André Sobreiro | 30 de novembro de 2017

Crítica | Assassinato no Expresso do Oriente

Adaptações de livros são problemáticas. Ao mesmo tempo que se tornam, cada dia mais, uma fonte de ideias para Hollywood, nada supera a nossa imaginação e as chances de o resultado ser pior que os originais são grandes. E quando a gente fala em Agatha Christie, a coisa ganha alguns contornos piores. Obras de detetive […]

Adaptações de livros são problemáticas. Ao mesmo tempo que se tornam, cada dia mais, uma fonte de ideias para Hollywood, nada supera a nossa imaginação e as chances de o resultado ser pior que os originais são grandes. E quando a gente fala em Agatha Christie, a coisa ganha alguns contornos piores.

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Obras de detetive costumam ter muitos personagens, uma ambientação que cria um clima de tensão. E transmitir isso para as telas pode não funcionar. E toda essa introdução é para te assustar apenas. Assassinato no Expresso do Oriente funciona sim.

A adaptação dirigida e estrelada por Kenneth Branagh traz muito do que a gente espera do livro que a inspira. Para começar, o trem. Assassinato no Expresso do Oriente se passa essencialmente no famoso trem, que Poirot pega por acaso e acaba testemunhando um assassinato.
E essa atmosfera está toda lá: a sensação de aperto – é um trem, afinal de contas – de proximidade entre aquelas pessoas, tão estranhas entre si e unidas por um acaso que é a viagem. Outro ponto de destaque desse trem é a elegância. Branagh construiu com a cenografia e o figurino do filme um ambiente elegante, digno do Expresso do Oriente.

Outra coisa que está ali são os muitos personagens. E não só muita gente, mas muita gente talentosa. Todos os atores – especialmente Michelle Pfeiffer – estão bastante confortáveis em seus papéis e conseguem imprimir no público aquela eterna sensação de dúvida. Até Johnny Depp, que eu esperava me decepcionar, entrega um ótimo trabalho.

Branagh, contudo, merece todos os louros. Além de dirigir o filme com a elegância de um Shakesperiano, ainda faz um Hercule Poirot como a gente espera: inteligente, com suas manias e tiques tão peculiares. E o indefectível e marcante bigode. Falta, talvez, um pouco da estranheza de Poirot e sua consciência da genialidade. Mas nada que comprometa a obra.

Se você gosta do clima de mistério e do “Quem Matou?”, vai gostar bastante.

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