Cassia Alves | 4 de março de 2012

Darren Aronofsky

Não são muitos os diretores que, antes dos 40, já provocam comoção. Desde 2009, o americano do Brooklyn Darren Aronofsky já tem mais de 40 anos. Contudo, ele já instigava e provocava reações apaixonadas de críticos e cinéfilos bem antes disso. O primeiro grande desafio cinematográfico proposto pelo cineasta foi “Pi” (1998). Um filme um […]

Não são muitos os diretores que, antes dos 40, já provocam comoção. Desde 2009, o americano do Brooklyn Darren Aronofsky já tem mais de 40 anos. Contudo, ele já instigava e provocava reações apaixonadas de críticos e cinéfilos bem antes disso. O primeiro grande desafio cinematográfico proposto pelo cineasta foi “Pi” (1998). Um filme um tanto hermético sobre um matemático que busca a fórmula para os padrões universais e da natureza. O que mais chamou a atenção naquele filme foi a segurança do diretor em desvelar trama de natureza tão complexa. Aronofsky soube, como poucos diretores iniciantes, tirar proveitos de aspectos técnicos como edição e fotografia. O desafio seguinte parecia banal. Mas só parecia. Aronofsky não realizou com “Réquiem para um sonho” (2000) mais um filme sobre o impacto das drogas (legalizadas ou não). Ele realizou o filme sobre o impacto das drogas. Réquiem para um sonho é daquelas produções que te pega desprevenido e deixa algumas seqüelas. Erigia-se um cineasta de interesses complexos, técnica subversiva e que buscava, no cinema, diálogos com noções mais caras a psicologia do que a qualquer forma de arte.

Se passaram seis anos até que Aronofsky lançasse um novo filme. O projeto era pomposo. Seu trabalho mais pessoal e, paradoxalmente, mais autoral. “A fonte da vida” (2006), no entanto, foi um fracasso de público e crítica e confinou seu criador a uma crise criativa aguda – como o próprio revelaria dois anos mais tarde ao vencer o Leão de ouro em Veneza pelo filme que essa crise aguda produziu: “O lutador” (2008).

A fonte da vida” tinha uma pretensão épica, Hugh Jackman e uma recém oscarizada Rachel Weisz (à época esposa do diretor) no elenco. Existiam expectativas com relação à trama que colocava Jackman como um mesmo personagem – ainda que com personalidades derivativas – na busca pela tal fonte da vida em épocas diferentes. O objetivo era o melhor de todos: curar sua esposa (Weisz).

Já “O lutador” veio do nada. O que ajuda a entender o impacto de ver a grande atuação de Mickey Rourke, outro ressurgido das cinzas, em um filme que o diretor queria dirigir, mas ninguém queria produzir. Aronofsky se virou com empréstimos e rodou o filme no aperto. A glória e os prêmios vieram e devolveram ao cineasta aquele otimismo que o gravitava no final dos anos 90. Dez anos depois, Aronofsky era uma realidade. A diplomação autoral viria com “Cisne negro”, seu primeiro e até o momento único filme depois dos 40 anos. Ele já esteve envolvido com o novo filme de Wolverine (se desligou por diferenças criativas com o estúdio) e agora deseja realizar um épico sobre a vida de Noé.

Aquele mesmo que construiu a arca. Aronofsky chegou aos 40 cheio de confiança.