Shifting Gears: Tim Allen evolui na 2ª temporada, mas Riley de Kat Dennings perde força

Thais Bentlin
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Shifting Gears, aposta cômica da ABC, voltou ao ar exibindo sinais claros de revisão de rota. A série, que estreou em janeiro de 2025 com números recordes de audiência, sofreu críticas por um enredo considerado genérico e pela repetição do “ranzinza bonachão” que Tim Allen interpreta desde os anos 1990.

Agora, no segundo ano, o roteiro recalibra o protagonista Matt Parker, tornando-o menos isolado e mais suscetível a ironias. Em contrapartida, a coprotagonista Riley Parker, vivida por Kat Dennings, parece sem direção dramática. Esse desequilíbrio chama atenção do público do Salada de Cinema e de quem acompanha novelas, sitcoms ou doramas em busca de boas tramas de amadurecimento.

Tim Allen ganha novo fôlego em Shifting Gears temporada 2

Matt Parker continua sendo aquele pai e avô teimoso, mas a sala dos roteiristas passou a usá-lo como alvo — e não como autor — das piadas. Em vez de deixar que tiradas potencialmente ofensivas encerrem a piada, cada comentário antiquado é imediatamente contraposto pela família. Dessa forma, a narrativa mostra que o protagonista está fora de sintonia com 2025, sem validar seu ponto de vista.

O maior trunfo dessa mudança é a redução do isolamento do personagem. Matt interage mais com a filha, os netos e, principalmente, com a namorada Eve, que o desafia em diálogos afiados. Quase todo episódio entrega ao menos uma tirada em que Matt vira o alvo, como a frase “Se o governo tem uma lista de 12 homens bravos, seu nome tá lá!”. O resultado é um humor mais autoconsciente, mantendo a nostalgia que atrai o público fiel de Tim Allen e, ao mesmo tempo, abrindo portas para quem busca referências contemporâneas.

Estratégia do roteiro: menos validação, mais exposição

Ao transformar Matt no “tiozão” que precisa aprender com os demais, Shifting Gears temporada 2 evita repetir o erro do primeiro ano, quando uma piada sobre “dupla cota de diversidade” gerou desconforto. A abordagem atual posiciona o personagem como relicário de outra época, evidenciando suas falhas sem endossá-las.

Essa escolha narrativa eleva o ritmo da série: conversas em família expõem preconceitos, mas logo em seguida oferecem contrapontos. Tim Allen mantém seu estilo de atuação, porém o contexto o torna mais palatável a um público que exige representatividade e humor responsivo.

Kat Dennings vê Riley perder rumo e profundidade

Se por um lado Matt avança, Riley dá marcha à ré. A antiga mãe adolescente continua impulsiva, porém seu arco repete as mesmas crises. A passagem profissional pelo estúdio de dança de Eve trouxe independência, mas não consolidou nenhuma evolução tangível.

O momento em que Riley descobriu amor pelo café gerou expectativa de crescimento. O improviso de um método para acelerar o coado e o presente de Matt — a velha van da mãe, convertida em food truck — criaram uma metáfora perfeita para o tema central da série: restaurar carros e, por tabela, vidas. No entanto, após essa fagulha de inspiração, o enredo murchou. Episódios posteriores mostram Riley contratando e demitindo o próprio filho, sentindo-se sobrecarregada e até com ciúmes de Eve dentro do negócio, especialmente no capítulo sete da temporada.

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Imagem: ABC via MovieStillsDB.

Ausência de arco claro compromete empatia

Sem bússola narrativa, Riley oscila entre decisões erráticas e romances inexatos, como o indefinido “fica ou não fica” com Gabe. A falta de direcionamento faz o público questionar se deve torcer por ela ou apenas assistir aos tropeços. A personagem precisa de metas concretas e desenvolvimento gradual para sustentar o posto de coprotagonista.

Comparativo de recepção: público X crítica

A estreia de Shifting Gears registrou a melhor audiência para uma sitcom da ABC em anos. Ainda assim, as resenhas deram nota média de 47% no Rotten Tomatoes, citando premissa derivativa. A 2ª temporada tenta reverter esse cenário equilibrando nostalgia e atualização de valores, prática fundamental para a permanência no ar.

Embora as esquetes focadas em Matt indiquem progresso, a incongruência do arco de Riley ameaça o equilíbrio geral. Críticos apontam que, enquanto o pai evolui, a filha gira em círculo, diminuindo o impacto emocional da série.

O que esperar dos próximos episódios

A equipe criativa sinaliza que continuará expandindo a convivência familiar para manter Matt sob escrutínio cômico. Já Riley depende de novas experiências que clarifiquem vocação e objetivos. Caso contrário, a dinâmica de crescimento desigual se tornará um problema de longo prazo.

Por ora, Shifting Gears temporada 2 prova que pequenos ajustes de tom podem revitalizar uma figura conhecida do humor televisivo. Resta saber se a mesma sutileza será aplicada à trajetória de Riley, condição essencial para que a sitcom alcance harmonia completa entre suas duas gerações de protagonistas.

Ficha técnica

Título original: Shifting Gears
Gênero: Comédia
Emissora: ABC
Estreia da 2ª temporada: 8 de janeiro de 2025
Criadores: Julie Thacker e Mike Scully
Diretores: John Pasquin, Victor González
Elenco principal: Tim Allen (Matt Parker), Kat Dennings (Riley Parker)
Classificação indicativa: TV-PG
Avaliação crítica inicial: 47% no Rotten Tomatoes

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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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