Heitor Machado | 28 de novembro de 2010

Quadrinhos x filmes?

Engraçado como de uns anos para cá fazer filmes de super-heróis das milionárias e antigas rivais Marvel e DC Comics se tornou uma das indústrias mais rentáveis de todos os tempos. Hollywood, que não é nada besta, soube como ninguém aproveitar este novo nicho no cinema moderno, fazendo alguns dos filmes que os fãs dos […]

Engraçado como de uns anos para cá fazer filmes de super-heróis das milionárias e antigas rivais Marvel e DC Comics se tornou uma das indústrias mais rentáveis de todos os tempos. Hollywood, que não é nada besta, soube como ninguém aproveitar este novo nicho no cinema moderno, fazendo alguns dos filmes que os fãs dos quadrinhos sempre sonharam em ver.

Inegáveis são os sucessos, por exemplo, da franquia Batman, incluindo os mais antigos de Tim Burton e os recentes, do talentosíssimo Christopher Nolan. Há também os dois Homem de Ferro de Jon Favreau, o Homem-Aranha de Tobey Maguire, X-Men, Spirit, Sin City, V de Vingança, 300, além dos que estão por vir, como Lanterna Verde, Os Vingadores e as demais continuações – que, certamente, merecem destaque, depois de décadas de histórias a respeito destes heróis.

Associando o marketing dos produtos a bonecos e jogos de vídeo-game ultramodernos, Hollywood lança ao mercado todos os anos produções milionárias, com elenco de peso e histórias profundas, que trazem ainda mais para perto o sonho de milhares de jovens e adultos que há décadas acompanham as vidas de seus heróis preferidos.

Mas o que isso significa ao mercado em si? Mais e mais filmes saindo do forno constantemente é um presente aos fãs, certo? Bem, pode parecer maluquice, mas às vezes acho que algumas coisas deveriam permanecer intocadas e invioladas. Não nego: sou fã número 1 do Batman, que sempre foi e sempre será meu herói preferido (não é à toa que achei O Cavaleiro das Trevas o filme baseado em quadrinhos mais brilhante dos últimos tempos).

De uns tempos para cá, contudo, venho constatando que são muito poucos aqueles que conseguem realmente captar a alma dos personagens como tão bem fizeram Christopher Nolan e Jon Favreau – que, honestamente, construiu uma franquia admirável de Homem de Ferro. Agora, como esquecer alguns dos fracassos mais abissais de Hollywood nestes mesmos últimos tempos?

O que dizer da abominação que são os dois filmes de Hulk ainda que, por incrível que pareça, o primeiro não seja tao grotesco quanto o de Edward Norton – que caiu consideravelmente no meu conceito – ou ainda o Wolverine: Origens? Estes filmes, ao contrário do que nos foi apresentado, deveriam ter sido feitos com o mais absoluto esmero. Afinal, como mencionei acima, muita gente acompanha as histórias destes personagens há décadas, muito antes do estrondoso e abrangente sucesso que hoje fazem.

É, antes de mais nada, um desrespeito à memória destes criadores (e honestamente não sei como Stan Lee pode aprovar alguns projetos) e de nós, os fãs e apreciadores das histórias em quadrinhos, que cuidamos dos nossos heróis como preciosas relíquias da nossa infância. Além disso, demonstra que, realmente, não é só a falta de ideias que assola a indústria norte-americana. Evidencia que, infelizmente, o buraco é bem mais embaixo, e que Hollywood carece também de bons profissionais.

De ouvir falar que haverá um filme dos meus personagens preferidos (como Gambit, que já foi cogitado para uma participação indesejada) podem sofrer terríveis adaptações para as telonas, me pego com frequência pensando que eles poderiam ficar quietos, bem onde estão. Inviolados.

Por Maira Giosa, do Projetor