Eric P Sukys | 26 de abril de 2014

Clint Eastwood

Poucos diretores conseguem ser atores, produtores e realizar uma seqüência de filmes altamente elogiados depois de mais de 50 anos de carreira cinematográfica – é exatamente o caso de Clint Eastwood. Nascido na Califórnia em 1930, Eastwood tem atualmente 83 anos e começou a trabalhar como ator já em 1955, com 25 anos, depois de […]

Clint

Poucos diretores conseguem ser atores, produtores e realizar uma seqüência de filmes altamente elogiados depois de mais de 50 anos de carreira cinematográfica – é exatamente o caso de Clint Eastwood. Nascido na Califórnia em 1930, Eastwood tem atualmente 83 anos e começou a trabalhar como ator já em 1955, com 25 anos, depois de ter sido instrutor de nado e salva-vidas.

Seu primeiro filme estrelado na América foi em 1968. Porém, estrelou “Por um Punhado de Dólares” gravado por Sergio Leone em 1964, demorou a chegar ao público estadunidense, assim como as sequências informais “Por uns Dólares a Mais” (1965) e “Três Homens em Conflito” (1966). A partir deles, no entanto, Eastwood ficou conhecido e despertou a atenção dos produtores e diretores de Hollywood.

Clint Eastwood passou a ser estrela dos longas de ação e dos faroestes, queridinho da América. Ele estrelou: “A Marca da Força” (1968), “Meu Nome é Coogan” (1968), “O Desafio das Águias” (1968) e “Os Aventureiros do Ouro” (1969).

Já na década de 70, Eastwood deu um salto na carreira. Enquanto 1970 foi o ano de “Os Abutres Têm Fome” e “Os Guerreiros Pilantras”, em 1971 estreiou “Perseguidor Implacável”, em que o ator interpretava o inspetor Dirty Harry (houve mais quatro continuações), um sucesso de bilheteria, que ia na contramão do pacifismo hippie e trouxe frases memoráveis como “Do you feel lucky, punk?”.

Em 1971, Eastwood também lançou-se como diretor, com o filme “Perversa Paixão”, em que atua como um homem perseguido por uma mulher psicótica. Eastwood conciliou as carreiras de ator e diretor, muitas vezes dirigindo filmes que protagonizava (característica, ás vezes, não tão bem vista – ainda mais no início de carreira). Aconteceu em “O Estranho Sem Nome” (1973), “Escalado Para Morrer” (1975), “Josey Wales – O Fora da Lei” (1976), e muitos outros, até hoje, como em “Menina de Ouro” (2004) e “Gran Torino” (2008).

Após interpretar Dirty Harry, Eastwood emplacou diversos sucessos de bilheteria, como “Doido para Brigar… Louco para Amar” (e sua sequência “Punhos de Aço – Um Lutador de Rua”), uma comédia de ação, e “Alcatraz – Fuga Impossível”. Nesse último, o ator trabalhou novamente com Don Siegel, o diretor que o escalou em “Perseguidor Implacável” e “Os Abutres têm Fome”.

Mas o jeito durão de Clint Eastwood não teve melhor habitat para se desenvolver que os filmes Western. Em 1992, inclusive, ele dirigiu – e protagonizou –“Os Imperdoáveis”, vencedor dos prêmios Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor. Trazendo aos anos noventa, pela última vez, o espírito do faroeste, o filme junta ação, crise de identidade e reflexão metalinguística sobre um gênero que, desde 1992, é cada vez menos produzido. Logo em seguida, em 1995, provando que seu jeito fechado e carrancudo não interfere no emocional, fez juntamente com a queridíssima Meryl Streep “As Pontes de Madison”.

Depois de uma época tempestuosa, quando Clint Eastwood não conseguiu emplacar grandes filmes, ele resurgiu com a direção de “Sobre Meninos e Lobos” (2003), que venceu os Oscars de Melhor ator (Sean Penn) e Melhor Ator Coadjuvante (Tim Robbins). Baseado no livro de Dennis Lehanne, o drama conta a história da busca pela solução do assassinato da filha de Jimmy Marcus, papel de Penn.

Em 2004, Eastwood voltou à atuação e à direção com o memorável “Menina de Ouro”, que, não surpreendentemente, levou os Oscars de Melhor Direção, Melhor atriz (pela belíssima atuação de Hilary Swank) e Melhor Ator Coadjuvante (Morgan Freeman), além do Oscar de Melhor Filme. Depois disso, Eastwood só voltou a atuar em “Gran Torino” (2008), como um velho carrancudo (típico do diretor) que acaba tendo que defender seus vizinhos asiáticos da violência.

Fez ainda “A Conquista da Honra” (2006), “Cartas de Iwo Jima” (2006) e A Troca” (2008) – com Angelina Jolie. Em “Invictus” (2009), Clint Eastwood retrata um episódio da vida de Nelson Mandela e conta com a atuação de Matt Damon, repetida em “Em Além da Vida” (2010) – filme com o polêmico tema do espiritismo.

Em 2011, Eastwood se juntou a um dos atores mais queridos e elogiados do momento para contar a história do fundador do FBI. “J. Edgar”, exibido nos cinemas brasileiros em 2012, mostrou mais uma vez a capacidade de Leonardo DiCaprio, que combinada com a direção de Eastwood , nos trouxe mais um espetáculo cinematográfico, curiosamente ignorada pela Academia.

Com “J. Edgar”, vieram críticas de ambos os lados do espectro político norte-americano: tanto os republicanos, como Eastwood, ficaram descontentes com o retrato honesto e sem condescendência do fundador do FBI, quanto os democratas, que acusaram o diretor de não ter sido crítico à atuação do protagonista.

Seja pela polêmica, seja pela idade avançada, Eastwood diminui seu ritmo de produção cinematográfica. Em 2012, ele atuou no drama “Curvas da Vida”, deixando a direção a cargo de Robert Lorenz, que trabalhou como assistente de direção em vários filmes de Eastwood, como “Sobre Meninos e Lobos”, “Menina de Ouro” e “Cowboys do Espaço”.

Para 2014 e 2015, está programada a volta de Eastwood à cadeira de direção, com os filmes “Jersey Boys” e “American Sniper”. Já filmado, o primeiro é uma biografia do grupo musical The Four Seasons, ambientado nos anos 1960. Eastwood retorna ao universo musical que o fascina, ainda que não no jazz, seu estilo preferido (ele inclusive filmou uma cinebiografia de Charlie Parker, um dos maiores saxofonistas do mundo, em “Bird”, com Forest Whitaker).

“American Sniper” traz Bradley Cooper no papel principal, como um militar contando sua história de vida e sua carreira. O longa ainda está na fase de filmagem, programado para sair em 2015, quando Eastwood completa 60 anos de atividade profissional. Enquanto alguns idosos preferem os pijamas, a aposentadoria e assistir ao Raul Gil, Eastwood se mantém ativo, em frente ou atrás das câmeras. Melhor para nós.