Dragões, intrigas e batalhas provaram que a fantasia podia falar com o grande público quando Game of Thrones estreou em 2011. O sucesso da produção da HBO abriu caminho para séries que não têm medo de sangue, nudez e dilemas morais.
Entre as herdeiras desse legado está Carnival Row, atração do Prime Video que troca castelos por fábricas enfumaçadas, mas mantém a violência gráfica e adiciona ainda mais magia. A trama sobre fadas refugiadas e crimes brutais conquistou parte do público, mesmo dividindo a crítica.
Carnival Row leva fantasia adulta a novas ruas
Lançada em 2019, a série se passa na Burgue, cidade industrial que recebe criaturas feéricas expulsas de suas terras após a invasão humana. Essa premissa coloca xenofobia, imigração e luta de classes no centro da narrativa, tornando a fantasia adulta a engrenagem de um comentário social direto.
O detetive meio-fae Rycroft Philostrate (Orlando Bloom) investiga assassinatos brutais de cidadãos fae, enquanto tenta esconder seu passado de soldado e seu envolvimento com a fada Vignette Stonemoss (Cara Delevingne). A química do casal humaniza o universo sombrio, mas não suaviza as cenas de violência explícita nem o teor político.
Ao focar em becos apertados e salões aristocráticos, a produção prefere o suspense policial à guerra campal. Magia não é milagre, e sim motivo de perseguição: poderes feéricos servem como armas ou evidências que incriminam quem os possui. O resultado aproxima Carnival Row mais de um thriller gótico do que de uma aventura épica tradicional.
Personagens como Imogen Spurnrose (Tamzin Merchant), socialite que se envolve com o fae milionário Agreus Astrayon (David Gyasi), exploram os limites da ascensão social em uma comunidade que tolera a diferença apenas quando ela gera lucro. Já o chanceler Absalom Breakspear (Jared Harris) opera como político corrompido, refém de burocratas e do próprio gabinete, ecoando debates contemporâneos sobre poder e representatividade.
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Por que a recepção dividiu a crítica
Carnival Row ostenta 48% de aprovação no Rotten Tomatoes, pontuação que reflete expectativas desalinhadas mais do que falhas graves. Quem esperava outra saga de batalhas gigantescas encontrou ritmo deliberado, diálogos extensos e simbolismo social sem disfarces. A longa pausa entre a primeira temporada (2019) e a segunda (2023) também prejudicou o engajamento, comprimindo arcos dramáticos na reta final.
Mesmo assim, a série entrega o que promete: fantasia adulta, sexo sem pudor, violência crua e personagens moralmente cinzentos, ingredientes que lembram Game of Thrones e atraem o leitor do Salada de Cinema em busca de narrativas ousadas. Para fãs que apreciam consequências duras e mundos perigosos, as duas temporadas rendem um mergulho denso em política, crime e magia.
Ficha técnica
- Título original: Carnival Row
- Plataforma: Amazon Prime Video
- Gênero: Drama, Crime, Fantasia
- Temporadas: 2 (2019-2023)
- Criação: Travis Beacham
- Elenco principal: Orlando Bloom, Cara Delevingne, Jared Harris, David Gyasi
- Nota da crítica (Rotten Tomatoes): 48%


