Heitor Machado | 20 de julho de 2012

Especial Batman – a inspiração dos quadrinhos

Ok, todo mundo já sabe que o Batman é um dos heróis mais populares da DC Comics. E todo mundo já viu os filmes do Christopher Nolan lançados em 2005 e 2008. Obviamente, estamos todos com o coração na mão para saber como será a última aventura do homem-morcego nas telonas (por enquanto). Frequentemente vejo […]

Ok, todo mundo já sabe que o Batman é um dos heróis mais populares da DC Comics. E todo mundo já viu os filmes do Christopher Nolan lançados em 2005 e 2008. Obviamente, estamos todos com o coração na mão para saber como será a última aventura do homem-morcego nas telonas (por enquanto).

Frequentemente vejo fãs dos quadrinhos escorraçando críticos de cinema por criticarem mal um filme baseado em um herói – como foi o caso dos Vingadores, que é um filme divertido para os fãs, mas bastante hollywoodiano (diria, sem sentido) para quem nunca leu os comics dos heróis. Mais recentemente, ocorreu o mesmo com o novo Amazing Spider-Man. Felizmente, os filmes do Batman (por absoluto mérito de seu diretor) só receberam elogios, tanto de crítica como de público.

Quando pensamos na estrutura dos filmes de Nolan, nós, os leitores de comics, temos referências vagas sobre o Batman, que em 2012 completa nada menos que 73 anos de existência. Bem, depois de todos esses anos, todo mundo está cansado de saber como o herói é: introspectivo, sem super-poderes (o que o torna fascinante), garanhão e milionário. Essa visão, contudo, não acompanha a carreira do morcego desde sempre.

No começo das publicações, lá nos idos de 1940, o Batman era sim um personagem mais infantil, menos sombrio e muito mais absurdo. Seus vilões pareciam muito menos perigosos e nunca-jamais duvidamos de seu êxito. A coisa começou a mudar quando, em 1988, seu “novo” Robin, Jason Todd, é assassinado pelo Coringa – lembremos que Dick Grayson a essa época já havia deixado o posto de fiel escudeiro para seguir na carreira solo como o Asa Noturna.

É a partir deste momento que toda a história do herói muda: ele se torna, então, mais fechado, e passa a trabalhar sozinho, raramente contando com a ajuda de outros personagens, como um novo Robin, Damian (seu filho com Talia al-Ghul, filha de Ras) ou a Bat-Girl. Foi nessa época de incertezas, de um Bruce Wayne enfraquecido e doente, que surgiu nos Estados Unidos a série Batman Cavaleiro das Trevas (1986), escrita e desenhada por Frank Miller.

O artista deu ao Batman um novo ar, nova roupagem e elementos muito mais “darks” a sua persona. Seus inimigos estão mais poderosos e perigosos, e o tratamento aos doentes do Asilo Arkham parecem somente piorar as demências dos vilões. Ainda que muitas histórias pesadas já houvessem surgido antes no universo da DC (como a das Crises Infinitas), foi com Miller que a coisa toda mudou para o herói.

Consciente dessa mudança e visivelmente influenciado pela visão de Miller, o diretor adotou as características mais ameaçadoras do herói, amplificando-as de maneira realista e humana. A luta contra o vilão Bane é uma das piores da carreira do Batman, e acabam lesionando-o seriamente. Em sua perspicácia, Nolan soube utilizar tudo que houve de pior na vida de Wayne. E, como já é possível prever, continuará fazendo. Até o fim.