Um dos dramas mais discretos do catálogo da Amazon chegou sem alarde, mas merece atenção de quem gosta de histórias de amor inusitadas. Em A Incrível História de Adaline, Blake Lively vive uma mulher que simplesmente parou de envelhecer após um acidente no início do século XX.
Ao lado de Michiel Huisman e de um experiente Harrison Ford, a atriz conduz uma narrativa que mistura romance, fantasia e reflexão sobre o tempo. O longa, lançado em 2015 e dirigido por Lee Toland Krieger, voltou ao radar graças ao streaming e, segundo o Salada de Cinema, pode surpreender quem busca algo além das tradicionais tramas de novelas e doramas.
Enredo: juventude eterna vira problema
Nascida em 1908, Adaline Bowman sofre um raro acidente de carro em 1937. Após ser atingida por um raio, seu corpo entra em estado de “pausa biológica”: ela não volta a envelhecer. O fato, tratado quase como mito, força Adaline a mudar de identidade a cada década para fugir da curiosidade de cientistas e, principalmente, do olhar desconfiado das pessoas ao redor.
Com o mundo mudando à sua volta, ela segue como espectadora de um século inteiro. Amigos partem, cidades se transformam e os avanços tecnológicos deixam claro que ela, embora jovem, pertence a outro tempo. A juventude eterna, longe de ser vantagem, transforma-se em isolamento involuntário.
Décadas saltam, mas o rosto permanece o mesmo
Lee Toland Krieger escolhe filmar a trama com fotografia que alterna tons amarelados e frios. A luz muda sutilmente de período em período, reforçando a caminhada silenciosa da protagonista pelos anos. O figurino também acompanha: há toques anacrônicos que situam Adaline nas épocas sem torná-la caricata.
Personagens movem o conflito central
Blake Lively aposta em interpretação contida. O olhar, sempre hesitante, revela o peso de um século carregado em segredo. A vida dela muda quando aparece Ellis Jones, papel de Michiel Huisman, um filantropo disposto a mergulhar num relacionamento à moda antiga. Pela primeira vez em décadas, Adaline pensa em ficar.
O roteiro introduz então William Jones, interpretado por Harrison Ford. Ele conhece Adaline em circunstâncias que tocam um passado jamais resolvido. O confronto entre o rosto intacto dela e o dele, marcado pelo tempo, cria um choque visual que dispensa qualquer explicação científica.
Amar exige aceitar o envelhecimento
A relação com Ellis coloca Adaline diante de uma escolha delicada: continuar em fuga ou enfrentar a própria condição. Amar alguém que envelhece implica admitir que o tempo, para ela, parou de correr. Esse dilema move boa parte do suspense romântico do longa.
Direção equilibra fantasia e realismo
Krieger evita efeitos grandiosos e aposta em narrativa clássica, quase nostálgica. A trilha sonora suave e a montagem fluida ajudam a conectar décadas sem transições bruscas. Além disso, a voz em off funciona como fio condutor, apresentando a história como se fosse um conto passado de geração em geração.
Ao invés de se apoiar em explicações científicas complexas, o filme se concentra no impacto emocional da imortalidade. O resultado é um romance de tom fantástico que conversa com temas universais: identidade, memória e finitude.
Detalhes técnicos reforçam a suspensão temporal
A fotografia de David Lanzenberg destaca contrastes entre interiores aconchegantes e exteriores urbanos, sublinhando o isolamento da protagonista. Já o trabalho de figurino combina peças clássicas e modernas, deixando claro que Adaline está sempre fora de sincronia com a moda vigente.
Ponto alto: choque entre eternidade e arrependimento
O encontro entre Adaline e William é considerado o momento mais dramático. Ford, com rugas e voz embargada, incorpora o peso das lembranças, enquanto Lively permanece jovem, presa ao rosto que não muda. O diálogo silencioso entre ambos expõe a diferença brutal entre quem viveu um século por completo e quem ficou preso nele.
A partir daí, o longa leva a protagonista a questionar se a verdadeira liberdade viria ao retomar o curso natural da vida. Ainda que o roteiro flerte com conveniências, ele se mantém coeso ao apoiar cada virada em motivações emocionais claras.
Imagem: Divulgação
Por que assistir no Prime Video
Para quem procura dramas românticos fora do padrão, A Incrível História de Adaline oferece uma premissa simples, porém potente. Além do elenco estrelado, o filme entrega reflexão sobre o privilégio de envelhecer, assunto pouco explorado em romances convencionais.
Com pouco mais de 110 minutos, a produção equilibra sentimento e fantasia sem cair em excesso de açúcar. Está disponível no Prime Video, pronta para ser descoberta ou revista por quem se interessa por histórias de amor que atravessam gerações.
Ficha técnica
Título original: The Age of Adaline
Título no Brasil: A Incrível História de Adaline
Direção: Lee Toland Krieger
Elenco principal: Blake Lively, Michiel Huisman, Harrison Ford
Gênero: Drama, Fantasia, Romance
Ano de lançamento: 2015
Duração: 112 min
Onde assistir: Prime Video


