André Sobreiro | 26 de novembro de 2017

Darren Aronofsky, o hermético do grande público

Nome completo: Darren Aronofsky Data de Nascimento: 12 de fevereiro de 1969 em Nova York, Estados Unidos. Três filmes essenciais: Cisne Negro, Réquiem para um Sonho e Mãe! Não são muitos os diretores que, antes dos 40, já provocam comoção. Desde 2009, o americano do Brooklyn Darren Aronofsky já tem mais de 40 anos. Contudo, […]

Nome completo: Darren Aronofsky
Data de Nascimento: 12 de fevereiro de 1969 em Nova York, Estados Unidos.
Três filmes essenciais: Cisne Negro, Réquiem para um Sonho e Mãe!

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Não são muitos os diretores que, antes dos 40, já provocam comoção. Desde 2009, o americano do Brooklyn Darren Aronofsky já tem mais de 40 anos. Contudo, ele já instigava e provocava reações apaixonadas de críticos e cinéfilos bem antes disso. O primeiro grande desafio cinematográfico proposto pelo cineasta foi “Pi” (1998). Um filme um tanto hermético sobre um matemático que busca a fórmula para os padrões universais e da natureza. O que mais chamou a atenção naquele filme foi a segurança do diretor em desvelar trama de natureza tão complexa. Aronofsky soube, como poucos diretores iniciantes, tirar proveitos de aspectos técnicos como edição e fotografia. O desafio seguinte parecia banal. Mas só parecia. Aronofsky não realizou com “Réquiem para um sonho” (2000) mais um filme sobre o impacto das drogas (legalizadas ou não). Ele realizou o filme sobre o impacto das drogas. Réquiem para um sonho é daquelas produções que te pega desprevenido e deixa algumas sequelas. Erigia-se um cineasta de interesses complexos, técnica subversiva e que buscava, no cinema, diálogos com noções mais caras a psicologia do que a qualquer forma de arte.

Se passaram seis anos até que Aronofsky lançasse um novo filme. O projeto era pomposo. Seu trabalho mais pessoal e, paradoxalmente, mais autoral. “A fonte da vida” (2006), no entanto, foi um fracasso de público e crítica e confinou seu criador a uma crise criativa aguda – como o próprio revelaria dois anos mais tarde ao vencer o Leão de ouro em Veneza pelo filme que essa crise aguda produziu: “O lutador” (2008).

“A fonte da vida” tinha uma pretensão épica, Hugh Jackman e uma recém oscarizada Rachel Weisz (à época esposa do diretor) no elenco. Existiam expectativas com relação à trama que colocava Jackman como um mesmo personagem – ainda que com personalidades derivativas – na busca pela tal fonte da vida em épocas diferentes. O objetivo era o melhor de todos: curar sua esposa (Weisz).

Já “O lutador” veio do nada. O que ajuda a entender o impacto de ver a grande atuação de Mickey Rourke, outro ressurgido das cinzas, em um filme que o diretor queria dirigir, mas ninguém queria produzir. Aronofsky se virou com empréstimos e rodou o filme no aperto. A glória e os prêmios vieram e devolveram ao cineasta aquele otimismo que o gravitava no final dos anos 90. Dez anos depois, Aronofsky era uma realidade. A diplomação autoral viria com “Cisne negro”, seu primeiro filme depois dos 40 anos.

Com a expectativa enorme após “Cisne Negro”, a pressão aumentou. E o diretor infelizmente não entregou. Sua versão de Noé, estrelada por Russell Crowe e Jennifer Connelly se arrasta e nem mesmo a clássica histórica assegurou um sucesso como seu antecessor.

O que não é de todo mal. O fracasso de “Noé” abriu espaço para o diretor unir o melhor de seus mundos: a autoralidade e o contato com grandes nomes. O resultado é “Mãe!”. O filme é difícil, causa reações – nem sempre boas – por onde passa e vem arrancando elogios de suas atuações (especialmente as femininas) e das milhares de alegorias e referências bíblicas. Uma bela retomada.