Gisele Santos | 15 de agosto de 2015

Benicio Del Toro: um porto-riquenho de olhos misteriosos

Nome: Benicio Del Toro Nascimento: San Germán, Porto Rico, 19 de fevereiro de 1967. Três filmes essenciais: Medo e Delírio (1998), Traffic: Ninguém Sai Limpo (2000) e Che: O Argentino (2008) [img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/06/Benicio+Del+Toro+Benicio+Del+Toro+Savages+pao4v0L9dYZx.jpg”] Certa vez, eu estava trancafiado em casa sem nada para fazer em um sábado à noite e resolvi ligar a TV. Em […]

Nome: Benicio Del Toro
Nascimento: San Germán, Porto Rico, 19 de fevereiro de 1967.
Três filmes essenciais: Medo e Delírio (1998), Traffic: Ninguém Sai Limpo (2000) e Che: O Argentino (2008)

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/06/Benicio+Del+Toro+Benicio+Del+Toro+Savages+pao4v0L9dYZx.jpg”]

Certa vez, eu estava trancafiado em casa sem nada para fazer em um sábado à noite e resolvi ligar a TV. Em um daqueles canais pagos de filmes, estava passando “007 – Permissão para Matar” (1989). Não demorou muito tempo para eu notar que um dos vilões, Dario, não me era estranho. Olhos misteriosos e com um aspecto de sonolência. O jovem ator era Benicio Del Toro. Quem diria, em início de carreira, aos 21 anos de idade! Assumo que por um momento pensei ser o queridão Brad Pitt, mas depois notei as sutis diferenças. (Se você acha que sou louco, experimente jogar o nome dos 2 atores no google imagens. Ficará impressionado com a semelhança).

Apesar dessa pitoresca aparição como algoz de Bond, seu retrato mais popular na sétima arte é na pele de Ernesto “Che” Guevara. Mas nem sempre Del Toro levou o cinema tão a sério. Na adolescência, jogar basquete parecia a coisa mais importante. Havia já um certo interesse em atuação, mas sua insegurança frente ao conservadorismo paterno foi um grande obstáculo. Nascido em Porto Rico, no fim da década de 60, Benicio mudou-se com o pai para uma fazenda na Pensilvânia logo após a morte de sua mãe. E lá, a figura de autoridade cresceu cada vez mais. E isso fez com que o jovem porto-riquenho se fechasse cada vez mais em seu universo interior.

Ainda sob as rédeas do pai, Del Toro ingressou no curso de administração da Universidade da Califórnia. Ele deveria seguir a tradição familiar. No entanto, ao conseguir uma aula com a lendária professora de atuação Stella Adler, seu lado artístico veio novamente à tona. Resolveu cabular o curso de negócios e escondeu do pai por um bom tempo.

Com um excelente preparo técnico, fez algumas pontas nos anos 80, incluindo um episódio do seriado Miami Vice. Quando conseguiu emplacar em 007, foi considerado o ator mais jovem a viver um vilão de James Bond. Mas Benicio se destacou mesmo como o gângster Fenster em “Os Suspeitos” (1995), dirigido pelo mestre Bryan Singer. Após alguns trabalhos não tão expressivos, Del Toro mostrou novamente seu talento como um advogado chapado e sem escrúpulos em “Medo e Delírio” (1998). O filme, que trata da cultura de drogas e do chamado jornalismo gonzo, traz o ator quase irreconhecível, com excesso de peso e um estilo totalmente junkie.

Ainda na esteira do sucesso, recebeu uma estatueta do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Traffic” (2000). Seu retrato de um policial mexicano que vive dilemas diários e honestos cativou as salas de cinema mundo afora.

E é claro, entre os pontos fortes de Del Toro, não podemos se esquecer de Che: O Argentino (2008), como foi dito lá em cima. Narrado sob o ponto de vista do próprio Ernesto, o longa-metragem tem duas partes e tenta perscrutar o lado mais humano do médico argentino. Infelizmente, o belo trabalho também rendeu uma bela polêmica para Benicio, após entrevista na qual supostamente se negava a encarar o lado negativo e radical do herói. Porém, ao que tudo indica, foi muito mais uma insistência imatura de uma jornalista “assassina” do que uma hipotética imbecilidade do ator.