Stray Bullets pode ser o próximo estouro à la Euphoria se ganhar série na HBO

Thais Bentlin
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A televisão vem provando que dramas adolescentes podem ir muito além de triângulos amorosos. De Skins a Euphoria, o público mostra apetite por narrativas cruas, recheadas de sexo, drogas e violência estilizada.

Nesse cenário, a cultuada HQ Stray Bullets, de David Lapham, surge como forte candidata a ocupar o espaço deixado por Rue e companhia. Se a HBO puxar o gatilho e investir na adaptação, o resultado pode incendiar as redes do mesmo jeito que Euphoria fez em 2019.

Por que Stray Bullets poderia ser a próxima Euphoria

Publicado em 1995, Stray Bullets mistura crime noir, trauma infantil e escolhas trágicas em capítulos independentes, mas interligados. Na trama, a adolescente Virginia Applejack cruza o caminho do temido matador Spanish Scott, abrindo um leque de histórias não lineares que percorrem décadas. Cada volume expõe como um erro aparentemente pequeno pode desencadear violência devastadora — temática que, convenhamos, conversa diretamente com a geração acostumada aos dilemas extremos de Euphoria.

A frase-chave Stray Bullets poderia ser a próxima Euphoria ganha força porque ambos os títulos mergulham no caos juvenil com uma estética própria. Enquanto a série de Sam Levinson aposta em neon, câmera lenta e trilha pop, a HQ de Lapham recorre a traços em preto e branco para realçar o peso das sombras morais. Transferir esse contraste para um live-action permitiria à HBO Max alternar cores vibrantes e tons sombrios, criando um visual noir-pop capaz de prender quem hoje devora novelas e doramas com reviravoltas intensas.

Além disso, Stray Bullets poderia ser a próxima Euphoria por seu foco no íntimo dos personagens. A história não tem heróis ou vilões absolutos; existe apenas gente jovem tentando sobreviver a drogas, violência doméstica e famílias disfuncionais. É o mesmo campo minado emocional explorado por séries como Yellowjackets e 13 Reasons Why, mas com a diferença de adotar uma estrutura de antologia: cada episódio pode seguir um protagonista diferente, mantendo o espectador em constante estado de descoberta.

Formato não linear combina com streaming

O estilo fragmentado de Stray Bullets conversa com a lógica do binge-watching. Em vez de acompanhar uma linha do tempo tradicional, o público monta o quebra-cabeça conforme avança, comparando pistas e conectando eventos espalhados por décadas. Essa abordagem já se provou viciante em projetos como Dark e Pulp Fiction, dando fôlego extra para discussões online e teorias elaboradas.

Séries baseadas em HQs que fogem do clichê super-herói também têm histórico positivo. A History of Violence, Road to Perdition e Oldboy, todas derivadas de quadrinhos, foram elogiadas justamente por priorizar drama humano em vez de capas e explosões. Na televisão, The Walking Dead e Snowpiercer trocaram o maniqueísmo por tramas centradas em classe social e sobrevivência psicológica. Dentro desse espectro, Stray Bullets poderia ser a próxima Euphoria ao mostrar, sem filtros, as consequências reais de um puxar de gatilho ou de uma dose exagerada de drogas.

Stray Bullets pode ser o próximo estouro à la Euphoria se ganhar série na HBO - Imagem do artigo original

Imagem: Divulgação

Outro diferencial é a versatilidade de Lapham no roteiro e nos desenhos. Ele assina tanto texto quanto arte, garantindo unidade de visão — algo que facilita a tradução audiovisual. A HBO, conhecida por investir pesado em fotografia de alto padrão, teria em mãos um material que pede cenas estilizadas, trilha sonora pulsante e montagem frenética, ingredientes que ajudaram Euphoria a conquistar prêmios e memes.

Para quem acompanha Salada de Cinema, acostumado a maratonar k-dramas e novelas latinas, vale imaginar como Stray Bullets adaptaria temas universais como culpa, desejo e redenção. A ausência de um protagonista fixo lembra produções corais como Sense8, enquanto o clima de crime lembra Cidade dos Homens. Tudo isso expande o potencial de apelo em mercados que consomem melodrama intenso.

No Brasil, o interesse em histórias fortes de juventude se reflete no sucesso de Malhação ID, Sob Pressão e, mais recentemente, em Bom Dia, Verônica. A chegada de Stray Bullets em formato de série ampliaria o leque de produções que tratam a adolescência com respeito e dureza, sem moralismos simplistas. Se a HBO confirmar o projeto, o serviço de streaming pode ganhar um novo motor de assinaturas, impulsionado pelo boca a boca e pelo envolvimento social que acompanha esse tipo de embalagem estética.

FICHA TÉCNICA (possível adaptação)

Título original: Stray Bullets

Criador: David Lapham

Gênero: Crime noir / Drama adolescente

Primeira publicação: 1995

Formato: Série de quadrinhos em preto e branco

Possível serviço de streaming: HBO Max

Temas centrais: violência, trauma, juventude, escolhas morais

Comparação direta: Euphoria (2019)

Público-alvo: fãs de dramas intensos, novelas e doramas que buscam narrativas sem filtros

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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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