Planos de temporadas fechadas: como HBO e Prime Video estão salvando o gênero de fantasia

Thais Bentlin
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A cada temporada, fãs de fantasia se perguntam se sua série favorita chegará ao fim ou ficará pelo caminho. Nos últimos anos, diversos projetos promissores terminaram sem resposta, deixando a audiência frustrada. Esse receio, porém, começa a diminuir graças a uma nova estratégia.

HBO e Prime Video passaram a anunciar o número de temporadas logo no lançamento das produções. A prática, que vem ganhando força, promete dar fôlego ao gênero e evitar o fantasma do cancelamento inesperado. Entenda como essa decisão pode mudar o jogo.

HBO e Prime Video apostam em roteiros com fim anunciado

A HBO iniciou o movimento ao revelar que House of the Dragon, derivado de Game of Thrones, foi concebido para quatro temporadas. O plano foi divulgado antes mesmo da estreia, sinalizando ao público que a narrativa possui começo, meio e fim bem definidos.

Pouco depois, a Prime Video seguiu o mesmo caminho com The Lord of the Rings: The Rings of Power. A gigante do e-commerce confirmou que a trama inspirada na obra de J. R. R. Tolkien terá cinco temporadas, não mais nem menos. A informação tranquilizou quem temia ver outra adaptação épica ficar sem desfecho.

A adesão de outros players

Percebendo a boa repercussão, a Netflix anunciou que The Witcher deverá fechar sua saga em cinco temporadas. Embora o serviço já tenha acumulado cancelamentos dolorosos, como Cursed e Warrior Nun, a promessa de um roteiro fechado para Geralt de Rívia tenta reconquistar a confiança dos assinantes.

Por que a estratégia atrai o público de fantasia

O gênero de fantasia costuma exigir investimento emocional e tempo. Mundos complexos, elencos numerosos e tramas cheias de reviravoltas pedem paciência da audiência. Quando o espectador sabe que a experiência terá um ponto final garantido, o compromisso se torna menos arriscado.

Além disso, temporadas definidas criam expectativa controlada. O público se sente mais confiante para acompanhar cada capítulo, pois entende que não ficará preso a um arco infinito que corre o risco de ser abruptamente interrompido por baixa audiência.

Benefícios para roteiristas e produção

Para roteiristas, a decisão oferece clareza sobre a quantidade de episódios disponíveis para desenvolver arcos narrativos. Já as equipes de produção conseguem planejar cenários, efeitos visuais e contratos de elenco com antecedência, reduzindo custos inesperados.

Quando o cancelamento vira trauma

A Netflix viu seu catálogo de fantasia sofrer baixas em sequência. Títulos como Lockwood & Co., Shadow and Bone e Warrior Nun terminaram com ganchos jamais concluídos. Entre o público, formou-se o sentimento de que iniciar uma nova série pode ser perda de tempo.

Outras emissoras tradicionais também enfrentaram desgaste. Once Upon a Time e True Blood, por exemplo, prolongaram suas existências para além do interesse inicial. O resultado foi queda de audiência e críticas que mancharam o legado das produções.

Cliffhangers sem retorno

O principal problema ocorre quando uma temporada finaliza em grande suspense, esperando aprovação para novos episódios que nunca chegam. A frustração volta-se contra o serviço de streaming, gerando cancelamentos de assinatura e comentários negativos nas redes sociais.

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Imagem: Divulgação

O que mudou desde Game of Thrones

Game of Thrones se estendeu por oito temporadas, decisão pautada pelo impacto cultural e retorno financeiro. Ainda assim, a série enfrentou críticas quanto ao ritmo acelerado de conclusão. O aprendizado serviu de base para que a HBO definisse, já de início, o plano de quatro temporadas para House of the Dragon.

Para a Prime Video, a experiência de superproduções como The Boys mostrou que roteiros fechados geram engajamento consistente. Dessa forma, o serviço aposta em planejamento a longo prazo como arma para disputar atenção num mercado cada vez mais competitivo.

Métrica de sucesso sustentável

Com temporadas delimitadas, a mensuração de audiência torna-se mais realista. O serviço pode avaliar se a história mantém público até o fim sem precisar recorrer a esticadas artificiais apenas para prolongar assinaturas.

Tendência deve reduzir cancelamentos e cliffhangers

Se outras plataformas seguirem o exemplo de HBO e Prime Video, a longa lista de séries de fantasia canceladas pode diminuir. A prática também abre espaço para novas produções, pois orçamentos deixam de ficar presos a projetos que não têm fim definido.

Para nós, apaixonados por sagas, esse novo panorama oferece um voto de confiança. Saber, logo de cara, que uma história será concluída em quatro ou cinco temporadas nos anima a mergulhar em reinos distantes, dragões e elfos sem medo de ficar a ver navios.

Impacto no mercado de novelas e doramas

Embora a medida se destaque em séries ocidentais de fantasia, ela ressoa no público que acompanha novelas, doramas e demais produções seriadas. No Salada de Cinema, por exemplo, muitos leitores já comentam que preferem histórias com final definido, algo comum em doramas coreanos.

Se a tendência se consolidar, veremos mais plataformas anunciando enxutos arcos narrativos para diferentes gêneros, criando um ecossistema onde o espectador sabe exatamente o tempo que precisa investir em cada aventura.

Enquanto isso, ficamos de olho para descobrir quais serão as próximas séries a adotar a prática inaugurada por HBO e Prime Video e continuar salvando o gênero de fantasia de finais inconclusos.

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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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