Artista que criou Miles Morales diz não receber royalties de filmes e games do herói

Matheus Amorim
Matheus Amorim
Sou redator especializado em conteúdo de entretenimento para o mercado digital. Desde 2021, produzo análises, dicas e críticas sobre o mundo do entretenimento, com experiência como...
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Um dos personagens mais populares da Marvel na última década nasceu fora da cronologia tradicional e ganhou o mundo do entretenimento. Apesar disso, a ilustradora que ajudou a dar vida ao herói garante não ter visto retorno financeiro por essa expansão.

Sara Pichelli, cocriadora de Miles Morales ao lado do roteirista Brian Michael Bendis, afirma que não recebe qualquer royalty pelos filmes, games ou produtos licenciados do novo Homem-Aranha. A declaração acendeu um debate sobre direitos de autores na indústria dos quadrinhos.

Quem é Sara Pichelli e por que sua fala importa

Natural de Amatrice, Itália, Pichelli começou a trabalhar para a Marvel em meados de 2008. Seu traço dinâmico rapidamente chamou atenção, e dois anos depois ela foi escolhida para ilustrar a ousada substituição de Peter Parker no selo Ultimate.

Com Miles Morales, a artista não apenas ajudou a diversificar o universo de super-heróis como também contribuiu diretamente para o sucesso multimídia do personagem. Filmes animados, jogos exclusivos e uma ampla linha de produtos colecionáveis tornaram o adolescente do Brooklyn um fenômeno global.

Reconhecimento sem compensação

Durante entrevista ao podcast Jamesons, Pichelli foi direta ao explicar que, mesmo vendo seu trabalho estourar em bilheteria e vendas, não recebe participação nessas receitas. “Eu não ganho nada. E essa é a parte mais triste da minha vida”, confidenciou. Segundo a artista, se houvesse repasse de royalties de Miles Morales, ela “já estaria bilionária”.

Como nasceu o novo Homem-Aranha no Universo Ultimate

O selo Ultimate surgiu em 2001 com a missão de apresentar versões atualizadas dos heróis clássicos, livres de décadas de cronologia. Passados dez anos, Brian Michael Bendis, que assinava Ultimate Spider-Man desde o número 1, decidiu levar seu experimento narrativo ao limite: matou Peter Parker em 2011.

No vácuo deixado pelo herói, Bendis apresentou Miles Morales, um garoto de ascendência afro-latina. A aposta deu certo: o personagem caiu no gosto dos leitores e rapidamente migrou para outras mídias. Foi ali que a discussão sobre royalties de Miles Morales, ou a falta deles, começou a ganhar relevância.

A química entre roteiro e arte

Boa parte da identidade visual de Miles veio do traço de Pichelli. O uniforme preto com detalhes vermelhos, o porte mais esguio e as expressões faciais carregadas de emoção diferenciavam o personagem de Peter Parker. Esses elementos visuais foram amplificados nas animações da Sony e nos populares games exclusivos para PlayStation.

Revelação sobre royalties de Miles Morales

A fala de Pichelli explicitou um ponto sensível: criadores contratados em regime de trabalho freelancer ou por página raramente mantêm direito sobre lucros futuros. Ao contrário de roteiristas e diretores de cinema, quadrinistas costumam receber apenas o pagamento inicial.

Mesmo com contratos padrão da Marvel prevendo bônus simbólicos em casos específicos, a artista confirma que não entrou em nenhum modelo de participação. Na prática, todos os lucros provenientes de merchandising, bilheteria e licenciamento ficam com a editora e as produtoras parceiras.

Ponto de inflexão

Logo após a entrevista, fãs iniciaram campanhas online pedindo que a Marvel revise a política de repasse de royalties de Miles Morales. A iniciativa ganhou tração nas redes sociais, com leitores lembrando outras situações semelhantes envolvendo grandes editoras e criadores.

Repercussão na comunidade e possíveis desdobramentos

No mesmo período, Kevin Feige comentou que o Marvel Studios ainda não possui aval para usar Miles em produções live-action, devido a acordos de licenciamento. Mesmo assim, a popularidade do herói continua em alta, o que só amplia a discussão sobre compensação financeira.

Especialistas em direito autoral apontam que mudanças contratuais poderiam evitar casos como o de Pichelli. Enquanto isso, o fandom segue mobilizado. O site Salada de Cinema também acompanha cada novo passo dessa história, de olho em futuras negociações que possam corrigir o que consideram uma “injustiça” histórica.

Reflexo para outros criadores

O debate ultrapassa a figura de Miles. Muitos roteiristas e desenhistas, responsáveis por personagens hoje multimilionários, relatam experiências semelhantes. A exposição do caso pode pressionar editoras a estabelecer termos de divisão de lucros mais transparentes.

Ficha técnica

Personagem: Miles Morales
Criadores: Brian Michael Bendis (roteiro) e Sara Pichelli (arte)
Data de criação: agosto de 2011
Selo original: Ultimate Spider-Man #1 (segunda fase)
Fala principal: “Eu não ganho nada. E essa é a parte mais triste da minha vida” – Sara Pichelli
Assunto: ausência de royalties de Miles Morales para a cocriadora
Última atualização: junho de 2024

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Sou redator especializado em conteúdo de entretenimento para o mercado digital. Desde 2021, produzo análises, dicas e críticas sobre o mundo do entretenimento, com experiência como colunista em sites de referência.
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