Diego Olivares | 14 de agosto de 2017

Valerian e a cidade dos mil planetas

Luc Besson é responsável por grandes filmes, principalmente nos anos 90. “O profissional” e “O quinto elemento” são obras marcantes da década. Seu novo filme “Valerian e a cidade dos mil planetas” é um projeto de paixão, já que é a adaptação de uma história em quadrinhos tradicional na França que fez parte da infância […]

Luc Besson é responsável por grandes filmes, principalmente nos anos 90. “O profissional” e “O quinto elemento” são obras marcantes da década. Seu novo filme “Valerian e a cidade dos mil planetas” é um projeto de paixão, já que é a adaptação de uma história em quadrinhos tradicional na França que fez parte da infância do diretor.

Valerian-Art-Dane-DeHaan-Cara-Delevingne

Foram mais de sete anos em produção, visando o primor de um cenário espacial rico em detalhes, cheio de cores e de variedades, afinal são vários ambientes e inúmeras espécies, cada uma com suas peculiaridades. Visualmente o filme é realmente muito bonito, apesar de eu achar essa predominância de efeitos visuais um tanto quanto cansativa, além de colocar um “prazo de validade” para o filme, que com os avanços tecnológicos tem tudo para se tornar datado.

O filme abre com a formação da cidade dos mil planetas presente no título: uma estação espacial que surge da harmonia entre as nações da Terra e cresce com a chegada de espécies extraterrestres. É a sequência mais relevante do filme, que depois passa a acompanhar as aventuras dos agentes Valerian (Dana DeHaan) e Laureline (Cara Delevingne) e esse é seu principal problema. A dupla de protagonistas não possui nem um pouco de química e as suas interações geram constrangimento num nível considerável.

As performances dos protagonistas destoam. Apesar de estarem juntos na maior parte da trama (e juntos definitivamente não funcionam), possuem alguns momentos de desenvolvimento individual. Se Dana DeHaan continua pouco expressivo, Cara Delevingne mostra certo carisma em suas poucas cenas de destaque.

Besson ainda tenta fazer comentários socialmente relevantes. O francês fala sobre respeito a natureza, xenofobia e até sobre genocídio de indígenas, mas tudo de forma muito superficial, o que tira a força, mas não a credibilidade de seus discursos.

Enquanto filme de ação, “Valerian” também apresenta problemas. Com mais de duas horas, o longa possui um ritmo arrastado, com sequências pouco criativas e confrontos sem riscos. O vilão é previsível e os personagens secundários dispensáveis. Até Rihanna, destaque na divulgação do filme, possui pouco tempo de tela. Sua personagem inclusive protagoniza uma das cenas mais emocionalmente aleatórias da trama.

“Valerian e a cidade dos mil planetas” é um filme visualmente interessante, mas é também a prova de que isso pouco importa se outros aspectos da produção não possuem a mesma criatividade.