O acordo Netflix Warner Bros agitou Hollywood nesta primeira quinzena de dezembro. A gigante do streaming anunciou ter chegado a um entendimento preliminar para adquirir a Warner Bros. Discovery (WBD) por US$ 82,7 bilhões.
- Netflix firma acordo de US$ 82,7 bilhões pela Warner Bros. Discovery
- Oferta rival da Paramount chega a US$ 108 bilhões
- Conselho da WBD tem até 18 de dezembro para responder
- Barreiras regulatórias ameaçam o acordo Netflix Warner Bros
- Conclusão do negócio só depois do terceiro trimestre de 2026
- O que muda para os filmes da Warner Bros.
- Impacto sobre HBO e HBO Max
- Consolidação do mercado de mídia se intensifica
- Ficha técnica
Enquanto fãs de novelas, doramas e grandes franquias tentavam digerir a notícia, a Paramount entrou em campo com uma proposta ainda maior, de US$ 108 bilhões, tentando convencer os acionistas da WBD a mudar de rumo.
Netflix firma acordo de US$ 82,7 bilhões pela Warner Bros. Discovery
No dia 5 de dezembro, a Netflix comunicou oficialmente ter alcançado um acordo com o conselho da WBD. Pelo acerto, avaliado em US$ 82,7 bilhões (US$ 27,75 por ação), a plataforma passaria a controlar a Warner Bros. Entertainment, o canal premium HBO e o serviço HBO Max. Já a divisão Global Networks, com marcas como CNN, Cartoon Network e Discovery Channel, seria desmembrada em uma empresa independente de capital aberto.
Na prática, o acordo Netflix Warner Bros colocaria franquias como DC, Harry Potter e O Senhor dos Anéis sob o mesmo teto dos maiores sucessos do streaming, aumentando a força do catálogo e reforçando a posição da companhia diante da concorrência.
Oferta rival da Paramount chega a US$ 108 bilhões
Quatro dias depois, veio o contra-ataque. Em 8 de dezembro, a Paramount Skydance revelou ter apresentado ao conselho da WBD uma proposta integralmente em dinheiro de US$ 108 bilhões, equivalente a US$ 30 por ação. O financiamento conta com aportes do cofundador da Oracle, Larry Ellison, e de fundos soberanos da Arábia Saudita, Catar e Abu Dhabi.
Segundo comunicado da Paramount, o objetivo é levar a oferta diretamente aos acionistas por considerar que eles “não receberam a transação mais atraente e superior”. Caso obtenha apoio suficiente, a iniciativa configurará uma tomada de controle hostil, contrariando o conselho que já aprovou o acordo Netflix Warner Bros.
Conselho da WBD tem até 18 de dezembro para responder
Pelas regras do mercado norte-americano, a WBD precisa informar aos investidores se aceita ou rejeita a investida da Paramount até 18 de dezembro. Analistas entendem que a resposta definirá o destino imediato das negociações.
A Paramount sinalizou possibilidade de elevar o valor por ação para conquistar adesão. Entretanto, por já ter aval do conselho, o acordo Netflix Warner Bros ainda é considerado o favorito, salvo mudança drástica de cenário.
Barreiras regulatórias ameaçam o acordo Netflix Warner Bros
Mesmo que a Paramount recue, a Netflix terá outro obstáculo: a análise antitruste do Departamento de Justiça dos EUA. Parlamentares e o presidente Donald Trump manifestaram preocupação com concentração de mercado.
Se consolidada a fusão entre Netflix e HBO Max, a fatia das duas plataformas nos EUA saltaria de 21% para 34%, ultrapassando o limite considerado anticompetitivo pela legislação. Além disso, controlar a Warner Bros. significaria deter parte significativa da produção exibida por rivais, o que pode levar a práticas de exclusividade e elevar ainda mais esse percentual.
Conclusão do negócio só depois do terceiro trimestre de 2026
A própria Netflix admite que, mesmo aprovada, a operação não deve ser finalizada antes do outono de 2026. O prazo é necessário para listar a nova empresa Discovery Global na bolsa e cumprir exigências regulatórias em vários países.
Executivos falam em janela que pode se estender até meados de 2027. Até lá, a produção e o calendário de estreias da Warner Bros. devem seguir próximos do planejado, embora o mercado de salas de cinema siga atento a cada passo.
O que muda para os filmes da Warner Bros.
A Warner Bros. atualmente responde por quase 14% da receita das bilheterias norte-americanas. O histórico da Netflix de estreias limitadas em salas antes da chegada ao streaming levanta temores de janelas cada vez mais curtas.
Imagem: Yeider Chac
Caso o acordo Netflix Warner Bros avance sem restrições, blockbusters de super-heróis e sagas de fantasia podem ter lançamentos relâmpago no cinema, direcionando rapidamente o público para a plataforma. Para redes exibidoras, isso significaria perda de ingressos e possível redução de sessões.
Impacto sobre HBO e HBO Max
No plano divulgado pela Netflix, o serviço HBO Max seria incorporado, ainda que não haja cronograma oficial. A empresa cogita criar um novo nível de assinatura premium, adicionando as séries da HBO ao catálogo principal e ajustando preços.
Com Friends, The Big Bang Theory, Game of Thrones e outras marcas de peso, a estratégia visa aumentar a percepção de valor do assinante, mantendo-o na plataforma e afastando competidores. Para quem acompanha novelas internacionais, doramas e produções de alto orçamento, a expectativa é de catálogo mais amplo, explica a equipe do Salada de Cinema.
Consolidação do mercado de mídia se intensifica
Se o acordo Netflix Warner Bros for confirmado, apenas Netflix, Disney, Comcast, Amazon e Apple concentrarão a maior parte da indústria global de entretenimento. Nesse cenário, a Paramount seria o último grande estúdio tradicional sem o respaldo de um conglomerado da lista Fortune 100.
Por outro lado, caso a Paramount consiga vencer a disputa e comprar a WBD, surgirá mais um megagrupo no nível dos gigantes de tecnologia. Em qualquer dos casos, a tendência é de mercado ainda mais concentrado, com implicações para criadores, distribuidores e, claro, o público.
Ficha técnica
Valor do acordo Netflix / WBD: US$ 82,7 bilhões
Valor da oferta Paramount: US$ 108 bilhões
Prazo de resposta do conselho: 18 de dezembro
Previsão de conclusão (Netflix): entre fim de 2026 e meados de 2027
Principais ativos envolvidos: Warner Bros. Entertainment, HBO, HBO Max, catálogo de filmes e séries
