Pare e pense: se você pudesse escolher apenas cinco números na Quina, quais marcaria?
Pesquisadores mergulharam em 6.899 concursos para descobrir quais dezenas mais brilharam.
Os dados são oficiais, abrangem todo o histórico da loteria desde 1994 e trazem algumas surpresas.
Antes de sair correndo para a lotérica, lembre-se de que cada sorteio começa do zero.
Mesmo assim, saber o comportamento das dezenas ajuda a matar a curiosidade — e rende assunto nas rodas de amigos, nos grupos de mensagens e até no Salada de Cinema, que adora uma boa história.
A seguir, mostramos o que o estudo encontrou, como ele foi feito e por que, no fim das contas, a matemática continua implacável.
Como o estudo foi conduzido
O levantamento analisou todos os concursos da Quina, do primeiro em março de 1994 ao registro mais recente, contabilizando 6.899 sorteios.
Em cada disputa, cinco dezenas foram extraídas, totalizando 34.495 números observados ao longo de quase três décadas.
Como existem 80 possibilidades no volante, a média teórica sugere que cada número apareceria cerca de 431 vezes em um intervalo tão extenso.
Acontece, porém, que o acaso produz variações: algumas dezenas ultrapassam a média, outras ficam para trás.
Esses desvios são esperados em qualquer processo aleatório, mas alimentam o imaginário popular sobre “números quentes” e “números frios”.
As cinco dezenas mais sorteadas
Organizando os resultados por frequência, surgem 15 números no topo, com destaque absoluto para cinco deles.
Veja a relação completa:
- 04 – mais de 490 aparições
- 52
- 26
- 49
- 31
Esse quinteto forma, segundo o estudo, os chamados números ideais da Quina na perspectiva histórica.
Juntos, eles reúnem pares e ímpares, distribuem-se por diferentes faixas do volante e evitam sequências óbvias, como 01-02-03-04-05, que costumam dividir prêmios entre muitos ganhadores.
Por que esses números lideram?
A explicação é puramente estatística: sorte num processo aleatório pode gerar acumulações.
Não existe propriedade mágica nas bolinhas 04, 52, 26, 49 e 31; elas apenas ganharam destaque ao longo do tempo, como poderia ter acontecido com qualquer outra combinação.
Probabilidades continuam as mesmas
Na aposta mínima — cinco dezenas marcadas — a chance de cravar a quina é de 1 em 24.040.016.
Para a quadra, o índice cai para 1 em cerca de 64 mil; para o terno, 1 em 866; e para o duque, 1 em 36.
Em outras palavras, jogar com os números ideais da Quina não altera essas probabilidades.
O sistema não “lembra” que um número saiu ontem ou ficou meses fora do globo: cada sorteio recomeça com 80 bolinhas e 6,25% de chance individual para cada uma.
Imagem: Divulgação
Números atrasados: o outro lado do folclore
Além dos campeões de frequência, muitos apostadores observam as dezenas que não aparecem há muito tempo.
É comum encontrar, em grupos de discussão, listas de “números congelados” que já ficaram mais de 100 concursos sem dar as caras.
A ideia de que uma dezena está “na vez” depois de longa ausência é intuitiva, mas não se sustenta matematicamente.
Assim como ocorre com as mais sorteadas, a probabilidade de um número atrasado sair no próximo concurso é idêntica à de qualquer outro.
Combinações mistas
Muita gente resolve misturar números frequentes e atrasados em uma mesma aposta.
Se funcionar, vira história de botequim; se der errado, alimenta o folclore das jogadas que quase saíram.
O que o histórico ensina
O retrato final combina dois planos.
Na superfície, a Quina é um jogo diário, de regras simples, prêmios expressivos e odds duras.
Na profundidade, os 6.899 concursos revelam nuances: bolinhas que dispararam na liderança, outras que passaram longos hiatos fora dos sorteios e blocos de dezenas que parecem se alternar como personagens de uma novela — ou de um dorama — na cabeça dos apostadores.
Analisar os dados pode tornar a jogada mais consciente e até divertida, mas não converte a loteria em investimento nem diminui o risco inerente ao jogo.
Resumo em tópicos
- Foram avaliados 6.899 concursos entre 1994 e hoje.
- 04, 52, 26, 49 e 31 são as cinco dezenas com maior frequência.
- A chance de ganhar a quina permanece 1 em 24,04 milhões, qualquer que seja a combinação.
- Números atrasados não aumentam suas chances por estarem há muito tempo sem sair.
- O histórico serve mais como curiosidade estatística do que como estratégia vencedora.
Seja marcando as dezenas do seu aniversário, os números ideais da Quina ou qualquer palpite de última hora, o importante é lembrar que o sorteio de amanhã recomeça a história do zero — e o globo não guarda memória.
Ficha técnica
Período analisado: 1994-2023
Total de concursos: 6.899
Total de dezenas observadas: 34.495
Fonte dos dados: registros oficiais da Quina (Caixa Econômica Federal)
Probabilidade da Quina (aposta mínima): 1 em 24.040.016
Última atualização: data do concurso mais recente disponível


