Clássico “Carrie, A Estranha” volta à Netflix e relembra como o terror de 1976 multiplicou 18 vezes seu orçamento

Thais Bentlin
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Nem todo blockbuster precisa de cifras milionárias para entrar para a história. Prova disso é “Carrie, A Estranha”, que em 1976 gastou pouco, arrecadou muito e inaugurou a longa lista de adaptações de Stephen King para o cinema.

O longa dirigido por Brian De Palma está novamente na Netflix, figura entre os mais vistos da plataforma e reacende o debate sobre bullying, fanatismo religioso e isolamento juvenil — temas que, quase meio século depois, permanecem atuais.

Orçamento modesto, bilheteria gigante

Com investimento de apenas US$ 1,8 milhão, “Carrie, A Estranha” surpreendeu Hollywood ao embolsar cerca de US$ 33,8 milhões nos Estados Unidos. O resultado corresponde a 18 vezes o valor aplicado na produção, marca impressionante para qualquer época.

Boa parte desse desempenho se deveu ao boca a boca. A crítica elogiou as atuações de Sissy Spacek, no papel-título, e de Piper Laurie, que vive a mãe fanática Margaret White. As duas atrizes, inclusive, receberam indicações ao Oscar, algo raro para filmes de terror na década de 1970.

De perseguições escolares ao baile inesquecível

A trama acompanha Carrie White, adolescente tímida que enfrenta humilhações na escola e abusos em casa. Após menstruar pela primeira vez no vestiário, ela é ridicularizada pelas colegas, episódio que dá o tom de toda a narrativa.

Reprimida pela mãe religiosa, Carrie descobre poderes de telecinese que se intensificam conforme seu sofrimento aumenta. Tudo explode na icônica sequência do baile, quando um balde de sangue transforma a noite de reconciliação em vingança sobrenatural.

A telecinese como voz de quem não foi ouvido

No roteiro adaptado do romance de Stephen King, o elemento sobrenatural não surge apenas para assustar. Ele funciona como extensão psicológica da protagonista, mostrando ao público o que ela é incapaz de expressar em palavras.

Por que o filme segue relevante?

Os temas centrais — bullying, misoginia, rigidez familiar — continuam presentes nas discussões atuais. A mise-en-scène de De Palma evita sustos gratuitos e aposta em tensão crescente, fazendo o público compreender, ainda que sem justificar, a explosão de violência de Carrie.

Outra razão para a longevidade do longa é sua estrutura simples. A narrativa percorre poucos cenários, mas investe em detalhes que criam empatia: olhares de Sissy Spacek, gestos contidos na relação mãe e filha, e silêncio quebrado por uma trilha que antecede o clímax.

Retorno à Netflix e redescoberta do público

A volta de “Carrie, A Estranha” ao catálogo da Netflix reintroduz o filme a gerações que conhecem Stephen King por produções recentes. Em questão de dias, o título entrou no ranking de mais vistos da plataforma, ganhando fôlego entre usuários interessados em clássicos.

No Salada de Cinema, leitores relatam maratonas de terror impulsionadas pelo longa, que serve de porta de entrada para obras posteriores do autor, como “O Iluminado” e “It: A Coisa”.

Números que explicam a popularidade

Segundo dados da própria plataforma, a procura pelo filme aumentou 120% na primeira semana de retorno. Essa tendência repete o ciclo de redescoberta que ocorre sempre que “Carrie, A Estranha” chega a um novo serviço de streaming ou ganha edição especial em mídia física.

Bastidores e curiosidades

Sissy Spacek tinha 26 anos ao interpretar a adolescente Carrie. Para aumentar a verossimilhança, dormiu em trajes manchados de sangue cenográfico durante quatro dias de gravação do clímax.

Já Brian De Palma realizou testes de elenco em conjunto com George Lucas, que buscava atores para “Star Wars”. Alguns nomes chegaram a disputar papéis em ambas as produções, reforçando a atmosfera experimental da época.

Legado para o gênero terror

“Carrie, A Estranha” abriu caminho para adaptações de terror psicológico nos anos seguintes, mostrando que histórias sobre jovens podem atrair público adulto. Seu sucesso financeiro incentivou estúdios a apostar em autores literários como fonte de roteiros.

A influência se estende a séries e doramas atuais que abordam bullying e superação, evidenciando o impacto cultural de Carrie White além das telas de cinema.

Ficha técnica

Título original: Carrie

Direção: Brian De Palma

Roteiro: Lawrence D. Cohen, baseado no livro de Stephen King

Elenco principal: Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving, Nancy Allen, William Katt

Ano de lançamento: 1976

País: Estados Unidos

Gênero: Terror

Orçamento: US$ 1,8 milhão

Arrecadação mundial: cerca de US$ 33,8 milhões

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Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.
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