James Cameron promete defender salas de cinema diante da possível fusão entre Netflix e Warner Bros.

Thais Bentlin
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James Cameron voltou a levantar a voz em defesa do cinema tradicional. O diretor canadense, dono de duas bilheterias históricas, vê com preocupação a negociação que pode unir Netflix e Warner Bros. Discovery em um mesmo conglomerado.

Para o cineasta, a possível fusão representa mais um passo na direção de um mercado com menos estúdios e, principalmente, de um futuro no qual as estreias em tela grande perderiam terreno para o streaming. Ele afirma que não pretende assistir a isso de braços cruzados.

Diretor critica intenção de “substituir” o cinema

Em entrevista ao Deadline, Cameron reconheceu que a Netflix já fez concessões pontuais para lançamentos limitados em salas, como aconteceu com Knives Out e o projeto de Guillermo del Toro sobre Frankenstein. Mesmo assim, ele enxerga uma estratégia clara de afastamento definitivo das telonas.

“Todo mundo sabe que o objetivo deles é substituir o espaço teatral”, declarou. Ele compara a experiência coletiva do cinema a algo “sagrado” e reforça que o conforto do streaming, por si só, não entrega o mesmo valor emocional. Segundo o diretor, a fusão Netflix e Warner Bros. poderia acelerar uma mudança que ameaçaria a sobrevivência das salas.

Preocupações sobre a janela de exibição

Outro ponto que acendeu o alerta no mercado foi a postura recente de Ted Sarandos. O copresidente da Netflix recuou de declarações anteriores e disse apoiar algum tipo de janela teatral, sobretudo para produções da Warner Bros. Nos bastidores, porém, fontes comentam que o executivo trabalharia com um período exclusivo de apenas 17 dias, bem distante dos 45 dias defendidos pelos exibidores.

Para boa parte dos profissionais, a redução da janela diminuiria a relevância do cinema como principal plataforma de lançamento. Cameron vê essa possibilidade como “ameaça direta” ao modelo no qual construiu sua carreira e adianta que continuará pressionando por períodos maiores.

Menos grandes estúdios, mais dependência do streaming

Quando entrou em Hollywood nos anos 1980, o diretor se deparou com cerca de uma dezena de majors. Caso a fusão Netflix – Warner Bros. avance, esse número cairá pela metade, calcula ele. “Se eles vencerem, se tornam um dos principais players, e ficaremos com metade das majors que existiam quando comecei”, comentou.

A concentração preocupa porque reduz a competição por espaços em cinema e dá ainda mais poder ao streaming, que cresce entre novelas, doramas e blockbusters. Cameron reconhece que o mercado “pode se ajustar” se a Netflix assumir responsabilidade real pela sobrevivência das salas, mas mantém pé firme: “Não dá para atropelar o cinema”.

Compromisso com produções pensadas para telonas

James Cameron reforçou que a maior parte de seu trabalho, do fenômeno Titanic à franquia Avatar, nasceu para ser vista em tela gigante com som imersivo. “Faço filmes primordialmente para esse ambiente”, frisou.

Ele admite que talvez seja visto como “dinossauro”, mas argumenta que o êxito de bilheterias recentes comprova a força da experiência coletiva. Para o diretor, o avanço do streaming não precisa eliminar o cinema; ambos podem coexistir se houver vontade de preservar a etapa teatral.

Negociação segue em análise

Até o momento, a fusão Netflix e Warner Bros. Discovery segue em discussão, sem data oficial para conclusão. Enquanto acionistas debatem cifras e sinergias, vozes influentes como a de Cameron tentam garantir que o futuro do cinema não seja sacrificado em nome da conveniência.

No Salada de Cinema, continuaremos acompanhando cada movimento desse tabuleiro, atentos ao impacto que a decisão poderá ter tanto em superproduções quanto nas novelas e doramas que conquistam milhares de fãs.

Fixa técnica

Entrevistado: James Cameron
Assunto: Possível fusão Netflix e Warner Bros. Discovery
Data da declaração: semana de 15 de abril de 2024
Status do acordo: em negociação
Pontos-chave: defesa da janela teatral, preocupação com concentração de mercado, impacto no futuro das salas de cinema

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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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