Diego Olivares | 12 de julho de 2017

Soundtrack

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2017/07/472764.jpg-c_640_320_x-f_jpg-q_x-xxyxx.jpg”] Dirigido pela dupla 300ml (Bernardo Dutra e Manitou Felipe), responsável pelo curta viral “Tarantino’s mind”, “Soundtrack” é uma produção nacional que acompanha Cris (Selton Mello), um fotógrafo que busca no isolamento de uma estação de pesquisa polar, cercado por nada além de gelo, a inspiração e o mote perfeito para uma exposição artística. […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2017/07/472764.jpg-c_640_320_x-f_jpg-q_x-xxyxx.jpg”]

Dirigido pela dupla 300ml (Bernardo Dutra e Manitou Felipe), responsável pelo curta viral “Tarantino’s mind”, “Soundtrack” é uma produção nacional que acompanha Cris (Selton Mello), um fotógrafo que busca no isolamento de uma estação de pesquisa polar, cercado por nada além de gelo, a inspiração e o mote perfeito para uma exposição artística. Mesclando selfies e trilhas sonoras, o trabalho do artista é cercado de incertezas, que o incomoda e, principalmente, os cientistas que o recebem.

O elenco ainda conta com Ralph Ineson, Seu Jorge, Thomas Chaanhing e Lukas Loughram, que interpretam os cientistas que completam o grupo de personagens. Personagens esses que, individualmente, funcionam bem, com destaque para Mark (Ineson), que possui um maior desenvolvimento e importância pela proximidade com o protagonista. Os outros, apesar de mais rasos, possuem momentos de relevância, principalmente Cao (Seu Jorge), que é repleto de carisma assim como seu intérprete.

O problema está na relação entre os personagens, que num filme sobre isolamento e a tensão causada por ele é fundamental. Os atritos, necessários para o andamento da trama, soam muito pouco naturais e aleatórios. O enredo se perde em alguns momentos e acaba forçando uma instabilidade, inevitável diante da situação extrema que eles estão vivendo, que o espectador não vê na tela. Mesmo os momentos de conciliação, que isoladamente são emocionantes, acabam não tendo a mesma força, devido à aleatoriedade das relações criadas.

Outro problema está no protagonista. Selton Mello é um grande ator e sua performance aqui é, mais uma vez, excelente, mas seu personagem é extremamente inconsequente. Ele inclusive toma decisões muito contestáveis durante o filme. Não só isso, aquele que decide cobrá-lo acaba sendo prontamente repreendido pela trama, o que me incomodou profundamente.

Mesmo com traços fortes do gênero de thriller de isolamento, a direção da dupla não perde em nenhum momento o aspecto autoral de seu filme, que esteticamente, principalmente no design de som, funciona muito bem. A trilha sonora, marcada por ruídos, é extremamente incomoda e, por muitas vezes ter momentos de silêncio subsequentemente, cria-se um contraste que demarca ainda mais a vastidão de nada que cerca os personagens.

Há escolhas de enredo, relacionadas ao som, que também funcionam muito bem. O protagonista cria emoções nele, e em outros personagens, escolhendo trilhas sonoras, mas o filme muitas vezes não nos mostra esta música. As reações de quem a está ouvindo já basta para notarmos sua força.

Interessante em muitos aspectos, principalmente estéticos, “Soundtrack” é uma boa estreia da dupla 300ml em longas, mas faltou uma atenção maior na relação entre os personagens para o filme alcançar o potencial que tinha.

Assista ao trailer de ‘Soundtrack’:
[youtube id=”zmUz0jKGDZ0″]