George Clooney e Adam Sandler dividem cena em “Jay Kelly”, destaque em Veneza que chega à Netflix em 2025

Thais Bentlin
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Ovacionado de pé no Festival de Veneza e já ventilado para a corrida do Oscar 2026, “Jay Kelly” finalmente tem destino certo: a Netflix. Dirigido por Noah Baumbach, o longa reúne George Clooney e Adam Sandler em uma comédia dramática sobre fama, crise de identidade e as mentiras que sustentam carreiras brilhantes.

A plataforma confirmou que o lançamento mundial ocorrerá no primeiro semestre de 2025, posicionando “Jay Kelly” como uma das grandes apostas de streaming do próximo ano. Enquanto isso, bastidores da indústria apontam que o filme pode repetir a trajetória de sucessos recentes e emplacar indicações importantes em Hollywood.

Enredo mergulha na vida conturbada de um astro do cinema

Em “Jay Kelly”, Clooney interpreta um ator veterano que, apesar de premiado, sofre ao perceber que criou um personagem também fora das telas. O roteiro, escrito por Baumbach em parceria com Emily Mortimer, explora a rotina de Jay em meio a gravações high-tech, fãs obcecados e uma família que deseja distância dos holofotes.

Logo na cena inicial, o protagonista grava a própria morte em um cenário virtual, mas decide refazer a tomada em busca da “versão perfeita”. Esse detalhe introduz a obsessão do personagem pela imagem impecável. Adam Sandler surge como Ron, o agente que equilibra o ego do cliente com a pressão dos estúdios. O contraste entre o humor de Sandler e a angústia de Clooney cria a espinha dorsal da narrativa.

Da gravação ao velório: gatilhos de uma queda pessoal

Após mais um dia exaustivo, Jay reclama de um cheesecake deixado no camarim — um pedido que ele jura nunca ter feito. O incidente aparentemente banal vira metáfora para as pequenas mentiras repetidas ao longo de sua vida. A crise se aprofunda quando a filha Daisy anuncia que pretende passar o verão longe do pai, justamente na Itália onde ele será homenageado em um festival regional.

A notícia da morte de Peter Schneider, diretor responsável pelo primeiro grande papel de Jay, empurra o astro para um labirinto de memórias. No velório, reencontra Timothy (Billy Crudup), colega que perdeu o papel decisivo para ele décadas atrás. A conversa regada a álcool degenera em agressões físicas e expõe culpas enterradas. O episódio vira manchete e ameaça o futuro do ator, inclusive financeiramente: a defesa estima que o processo pode custar até 100 milhões de dólares.

George Clooney imprime traços autobiográficos ao papel

Sem recorrer a grandes discursos, Baumbach provoca o espectador a questionar se Jay Kelly gosta de atuar ou apenas de ser famoso. Clooney, acostumado ao assédio real, empresta vivências ao personagem, dando camadas à performance. O elenco ainda conta com participações de Maya Hawke, Riley Keough e Laura Dern em papéis que orbitam o universo de Jay e reforçam a fragilidade emocional do protagonista.

Para Sandler, “Jay Kelly” representa novo passo em direção ao cinema autoral, percurso que começou com “Uncut Gems”. A química entre os dois protagonistas recebeu elogios unânimes em Veneza, onde jornalistas destacaram a “sintonia improvável” da dupla. A Variety citou a atuação de Clooney como “uma das mais vulneráveis de sua carreira”.

Estreia na Netflix impulsiona expectativa pelo Oscar

Com orçamento estimado em 70 milhões de dólares, “Jay Kelly” foi rodado em Los Angeles, Nova York e locações na Toscana. O filme competiu pelo Leão de Ouro e saiu do festival com um prêmio especial do júri, além de 10 minutos de aplauso contínuo.

A Netflix planeja campanha robusta para a temporada de prêmios de 2025/2026, mirando categorias como Melhor Filme, Direção, Roteiro Original e Ator. Analistas de mercado acreditam que o serviço de streaming aposta no prestígio de Baumbach, já indicado ao Oscar por “História de um Casamento”, para conquistar a Academia.

Por que “Jay Kelly na Netflix” interessa ao público de novelas e doramas?

A temática de fama tóxica e relações familiares conturbadas, comum em tramas de novelas e doramas, aparece aqui em versão hollywoodiana. Quem acompanha romances coreanos sobre ídolos do K-pop ou melodramas mexicanos sobre celebridades reconhecerá dilemas parecidos, agora filtrados pela lente crítica de Baumbach.

Salada de Cinema analisou reações em redes sociais e encontrou comparações com séries como “Spawn of the CEO” e “Penthouse”, onde personagens duelam entre a vida pública glamourosa e a miséria privada. A identificação promete atrair um público que vai além dos cinéfilos tradicionais.

Frase-chave em foco

Repetir que “Jay Kelly na Netflix” já nasce com selo de qualidade ajuda na estratégia de busca, mas também reflete a curiosidade de quem quer entender por que Clooney e Sandler toparam dividir cena em um projeto tão íntimo. Afinal, “Jay Kelly na Netflix” simboliza a união de duas potências da cultura pop em um relato sobre as máscaras do entretenimento.

Calendário: do streaming às premiações

A plataforma libera o longa globalmente no dia 14 de março de 2025. Já a campanha para o Oscar começa em setembro, com exibições especiais em Nova York, Londres e São Paulo. Pré-estreias fechadas para a imprensa brasileira devem ocorrer na primeira semana de março.

Enquanto isso, a Netflix abre inscrições para sessões test screening que ajudarão a calibrar a montagem final — Baumbach é conhecido por cortar e adicionar cenas até poucos meses antes do lançamento oficial. A previsão é que o corte de festival receba pequenos ajustes de ritmo e trilha sonora.

Técnica apurada e fotografia luxuosa

A fotografia de Robbie Ryan aposta em tons quentes nos flashbacks e luz fria para o presente, estabelecendo contraste visual imediato. A trilha de Randy Newman mistura jazz e orquestra, sublinhando a melancolia do protagonista. Detalhes como cenários virtuais no estúdio high-tech dialogam com discussões atuais sobre inteligência artificial e atuação digital.

Baumbach, que assinou a produção executiva com Scott Rudin, insiste em enquadramentos mais fechados para destacar expressões faciais, recurso que valoriza o olhar cínico de Clooney e o humor silencioso de Sandler. A montagem de Jennifer Lame garante ritmo ágil, fazendo as duas horas de duração parecerem menos.

Fixa técnica

Título original: Jay Kelly
Direção: Noah Baumbach
Roteiro: Noah Baumbach e Emily Mortimer
Elenco principal: George Clooney, Adam Sandler, Billy Crudup, Maya Hawke, Riley Keough, Laura Dern
Duração: 122 minutos
Gênero: Comédia dramática
Produção: Estados Unidos, 2025
Distribuição: Netflix, estreia em 14 de março de 2025
Nota da crítica em Veneza: 9/10

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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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