André Sobreiro | 4 de maio de 2020

Hollywood

A entrada de Ryan Murphy na Netflix foi bastante comentada desde o início. O showrunner, com a mesma força que é criticado é elogiado. Aos do primeiro time, a discussão passa sempre pelo seu elenco recorrente e por estragar suas séries conforme as séries avançam. Aos que elogiam, o esforço de Murphy em valorizar a […]

A entrada de Ryan Murphy na Netflix foi bastante comentada desde o início. O showrunner, com a mesma força que é criticado é elogiado. Aos do primeiro time, a discussão passa sempre pelo seu elenco recorrente e por estragar suas séries conforme as séries avançam. Aos que elogiam, o esforço de Murphy em valorizar a diversidade em suas tramas é pauta. E os dois lados estão corretos.

Hollywood, sua nova minissérie, claramente ouviu essas questões. Mas não necessariamente as resolveu. A série se passa logo no início do cinema falado, após o sucesso do cinema mudo. Ao ser vendida, Hollywood foi apresentada como uma série sobre a busca pela fama e pela entrada nessa indústria.

Mas a realidade é nitidamente outra. Misturando pessoas reais com fictícias, a série conta a produção de Peg, um longa metragem do Ace Studios sobre o suicídio da atriz Peg Entwistle, que se matou pulando do H do famoso letreiro de Hollywood.

Raymond Ainsley (Darren Criss) é o diretor. Archie Coleman (Jeremy Pope) é o roteirista. Jack Castello (David Corenswet), Camille (Laura Harrier), Claire Wood (Samara Weaving) e Rock Hudson (Jake Picking) são os atores desse filme. E é em torno desse elenco, bastante afinado aliás, que a série se desenvolve. Mas são os grandes astros que brilham.

Dylan McDermott como o cafetão Ernie. Holland Taylor como a preparadora de atores Ellen Kincaid, Jim Parsons como o insuportável agente Henry Wilson e, principalmente, a excepcional Patti LuPone como a ex-atriz Avis Samberg, roubam todas as cenas e mostram como seguem em forma.

Outro enorme mérito da série, sem dúvida o maior, é a reconstrução histórica. Rock Hudson, Anna May Wong e Hattie McDaniel são nomes da história hollywoodiana e que sofreram bastante com o preconceito e aqui ganham uma releitura que aquece o coração.

Aliás, esse é o mérito da minissérie: em tempos de polarização, de preconceitos expostos, Ryan Murphy se permite criar uma fábula com personagens reais e fictícios que aquecem o coração e nos fazem acreditar em uma história diferente e um mundo melhor.