Vito Corleone volta a ocupar espaço no streaming a partir de hoje: O Poderoso Chefão, obra-prima de Francis Ford Coppola lançada em 1972, acaba de retornar ao catálogo da Netflix. O longa vencedor de três Oscars segue reverenciado como um dos marcos definitivos do cinema mundial.
A chegada do título reacende debates sobre a força dramática que atravessa gerações, o trabalho singular de Marlon Brando e a transformação de Al Pacino em Michael Corleone. Para o leitor do Salada de Cinema, é a chance perfeita de revisitar — ou descobrir — cada detalhe dessa saga familiar que influenciou desde séries até produções recentes de K-dramas centradas em disputas de poder.
Enredo que redefiniu a narrativa de máfia
No primeiro ato, o espectador entra em um casamento festivo no pós-guerra, em Nova York. Enquanto música e vinho correm soltos do lado de fora, Vito Corleone escuta súplicas em seu escritório escurecido. A cena estabelece o contraste entre celebração pública e acordos privados, fio condutor que sustenta todo O Poderoso Chefão.
O conflito surge quando Virgil Sollozzo, investidor no tráfico de heroína, procura o chefe dos Corleone em busca de capital e proteção policial. Vito recusa o negócio, temendo perder aliados políticos e manchar o nome da família. A negativa desencadeia uma emboscada: o patriarca é baleado nas ruas, seu conselheiro Tom Hagen sequestrado, e Sonny assume o comando em meio ao caos.
Michael, de herói de guerra a líder implacável
Michael Corleone chega à festa familiar como veterano condecorado da Segunda Guerra. Ele tenta manter distância dos negócios ilegais, mas a agressão ao pai muda o curso de sua vida. Depois de proteger Vito no hospital, Michael aceita assassinar Sollozzo e o capitão McCluskey em um restaurante. O ato selará sua transição do mundo civil para o crime organizado.
Exilado na Sicília após o duplo homicídio, Michael se apaixona por Apollonia, com quem se casa. A esperança de um novo começo explode, literalmente, quando o carro destinado a ele é detonado, vitimando a jovem. O luto reforça o elo entre a vingança e a sucessão dos Corleone.
Sequências emblemáticas gravadas na memória coletiva
Entre vários momentos icônicos, destaca-se a montagem do batismo, na qual Michael se torna padrinho de um bebê enquanto ordena execuções em série. A alternância entre o rito religioso e a violência sincronizada escancara a frieza estratégica do novo Don.
A cena no pedágio, onde Sonny é metralhado ao socorrer a irmã, resume o preço da impulsividade. Cada enquadramento de Gordon Willis mergulha o público em corredores escuros, salas cheias de fumaça e jardins ensolarados que escondem ameaças silenciosas.
Elenco, fotografia e trilha sonora em perfeita harmonia
Marlon Brando cria um Vito Corleone com voz baixa e gestos contidos, contrastando com a evolução de Al Pacino, que vai de olhar curioso a semblante inabalável. James Caan injeta explosão e impaciência em Sonny, lembrando o custo das decisões precipitadas.
Imagem: Divulgação
A fotografia escura de Willis, apelidado de “Príncipe das Sombras”, reforça a sensação de clausura, enquanto a trilha de Nino Rota anuncia tragédia iminente. O conjunto faz de O Poderoso Chefão uma aula de mise-en-scène ainda estudada em escolas de cinema.
Legado que ultrapassa o gênero
Décadas após a estreia, o longa permanece referência central não apenas em produções de máfia, mas também em dramas familiares e narrativas sobre poder. A ascensão de Michael ao topo arrasta perdas irreparáveis: parentes, amores e a confiança de Kay, condensada na porta que se fecha sobre seu rosto no final.
O sucesso de público e crítica resultou em duas continuações igualmente premiadas, consolidando a trilogia como um dos pilares da sétima arte. Com o retorno à Netflix, novos espectadores podem experimentar, e veteranos revisitar, o impacto dessa obra que continua moldando a cultura pop.
Por que assistir agora na Netflix
A plataforma disponibiliza o filme em alta definição, com opção de áudio original e legendas em português. Para quem acompanha novelas e doramas que exploram disputas de clãs, a obra de Coppola oferece um olhar seminal sobre alianças frágeis, honra familiar e o custo do poder.
Além disso, o streaming facilita maratonar a trilogia completa, permitindo observar a evolução de Michael Corleone em sequência. Se você ainda não viu, prepare a poltrona; se já viu, vale rever cada diálogo afiado e cada porta que se fecha, sinalizando o silêncio pesado dos segredos familiares.
Ficha técnica
Título original: The Godfather
Título no Brasil: O Poderoso Chefão
Direção: Francis Ford Coppola
Ano de lançamento: 1972
Elenco principal: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Diane Keaton, Robert Duvall
Gênero: Crime, Drama, Tragédia
Duração: 2h55
Prêmios: 3 Oscars (Melhor Filme, Ator, Roteiro Adaptado)


