Doctor Who está prestes a completar 61 anos no ar, mas a pergunta que volta e meia surge entre os fãs é sempre a mesma: “até quando a série resiste?”.
Em pleno 2025, Simon Pegg, que viveu o vilão The Editor no revival de 2005, ofereceu uma resposta prática no palco da Boston Fan Expo. Para ele, o segredo está no carinho de quem consome o programa desde criança e, depois, devolve esse amor em frente às câmeras ou nos bastidores.
Relato de fã a vilão: a experiência de Simon Pegg
Diante do público no evento norte-americano, o ator britânico descreveu a gravação de “The Long Game”, episódio da primeira temporada da fase moderna. Ele lembrou do “clima de euforia” nos estúdios, em 2004, quando o retorno de Doctor Who ainda era visto como aposta arriscada da BBC.
“Tingiram meu cabelo, sobrancelhas, tudo de loiro. Ficou estranho, mas divertido”, contou Pegg sobre a construção visual de The Editor. Mais marcante, entretanto, foi a emoção pessoal: “Atuar num programa que acompanho desde menino foi surreal. Eu era fã do Tom Baker. Conheci-o aos oito anos; ele autografou meu VHS de ‘The Talons of Weng-Chiang’ com a dedicatória ‘Para Simon 8, de Tom Baker 888’ e ainda me deu uma jelly baby”.
Essa lembrança reafirma um tema recorrente: Doctor Who nunca acaba porque, geração após geração, fãs se transformam em profissionais envolvidos na produção.
Ciclo de fãs que viram atores mantém Doctor Who vivo
Simon Pegg não é caso isolado. Três intérpretes do próprio Doutor — Peter Davison, David Tennant e Peter Capaldi — declararam que cresceram vidrados na série antes de assumir a TARDIS. Entre convidados que passaram pelo set, nomes como Nick Frost, David Walliams e Corey Taylor também admitem serem whovians de longa data.
Esse “ciclo virtuoso” citado pelo ator ajuda a explicar por que, mesmo com hiatos de produção, a marca se mantém relevante. Quando não há episódios na televisão, surgem histórias em áudio, romances licenciados ou quadrinhos criados por fãs que viram profissionais. Assim, a expressão “Doctor Who nunca acaba” ganha sentido literal.
Intergeracionalidade garante que Doctor Who nunca acaba
Em seis décadas, a atração acumulou público que inclui avós, pais e filhos. Como Star Wars ou Star Trek, o título virou ponto de encontro cultural: é comum ver três gerações comentando sobre Daleks, Cybermen ou a mais recente regeneração do protagonista.
Para Simon Pegg, esse elo familiar é combustível suficiente para manter a produção no ar. “O programa cria fãs que criam o programa”, resumiu durante o painel. No futuro, alguma criança que assistiu ao Décimo Quinto Doutor poderá, quem sabe, sentar na cadeira de showrunner ou vestir o icônico sobretudo do personagem.
Imagem: Divulgação
Futuro próximo: especial de Natal de 2026 e conversas sobre a 16ª temporada
Apesar das incertezas geradas pela saída dos episódios do revival do catálogo da HBO Max e do fim do acordo de coprodução com a Disney+, a BBC confirmou um especial de Natal para 2026. Há também “conversas preliminares” sobre a 16ª temporada, segundo atualização oficial do canal britânico.
Enquanto o cronograma definitivo não é fechado, a comunidade mantém viva a chama criativa por meio de spin-offs em áudio, fan films e convenções — como a de Boston, onde Pegg falou. Para o site Salada de Cinema, que acompanha novelas, doramas e fenômenos de cultura pop, a lição é clara: Doctor Who continua a provar que uma boa história pode atravessar décadas quando alimentada pela paixão dos próprios admiradores.
FICHA TÉCNICA
Evento: Boston Fan Expo 2025
Entrevistado: Simon Pegg (ator de The Editor)
Série: Doctor Who
Informações confirmadas: Especial de Natal da BBC em 2026; negociações para a 16ª temporada
Data de publicação: 2025


