Entenda, a seguir, por que esse roubo cinematográfico virou o maior golpe — no bom sentido — aplicado à concorrência.

La Casa de Papel: o assalto espanhol que mudou o jogo do streaming

Lançada originalmente pelo canal espanhol Antena 3 entre maio e novembro de 2017, La Casa de Papel nasceu como minissérie de 15 episódios. A audiência local foi boa, mas nada comparado ao estouro que viria quando a Netflix assumiu o controle. A plataforma recortou os capítulos em 22 partes menores, liberou tudo de uma vez e apostou na curiosidade do público por histórias intensas e cheias de reviravoltas.

Com a série no catálogo global, o boca a boca foi instantâneo. Ainda em 2018, La Casa de Papel ganhou o Emmy Internacional de Melhor Série Dramática, tornando-se a produção em língua não inglesa mais assistida da Netflix naquele ano. O sucesso acelerou decisões estratégicas: em 2019 chegou a segunda temporada, já com orçamento reforçado; 2020 trouxe mais oito episódios e, em 2021, a parte final encerrou o roubo mais longo da televisão.

Números concretos reforçam o impacto. Em 2020, a Netflix divulgou que mais de 65 milhões de assinantes assistiram à Parte 4 nos primeiros 28 dias. É a prova de que o público abraçou a narrativa em tempo real, os saltos temporais e o clima constante de tensão. Quem imaginaria que nomes como Tóquio, Rio ou Nairobi se tornariam tão familiares fora da Espanha?

Para completar o pacote, a plataforma lançou o documentário Money Heist: The Phenomenon, explicando como a produção ultrapassou a barreira do idioma. O material oferece bastidores, entrevistas e, claro, celebra o fato de La Casa de Papel ter virado item indispensável em fantasias de carnaval, memes e playlists mundo afora.

Estratégia global da Netflix pós-La Casa de Papel

O desempenho da série serviu como manual de instruções para a empresa. Em vez de investir apenas em projetos caríssimos e falados em inglês, a Netflix passou a garimpar títulos que já exibiam potencial em seus países de origem. Dessa forma, minimiza-se o risco financeiro e amplia-se a diversidade do catálogo. La Casa de Papel mostrou que um drama espanhol podia atrair audiências nos Estados Unidos, no Brasil e na Coreia do Sul — por que não repetir a fórmula?

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Imagem: Yeider Chac

O resultado veio rápido: Round 6 (Coreia do Sul), Lupin (França) e O Nome da Vingança (Chile) confirmaram que a aposta em histórias locais com apelo universal funciona. Enquanto rivais como Disney+ e HBO Max priorizam produções hollywoodianas de alto orçamento, a Netflix segue combinando blockbusters como Stranger Things a conteúdos regionais que já chegam com a fanbase criada.

Além disso, a estratégia fortalece a presença da marca em mercados emergentes. Cada novo hit regional eleva a assinatura no país de origem e desperta curiosidade em outras regiões. Portanto, embora Stranger Things continue como vitrine, são as apostas como La Casa de Papel que servem de “arma secreta” para dominar de vez o mapa mundial do streaming.

Do ponto de vista de quem ama novelas e doramas, a lição é clara: vale a pena dar play em produções de qualquer idioma. Aqui no Salada de Cinema, fica o convite para revisitar ou conhecer o roubo mais ousado da televisão — e entender por que, oito anos depois, ainda falamos sobre ele.

Ficha técnica resumida

  • Título original: La Casa de Papel (Money Heist)
  • País de origem: Espanha
  • Exibição original: 2017 (Antena 3); 2017-2021 (Netflix)
  • Temporadas/partes: 5
  • Gêneros: Ação, crime, thriller
  • Showrunner: Álex Pina
  • Prêmios: Emmy Internacional de Melhor Série Dramática (2018)
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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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