Jack Nicholson raramente erra a mão, e “Melhor É Impossível” prova isso outra vez. De volta ao catálogo da HBO Max, o longa de 1997 reúne drama, romance e comédia em doses iguais para mostrar que amar alguém cheio de falhas pode ser, sim, possível.
Dirigido por James L. Brooks, o filme rendeu Oscars a Nicholson e Helen Hunt e continua relevante, mesmo que determinadas piadas tenham envelhecido mal. Ainda assim, a narrativa cativa ao expor imperfeições humanas sem filtros nem julgamentos fáceis.
Do que trata “Melhor É Impossível na HBO Max”
Ambientada em Nova York, a história acompanha Melvin Udall, escritor recluso que convive com transtorno obsessivo-compulsivo. A rotina dele inclui pilhas de sabonetes descartadas após um único uso e talheres próprios levados ao restaurante onde almoça religiosamente.
O protagonista vê seu mundo virar de cabeça para baixo quando precisa cuidar de Verdell, o cachorro de Simon Bishop, vizinho artista plástico que sofre um violento assalto. A partir daí, Melvin é forçado a interagir não apenas com Simon, mas também com Carol Connelly, a única garçonete capaz de aguentar seu mau humor.
Jack Nicholson no auge: por que a atuação impressiona
Nicholson injeta em Melvin um toque inquietante já visto em Jack Torrance, de “O Iluminado”. O sorriso enigmático, ora charmoso, ora ameaçador, cria empatia e repulsa ao mesmo tempo. Esse equilíbrio fez o ator levar o Oscar de Melhor Ator em 1998.
Além da habilidade de transitar entre humor ácido e vulnerabilidade, Nicholson domina a tela nos momentos silenciosos: basta um olhar para indicar que a muralha de arrogância do personagem está prestes a ruir.
Comparações inevitáveis
Alguns críticos enxergam uma “gota” de psicopatia no personagem, lembrando o zelador diabólico do Overlook Hotel. A semelhança, porém, não ofusca a originalidade de Melvin, cuja transformação lenta é sustentada por pequenos gestos que mostram a humanidade escondida por trás das manias.
Helen Hunt: a força por trás da mudança de Melvin
No papel de Carol, Helen Hunt encarna uma mãe solo exausta, mas resiliente. Seu filho Spencer sofre de doença respiratória grave, o que a obriga a verdadeiros malabarismos para pagar consultas médicas. Mesmo abominando o comportamento de Melvin, ela mantém o profissionalismo a cada visita dele ao restaurante.
Hunt recebeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante – segundo a Academia, reconhecimento que simboliza a química perfeita com Nicholson. A atriz equilibra tristeza, indignação e esperança, conduzindo a narrativa para territórios mais emotivos.
Restaurante vira palco de tensão e afeto
O estabelecimento onde Carol trabalha concentra boa parte dos conflitos. Lá, Melvin exige sempre a mesma mesa, leva talheres descartáveis e distribui comentários preconceituosos. É também o local onde suas barreiras começam a cair, graças à paciência – e aos limites – impostos por Carol.
Piadas que envelheceram mal, mas a essência permanece
Vale destacar: “Melhor É Impossível na HBO Max” contém tiradas homofóbicas, sexistas e capacitistas que, hoje, soam ultrapassadas. No entanto, o roteiro de Brooks e Mark Andrus faz questão de cobrar um preço: cada ofensa lança Melvin mais fundo em sua própria solidão.
Imagem: Divulgação
Quando os personagens passam a lidar com as consequências desses ataques, surge a oportunidade de redenção. O filme não tenta justificar o intolerável; mostra, sim, que o caminho para uma convivência mínima exige reconhecer e corrigir erros.
Detalhes de produção e recepção do público
Com orçamento estimado em 50 milhões de dólares, “Melhor É Impossível” foi sucesso de bilheteria e crítica. A combinação de humor sarcástico, trilha delicada e cenas de puro drama convenceu plateias ao redor do mundo. Décadas depois, o longa mantém nota 9/10 em avaliações especializadas.
James L. Brooks, também responsável por “Laços de Ternura”, conduz a trama sem pressa, entregando personagens complexos e diálogos marcantes. A HBO Max reforça o apelo atemporal do título ao oferecê-lo em seu catálogo, alcançando uma nova geração de cinéfilos.
Números e prêmios
- Ano de lançamento: 1997
- Direção: James L. Brooks
- Gênero: Comédia, Drama, Romance
- Prêmios: Oscar de Melhor Ator (Jack Nicholson) e Melhor Atriz Coadjuvante (Helen Hunt)
- Avaliação média: 9/10 em plataformas especializadas
Por que assistir agora
Para quem busca um equilíbrio entre risadas, desconforto e ternura, “Melhor É Impossível na HBO Max” oferece exatamente isso. A presença magnética de Nicholson, a sensibilidade de Hunt e a direção competente de Brooks tornam o filme uma experiência rara, capaz de tocar até espectadores mais céticos.
Além disso, rever o longa permite discutir como certos comportamentos foram normalizados nos anos 90 e como o debate avançou. É um convite para refletir sobre tolerância, empatia e o impacto que pequenos gestos positivos têm na vida alheia.
O olhar do Salada de Cinema
Para o Salada de Cinema, a volta do título ao streaming reforça a importância de revisitar clássicos. Não se trata apenas de nostalgia, mas de compreender como o cinema reflete e influencia padrões sociais. Entre lapsos de tempo e novos públicos, certas histórias seguem fundamentais para a conversa cultural.
Serviço
“Melhor É Impossível” está disponível na HBO Max. Quem ainda não conferiu pode aproveitar para assistir em qualidade HD, com legendas em português e opção de áudio original. Duração: 2h18min.
A obra permanece um estudo sobre imperfeição, mostrando que, às vezes, o impossível é só questão de perspectiva — especialmente quando um escritor misantropo se vê obrigado a abrir a porta do coração.


