Todos os dias pipocam novos títulos no streaming e, nessa enxurrada, algumas produções acabam ficando à margem das conversas. Entre elas estão minisséries da Netflix que, apesar de elogios da crítica, não alcançaram o grande público.
Se você gosta de descobrir joias escondidas e não quer perder tempo com tramas arrastadas, vale anotar essas dicas. A equipe do Salada de Cinema reuniu quatro minisséries da Netflix esquecidas que entregam fortes emoções em poucos episódios.
Unorthodox (2020): fuga, identidade e diálogos em iídiche
Baseada na autobiografia de Deborah Feldman, Unorthodox acompanha Esty Shapiro, jovem judia hassídica que abandona o casamento arranjado e a comunidade ultraortodoxa do Brooklyn para recomeçar em Berlim. Ao longo de quatro capítulos, o espectador vê a protagonista enfrentar medo, choque cultural e a descoberta de uma nova vida longe das regras rígidas que conhecia.
Shira Haas, indicada ao Emmy, entrega uma interpretação visceral, alternando vulnerabilidade e determinação sem nunca soar artificial. O elenco ainda traz Amit Rahav como Yanky, marido que decide ir atrás da esposa, tornando o conflito mais complexo. A maior parte das falas é em iídiche, o que pode ter afastado espectadores avessos a legendas; porém, a narrativa é tão envolvente que a barreira do idioma rapidamente desaparece.
Por que passou despercebida?
Unorthodox estreou poucas semanas depois de outra produção com título parecido, Unbelievable, o que gerou confusão entre o público. Ainda assim, quem investir quatro horas na série encontrará uma das mais intensas minisséries da Netflix.
Hollywood (2020): o sonho dourado repaginado
Idealizada por Ryan Murphy e Ian Brennan, Hollywood propõe um exercício de “e se?” ao reimaginar a indústria cinematográfica do pós-Segunda Guerra Mundial como um espaço mais inclusivo para pessoas negras e LGBTQIAP+. Em sete episódios, jovens atores, roteiristas e diretores buscam romper barreiras de raça, gênero e sexualidade enquanto tentam conquistar espaço nos grandes estúdios.
O elenco reúne nomes como Darren Criss, Laura Harrier, David Corenswet e um Jim Parsons totalmente diferente do cientista de The Big Bang Theory: aqui ele vive um agente manipulador que fará de tudo para se manter no topo. A série agrada a quem curte figurinos glamourosos, clima de bastidores e diálogos rápidos.
Por que ficou de lado?
Ryan Murphy lança tantos projetos por ano que alguns títulos acabam soterrados pelo próprio catálogo do produtor. Hollywood ainda dividiu opiniões por seu tom revisionista, o que pode ter reduzido o boca a boca. Mesmo assim, continua sendo uma minissérie da Netflix visualmente vibrante e otimista.
Alias Grace (2017): mistério histórico em seis atos
Coprodução canadense baseada no livro de Margaret Atwood, Alias Grace reconstrói o julgamento de Grace Marks, imigrante irlandesa acusada de assassinar o patrão e a governanta em 1843. A história parte dos depoimentos de Grace a um médico que tenta descobrir se ela é culpada ou vítima das circunstâncias.
Imagem: Divulgação
Dirigida por Mary Harron (Psicopata Americano) e roteirizada pela vencedora do Oscar Sarah Polley, a minissérie mescla crítica social a mistério psicológico. Sarah Gadon vive a protagonista com um olhar que oscila entre inocência e frieza; essa ambiguidade sustenta o suspense até o último minuto.
Por que poucos viram?
Alias Grace chegou à Netflix pouco depois da estreia do fenômeno The Handmaid’s Tale, também de Atwood. A proximidade pode ter cansado parte do público, além de o marketing discreto não colaborar. Ainda assim, são apenas seis episódios ricos em detalhes e tensão.
From Scratch (2022): romance real e sem filtros
Inspirada no livro de memórias de Tembi Locke, From Scratch segue Amy (Zoe Saldaña), artista americana que se apaixona pelo chef siciliano Lino (Eugenio Mastrandrea) durante um intercâmbio em Florença. A série retrata as diferenças culturais, o impacto do afastamento familiar e as batalhas contra uma doença que muda tudo.
Com oito capítulos, o drama oferece doses generosas de comida italiana, paisagens mediterrâneas e emoções à flor da pele. A abordagem direta de temas como luto e pertencimento torna a experiência intensa, mas sem cair no melodrama exagerado.
Por que quase ninguém comenta?
O lançamento coincidiu com a estreia de superproduções como House of the Dragon e The Rings of Power. Na comparação, uma história de amor intimista perdeu espaço nas manchetes. No entanto, quem gosta de minisséries da Netflix com finais fechados encontrará um romance marcante e bem conduzido.
Por que vale maratonar essas minisséries da Netflix?
- Tramas fechadas: nenhum risco de temporadas intermináveis;
- Elencos premiados e atuações de peso;
- Temáticas variadas, do suspense histórico ao romance contemporâneo;
- Duração enxuta: de quatro a oito episódios, perfeitos para um fim de semana;
- Boa oportunidade para ampliar o repertório além dos sucessos óbvios.
Entre diálogos em iídiche, bastidores de Hollywood, crimes do século XIX e jantares à luz de velas na Toscana, essas produções provam que ainda existem minisséries da Netflix esperando ser descobertas. Escolha uma, aperte o play e aproveite a viagem.
Ficha técnica
- Unorthodox – 4 episódios, criada por Anna Winger e Alexa Karolinski, lançada em 26 de março de 2020.
- Hollywood – 7 episódios, criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, lançada em 1º de maio de 2020.
- Alias Grace – 6 episódios, criada por Sarah Polley, lançada em 3 de novembro de 2017.
- From Scratch – 8 episódios, criada por Attica Locke e Tembi Locke, lançada em 21 de outubro de 2022.


