The OA: a série sci-fi da Netflix que uniu metafísica e drama e ainda faz falta

Thais Bentlin
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Nove anos atrás, a Netflix arriscou alto e lançou The OA, produção que preferiu perguntas existenciais a explosões espaciais. Mesmo com apenas duas temporadas, a série cravou seu lugar na cultura pop como um dos projetos mais ousados da plataforma.

Com roteiro de Brit Marling e Zal Batmanglij, The OA costura ficção científica, filosofia gnóstica e questões de consciência em um thriller de mistério que surpreende até os maratonistas mais experientes. De lá para cá, a obra se tornou referência sempre que se fala em “sci-fi espiritual”.

Como The OA equilibra ciência dura e espiritualidade na Netflix

O ponto de partida de The OA é simples: Prairie Johnson, desaparecida por sete anos, volta para casa podendo enxergar mesmo após ter crescido cega. A partir daí, a trama mergulha em NDEs (experiências de quase morte), viagens interdimensionais e o eterno embate entre ceticismo e fé. O grande vilão, Dr. Hap (Jason Isaacs), representa a frieza científica; para ele, a alma humana não passa de dado estatístico, e o pós-vida seria apenas frequência captada nos anéis de Saturno.

Em vez de portais tecnológicos, a série propõe que o próprio corpo seja uma antena capaz de sintonizar outras realidades. Cinco movimentos coreografados, repetidos quase como oração, funcionam como senha para “saltar” entre universos. Essa solução visual — meio dança, meio experimento — virou marca registrada de The OA e conversa diretamente com a ideia de que conhecimento interior liberta da prisão material, no melhor estilo gnóstico.

O resultado é uma narrativa que agrada a fãs de roteiros cerebrais, mas também seduz quem procura emoção crua. Ao longo da primeira temporada, o espectador acompanha relatos de cativeiro que mais parecem docudrama. Já na Parte II, tudo desaba numa ousada quebra da quarta parede: Brit Marling passa a interpretar a si mesma, fundindo ficção e realidade e levantando a pergunta “e se contar histórias for, por si só, criar mundos?”.

Essa fusão de gêneros conquistou uma base fiel de admiradores, inclusive no Salada de Cinema, onde a produção costuma aparecer em listas de “séries injustiçadas”. Não à toa, The OA surge com frequência nos debates sobre os limites do streaming e o espaço para narrativas ambiciosas.

Fãs lamentam o cancelamento e sonham com um retorno

No verão de 2019, a Netflix decidiu cancelar The OA após duas temporadas. A justificativa oficial apontou “métricas de audiência”, mas muitos assinantes questionaram o método, argumentando que series de construção complexa costumam ganhar tração com o tempo. Desde então, campanhas em redes sociais, petições online e até flash mobs dos cinco movimentos tentam convencer o serviço a concluir a história.

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Imagem: Divulgação

Apesar de improvável, um resgate futuro não é descartado pelos próprios envolvidos. Em entrevistas, Brit Marling e Zal Batmanglij comentam que já planejavam cinco partes, cada uma explorando um nível diferente de realidade. Enquanto a continuidade não chega, o fandom mantém viva a mitologia em fóruns, podcasts e análises detalhadas de episódios — prova de que The OA transcendeu o formato tradicional de maratona rápida.

A força do boca-a-boca também ajuda a série a encontrar novo público. Quem procura thrillers metafísicos, mistérios sobre consciência ou simplesmente boas histórias com representação diversa (a produção inclui personagens trans, latinos e asiáticos) acaba esbarrando em The OA nas recomendações. É comum ver recém-convertidos comentando nas redes: “Como nunca ouvi falar disso antes?”.

Enquanto Apple TV+ aposta em épicos como Fundação e a Netflix lança títulos mais convencionais, The OA segue como exemplo de que há espaço para ficção científica que desafia o espectador. Talvez, em um universo paralelo, a série tenha recebido luz verde para suas cinco partes. Por aqui, resta a esperança — e a certeza de que poucas obras conseguiram unir metafísica, drama e viagens dimensionais com tanta elegância.

Confira abaixo uma ficha técnica resumida para quem deseja mergulhar nesse universo.

Ficha técnica

  • Título original: The OA
  • Criação: Brit Marling e Zal Batmanglij
  • Gêneros: Ficção científica, mistério, drama
  • Exibição: 2016 a 2019 (2 temporadas)
  • Classificação indicativa: 16 anos
  • Elenco principal: Brit Marling, Jason Isaacs, Riz Ahmed, Emory Cohen, Kingsley Ben-Adir, Phyllis Smith
  • Duração média dos episódios: 60 minutos
  • Disponível em: Netflix
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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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