Fernando Campos | 2 de junho de 2016

Alice Através Do Espelho

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Alice-Through-The-Looking-Glass.jpg”] Não dá pra falar de Alice, tanto “no País das Maravilhas” como “Através do Espelho”, sem citar o descontentamento geral com as adaptações pras telonas feitas pela Disney, cujo foco nos remakes de grandes animações continua de vento em popa. Em 2010, Tim Burton adaptou Alice no País das Maravilhas de uma maneira […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Alice-Through-The-Looking-Glass.jpg”]

Não dá pra falar de Alice, tanto “no País das Maravilhas” como “Através do Espelho”, sem citar o descontentamento geral com as adaptações pras telonas feitas pela Disney, cujo foco nos remakes de grandes animações continua de vento em popa.

Em 2010, Tim Burton adaptou Alice no País das Maravilhas de uma maneira bem diferente da obra de Lewis Carroll, publicada pela primeira vez em 1865. Apesar de bem sucedido nas bilheterias e da qualidade de seu trabalho, causou estranheza aos fãs da obra de Carroll justamente pelo afastamento da história original. Alice já começa sendo retratada como uma mulher feita e não como uma adorável e curiosa criança.

Seis anos depois, chega às telonas a sequência, Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass), só que desta vez nas mãos do diretor James Bobin (Os Muppets, 2011). Se você achava que Burton, que é creditado como um dos produtores do longa, se afastou bastante da história original, espere só até assistir a sequência. Devemos mesmo chamar ambos os filmes de “adaptação”, mesmo quando a essência da trama se perde por completo? Parece que o título foi tomado como um “empréstimo” e nada mais.

Como entender o motivo de sua sequência demorar seis anos pra ser lançada, considerando o sucesso estrondoso do filme anterior? Não venha dizer que “ah, é pra aumentar a expectativa do público”. A expectativa pra ver a história completamente modificada no cinema? Ainda assim, a qualidade do trabalho é digna de nota.

Enquanto “No País das Maravilhas” tem um tom mais dark e sombrio, “Através do Espelho” é bem colorido, psicodélico e bem mais frenético que o anterior. Repito: o fato da história ser completamente diferente das páginas de Carroll não tira completamente o mérito da produção, inclusive pra quem gostou do que o Tim Burton fez lá em 2010.

Sobre a trama de “Através do Espelho”. Depois de passar três anos velejando pelos mares no navio de seu pai, Alice (Mia Wasikowska) retorna a Londres e descobre que seu ex-noivo, Hamish Ascot (Leo Bill) tomou a empresa de seu pai e quer seu navio em troca da hipoteca da casa. No baile de gala onde recebe a notícia, ela reencontra a ex-Lagarta azul já metamorfoseada, Absolem (voz de Alan Rickman, seu último trabalho). Ao persegui-la, ela acaba entrando dentro de um espelho levando-a, novamente, ao País das Maravilhas. Chegando lá, ela descobre que o Chapeleiro (Johnny Depp) está deprimido, crente de que sua família ainda está viva e que só Alice pode trazer sua alegria de volta. Mas pra isso, ela precisa alterar o tempo, que tem papel crucial nesta sequência.

A pedido de Mirana, a Rainha Branca (Anne Hathaway), Alice deverá consultar o Tempo (Sacha Baron Cohen) e convencê-lo a salvar a família do Chapeleiro, sem sucesso. Então ela acaba roubando a “cronosfera”, uma máquina do tempo que funciona no castelo do próprio Tempo. Assim, colocando em risco toda a história do local, ela inicia uma viagem no tempo, passando por vários pontos do passado, revelando a infância de Iracebeth, a Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter) e sua rixa com a irmã Mirana. Basicamente esse o enredo novo em folha de Alice Através do Espelho.

A parte técnica é realmente digna de atenção, apesar do roteiro fraco e, muitas vezes, explicativo e didático. A fotografia de Stuart Dryburgh e o desenhista de produção fazem um ótimo trabalho no visual do longa, desde o Palácio do Tempo, com seus relógios pendurados que controlam a vida de cada um, até o País das Maravilhas psicodélico, colorido e vivo, contrastando imensamente com a fotografia (igualmente incrível) escurecida e cinzenta de Burton. Colleen Atwood também merece destaque pelos figurinos e chapéus variados.

Apesar dos pesares, Alice Através do Espelho é uma boa pedida, uma incrível experiência visual. Quem gostou do primeiro filme provavelmente vai se deleitar com a sequência. Já os fãs da obra original de Lewis Carroll, bem…ah é, já se decepcionaram em 2010: pra que outra decepção, não é mesmo?