André Sobreiro | 16 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios – Mais um Tarantino Foda!

No último Festival de Cannes, Lars von Trier afirmou ser o melhor cineasta do mundo ao lançar o incrível Anticristo. Deixando o lado marketeiro de lado, é possível existir um cineasta hoje em dia que tenha consciência de sua genialidade e a use de maneira positiva? A resposta é sim, existe. E seu nome é […]

inglourious-basterds-0905-pp05_thumbNo último Festival de Cannes, Lars von Trier afirmou ser o melhor cineasta do mundo ao lançar o incrível Anticristo. Deixando o lado marketeiro de lado, é possível existir um cineasta hoje em dia que tenha consciência de sua genialidade e a use de maneira positiva? A resposta é sim, existe. E seu nome é Quentin Tarantino.

Sentei no cinema para assistir Bastardos Inglórios com a expectativa de presenciar uma obra pensada e trabalhada por anos a fio. Rezava a lenda que esse seria um projeto eterno de Tarantino que nunca sairia do papel. Aliás, que sequer ganharia a forma final no papel. Assim, a expectativa – ainda mais pós Kill Bill – era enorme.

E da melhor maneira possível, Tarantino não supriu essa expectativa, porém deixa uma satisfação maior do que se suprisse. Em outras palavras, mais que levar para as telas o esperado pelo seu público, Tarantino cria mais uma obra surpreendente, e por isso, melhor que a encomenda.

Em plena França invadida durante a Segunda Guerra Mundial, dois grupos independentes pretendem matar Hitler e todo o alto comando nazista durante a premiére do filme O Orgulho da Nação, sob as proezas do soldado Fredrick Zoller. O primeiro, sob o nome de Operação Kino, é formado por ingleses, uma atriz alemã agente dupla e os Bastardos Inglórios do título, grupo americano liderado pelo tenente Aldo Raine que pretende vingar os judeus matando nazistas. O segundo, menor, reúne o negro Marcel e sua amada Shosanna, judia que escapou do Caçador de Judeus, Hans Landa, e que pretende vingar o assassinato de sua família. A seu favor, ela tem o fato de ser a proprietária do cinema que acontece a grande estreia.

Um filme de guerra padrão não fosse a mão do diretor. Imagens lindas de uma França da década de 40 (o filme, aliás, foi realmente gravado no país), um roteiro ágil e, apesar do eterno clima de tensão em direção ao grande final, muito engraçado. Situação bastante comum, aliás, é ver sangue jorrando no filme e a platéia a gargalhar.

brad

Além disso, o genial trabalho de três atores ajuda a criar empatia com as três partes da obra, sem criar vilões ou mocinhos: Brad Pitt, Christoph Waltz e Melanie Laurent. O primeiro, maior galã mundial da atualidade, dá vida a um americano xucro, com um sotaque divertidíssimo (o buon giorno é simplesmente impagável) e mostra, mais uma vez, que a fase rostinho bonito (apesar dele ainda existir) está superada.

Christoph

Christoph Waltz, por sua vez, rouba todas as atenções sempre que está em cena com seu Hans Landa, o Caçador de Judeus. Educado, cínico até não poder mais, Landa é o grande fio condutor da trama e une as diversas histórias que compõem a obra.

melanie

Por fim, Melanie Laurent deve agradecer diariamente o fato de reunir talento e essa beleza clássica. Sua judia Shosanna é linda, delicada e permite que a atriz brinque bastante em cena com a dualidade entre essa beleza toda e a raiva que a personagem possui dos judeus. Sua última cena é, no mínimo, arrepiante.

Como um bom filme de Tarantino (e esse é dos melhores, com certeza) é possível passar horas e horas discutindo a trilha incrível (Ennio Morricone e Tarantino para mim, são uma combinação ideal), as belas imagens, cada uma das falas da obra e todo o elenco (que ainda conta com nomes como Michael Fassbender, Eli Roth, Til Schwelger, Daniel Brühl e Diane Kruger). Por ora, de maneira nada sutil (e ver um Tarantino, permite isso), fica o conselho: Corre e vai assistir que é do caralho!!!