Emily Cooper troca a Torre Eiffel pelo Coliseu e, logo nos primeiros minutos da quinta temporada, já exibe um cartão-título que apaga a palavra “Paris” para escrever “Rome”. A brincadeira marca o tom dos novos episódios, que estreiam em 17 de dezembro de 2025 na Netflix e mostram a heroína assumindo o comando da filial romana da Agence Grateau.
O cenário italiano não é o único banho de loja: Emily surge com um corte bob elegante, deixa de lado a eterna facilidade em resolver tudo e, finalmente, enfrenta tropeços profissionais e sentimentais. O resultado é a versão mais vulnerável – e, por isso mesmo, mais simpática – da personagem criada por Darren Star.
O que muda em Emily in Paris temporada 5
Instalada em Roma, a executiva de marketing de Chicago descobre que a vida fora da Cidade Luz não será um conto de fadas. Logo na estreia, uma reunião por Zoom com o perfumista Antoine desanda quando a americana tenta emplacar mais uma ideia fora da caixa. Diferente das temporadas anteriores, a cliente pendura a chamada sem cerimônia, definindo a maré de azar que atravessa os dez episódios.
A série também coloca a protagonista diante de um dilema de autonomia: Sylvie prometeu liberdade para gerenciar a filial italiana, mas segue cortando as asas da funcionária. Entre um evento de luxo e outro passeio para caçar trufas — feito, claro, de salto alto — Emily precisa aprender que não há resposta pronta para tudo. Essa lição, reforçada pela própria chefe, conduz a grande curva de crescimento da temporada.
Transformação da protagonista e impacto na trama
O novo corte de cabelo funciona como metáfora para um recomeço: a imagem polida contrasta com a bagunça interna de Emily. Pela primeira vez, a personagem explica a Mindy a ansiedade de “salvar o dia” a qualquer custo, revelando fragilidades que antes ficavam soterradas por ideias mirabolantes. A abertura emocional humaniza a executiva e diminui o ranço de quem assistia apenas para “odiar” seus deslizes.
No campo amoroso, a produção tenta equilibrar o jogo. O romance com Marcello Muratori, herdeiro do império do cashmere, se estende, mas a química patina. Enquanto isso, a ameaça de mais um triângulo amoroso com Gabriel é resolvida de modo menos repetitivo, preservando o crescimento do chef francês e poupando o público de déjà-vu. Outros pares vão surgindo: Luc se envolve em confusões divertidas, e um triângulo inesperado entre dois queridinhos dos fãs garante doses extras de fofoca.
Nem tudo são flores. Sylvie, que costuma criticar os envolvimentos de Emily, desliza em escolhas românticas questionáveis e chega a regredir em maturidade. Em compensação, a temporada investe na amizade feminina: duas figuras do passado da empresária retornam e rendem interações mais saborosas que suas peripécias na alcova. Do outro lado, a parceria entre Emily e Mindy ganha densidade e se firma como alicerce da narrativa, valorizando a ideia de que relacionamentos platônicos também movem a vida.
Imagem: Divulgação
Visualmente, Roma serve de passarela para a moda exagerada da protagonista, contrastando ruínas históricas com looks contemporâneos. A fotografia reforça a dualidade de uma americana que ainda se comporta como turista, mas agora precisa construir raízes longe da “maior vitrine do mundo”. Em termos de ritmo, a quinta temporada mantém o humor leve, porém acerta ao incluir tropeços reais na carreira da heroína, evitando a sensação de que tudo cai do céu.
Entre altos e baixos românticos, gafes de marketing e novas lições sobre limites, Emily em Paris temporada 5 — ou melhor, temporada “Roma” — entrega a fase mais equilibrada da série. No saldo final, a evolução de Emily Cooper supera os deslizes do casal sem química e dribla o cansaço dos triângulos amorosos, tornando os episódios uma experiência menos “hate-watch” e mais prazerosa para o público do Salada de Cinema.
Ficha técnica:
Série: Emily in Paris
Temporada: 5
Episódios: 10
Gêneros: Comédia, drama, romance
Classificação indicativa: TV-MA
Estreia: 17 de dezembro de 2025
Plataforma: Netflix
Nota do review: 8/10


