Algumas séries de super-herói não precisam de muito tempo para mostrar a que vieram. Basta o piloto chegar à tela para o espectador perceber que está diante de algo especial, capaz de redefinir padrões e conquistar plateias.
Da ousadia noir de Jessica Jones ao visual art déco de Batman: A Série Animada, estes dez programas anunciaram grandeza já na estreia. O Salada de Cinema reuniu os títulos que, sem perder tempo, levantaram a barra para todas as futuras produções do gênero.
Jessica Jones (2015)
O MCU ganhou novos contornos quando a investigadora particular entrou em cena. Seu primeiro capítulo mergulha no trauma da protagonista e apresenta Kilgrave como ameaça invisível, trocando explosões por tensão psicológica. Krysten Ritter segura a narrativa com ironia e vulnerabilidade poucas vezes vistas em séries de super-herói.
Com ambientação noir e ritmo de suspense, a estreia deixou claro que o selo Marvel/Netflix poderia explorar temas adultos, usando violência contida e diálogos afiados para discutir abuso de poder. Daquela hora em diante, Jessica Jones virou sinônimo de maturidade no universo dos heróis.
Gotham (2014)
A produção da Fox apostou em mostrar a cidade antes do surgimento do Cavaleiro das Trevas. Logo no piloto, corrupção policial, gângsteres e tragédia se misturam enquanto James Gordon tenta manter a ética. O visual sombrio e a fotografia granulada dão aparência de filme policial dos anos 1970.
Bruce Wayne criança, Selina Kyle nas sombras e Oswald Cobblepot em ascensão aparecem de cara, costurando vários elementos do mito do Batman. Mesmo sem o herói mascarado, Gotham comprovou que personagens secundários da DC podiam sustentar tramas eletrizantes.
Spider-Man: The Animated Series (1994)
Direto na telinha da Fox Kids, o Homem-Aranha salva Nova York enquanto lida com boletos atrasados e amores complicados. O episódio de estreia adapta a origem do Lagarto com ritmo de aventura, peças de humor e narração interna de Peter Parker.
Câmeras virtuais giram entre prédios num traço ousado para a época, e vilões como Rei do Crime já são citados. Assim que o tema de guitarra termina, o público entende que está diante de uma das séries de super-herói mais fiéis aos quadrinhos.
Daredevil (2015)
A primeira cena mostra Matt Murdock salvando uma criança e, em seguida, sangrando no beco. A violência crua evidencia o realismo do projeto. Sem longa recapitulação de origem, o roteiro confia na inteligência do espectador e entrega pistas sobre o acidente químico apenas em flashs.
Charlie Cox brilha no tribunal e nos combates corpo a corpo, enquanto a presença de Wilson Fisk é sentida antes mesmo de sua aparição. A promessa é clara: uma luta íntima pelo destino de Hell’s Kitchen que nenhuma outra série de super-herói havia explorado com tanta densidade.
Agatha All Along (2025)
O piloto abre em clima de série policial pastelona, refletindo a vida ilusória que Agatha vivia no hex de WandaVision. Em questão de minutos, a bruxa retoma memórias, desfaz o cenário artificial e embarca numa jornada pela Witches Road.
Kathryn Hahn domina cada cena com carisma, alternando sarcasmo e fragilidade. O episódio ainda introduz mistérios envolvendo Teen e Rio Vidal, prometendo terror e fantasia em doses iguais. Foi o bastante para convencer de que a Marvel Studios sabe, sim, ousar nas próprias fórmulas.
Imagem: Divulgação
Harley Quinn (2019)
Explosões, palavrões e piadas politicamente incorretas marcam a sequência inicial, onde Harley enlouquece a tripulação de um iate. Logo depois, a anti-heroína percebe que precisa romper com o Coringa — o coração da série se estabelece em poucos minutos.
A animação adulta faz sátira do universo DC, mas reforça o protagonismo feminino em cada diálogo. Kaley Cuoco imprime personalidade cômica e amarga, garantindo que o espectador torça por uma vilã em busca de independência. Mais um exemplo de como séries de super-herói podem ser irreverentes e emotivas.
The Boys (2019)
Quando a namorada de Hughie vira poeira após ser atravessada pelo velocista Trem-Bala, a mensagem é brutal: não há glamour na vida desses supers. O episódio piloto expõe falcatruas corporativas e violência gráfica enquanto Billy Butcher recruta seu primeiro aliado.
Funcionando como paródia ácida da Liga da Justiça, The Boys ergue um universo onde marcas, contratos e likes valem mais que altruísmo. O tom satírico virou assinatura do Prime Video, demonstrando que a TV ainda tem espaço para críticas mordazes dentro do gênero.
X-Men ’97 (2024)
A continuação da cultuada animação dos anos 1990 inicia com ação frenética e homenagem direta ao passado, inclusive na icônica abertura musical. Ciclope questiona o próprio comando ao passo que Magneto surge tentando honrar o legado de Charles Xavier.
Com traço atualizado e narrativa seriada, o episódio discute preconceito e ativismo — pilares fundamentais dos mutantes. Fica evidente que a série quer satisfazer fãs antigos e atrair novo público, mantendo os X-Men na vanguarda das discussões sociais em produções de super-herói.
Loki (2021)
Capturado após o roubo do Tesseract, o deus da trapaça se vê diante da Autoridade de Variância Temporal. Em poucos minutos, o roteiro desconstrói a imagem arrogante de Loki ao mostrar sua morte pelas mãos de Thanos através de hologramas.
A estética retrofuturista, misto de Mad Men com ficção científica, dá identidade ao programa. Entre burocratas, linhas temporais e questionamentos filosóficos sobre livre-arbítrio, o capítulo inicial deixa claro que o MCU pretende brincar com multiversos sem perder o bom humor.
Batman: A Série Animada (1992)
Em On Leather Wings, o Cavaleiro das Trevas investiga uma criatura que aterrorizava Gotham. A direção de arte art déco e a trilha de Shirley Walker conferem atmosfera de cinema noir, jamais vista em animações infantis até então.
O roteiro evita maniqueísmo, retrata Bruce Wayne como detetive e traz Man-Bat como vilão trágico. Bastou esse episódio para validar a produção como divisor de águas, inspirando o futuro Universo Animado da DC e mostrando que desenhos também podem ser sombrios e sofisticados.


