Quando a vida parece correr no piloto automático, basta um pequeno abalo para que tudo precise ser refeito. É exatamente esse terremoto íntimo que conduz “Uma Bela Manhã”, filme recém-chegado ao catálogo do Prime Video e dirigido pela francesa Mia Hansen-Løve.
No centro da história, Léa Seydoux interpreta uma tradutora que, entre consultas médicas, aulas de esgrima da filha e reencontros afetivos, tenta manter a cabeça fora d’água. O resultado é um romance silencioso, mas capaz de atingir em cheio quem busca narrativas sobre recomeços.
Enredo de “Uma Bela Manhã” explora dores cotidianas
Sandra Kienzler, protagonista vivida por Léa Seydoux, atravessa um período que mistura luto antigo e desafios atuais. Viúva há alguns anos, ela cria sozinha a pequena Linn e conta apenas com a rotina para não desmoronar. O dia a dia muda de forma brusca quando o pai, Georg, apresenta agravamento da síndrome de Benson, doença degenerativa que compromete o sistema nervoso central e a visão.
Com o avanço da enfermidade, Sandra se vê obrigada a procurar casas de repouso, esvaziar o apartamento abarrotado de livros do pai e, ao mesmo tempo, manter o trabalho que paga as contas. A diretora Mia Hansen-Løve coloca a câmera muito perto desses gestos simples, fazendo o espectador se sentir dentro da cozinha, do hospital e até do pequeno carro onde a personagem leva a filha para a escola.
Reaparição de um antigo amor mexe com a protagonista
No meio do turbilhão, surge Clément, ex-namorado interpretado por Melvil Poupaud. Agora casado, ele reaparece decidido a retomar o relacionamento com Sandra, embora vacile sempre que o assunto envolve deixar a esposa. Essa ambiguidade constrói um jogo de atração e culpa que mantém o clima tenso até o último ato.
Léa Seydoux e Pascal Greggory entregam atuações contidas e intensas
A força de “Uma Bela Manhã” reside, sobretudo, no trabalho do elenco. Léa Seydoux constrói uma Sandra real, que tenta equilibrar fragilidade e pragmatismo na mesma frase. Em cena com o veterano Pascal Greggory, intérprete de Georg, a atriz alcança momentos de pura delicadeza, evitando qualquer traço de autopiedade.
Greggory, por sua vez, traduz com poucas palavras — e muito silêncio — a crescente confusão de um homem que perde a própria autonomia. A química entre os dois convence e ajuda o público a compreender por que as decisões de Sandra soam dolorosas, porém inevitáveis.
Imagem: Divulgação
Direção aposta na simplicidade para gerar identificação
Mia Hansen-Løve, conhecida por olhares sensíveis em títulos como “Adeus, Primeiro Amor” e “A Ilha de Bergman”, repete a estratégia: câmera discreta, diálogos econômicos e trilha sonora reduzida. Esse minimalismo faz cada respiração importar, ampliando a sensação de intimidade.
Disponível no Prime Video com avaliação 8/10
Lançado em 2022 e classificado como drama/romance, “Uma Bela Manhã” chega ao streaming com nota 8/10 em avaliações especializadas. A produção francesa dura pouco menos de duas horas e se encaixa bem na prateleira de títulos contemplativos do Prime Video.
Para o leitor do Salada de Cinema que procura histórias sobre vínculos familiares, segundas chances e a coragem de seguir em frente, o longa se apresenta como escolha certeira. Mais que um romance, é um retrato de pessoas comuns tentando sobreviver aos imprevistos que a vida insiste em entregar.
Ficha Técnica
Título original: Un Beau Matin (2022)
Título no Brasil: Uma Bela Manhã
Direção e roteiro: Mia Hansen-Løve
Elenco principal: Léa Seydoux (Sandra), Pascal Greggory (Georg), Melvil Poupaud (Clément)
Gênero: Drama/Romance
Duração: 112 minutos
Disponível em: Prime Video
Avaliação média: 8/10


