Diego Olivares | 22 de setembro de 2017

Columbus

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[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2017/09/MV5BYmU0MWRlNmYtZjliMS00YjcxLWE3NzAtOTVhMTE0OWFlOTYwXkEyXkFqcGdeQXVyMTkxNjUyNQ@@._V1_.jpg”]

Em determinado momento de “Columbus” a mãe da protagonista reclama da falta de tempero na sopa preparada pela garota. A jovem responde que é proposital, com a intenção de criar uma refeição mais leve, onde se é capaz de identificar e saborear melhor cada alimento. Este diálogo diz muito sobre o filme de estreia do diretor Kogonada. A simplicidade é o grande êxito de “Columbus”, que não apela para um espetáculo visual, mas possui uma preocupação formal que nos permite aproveitar melhor cada um de seus elementos.

“Columbus” se passa em uma pequena cidade homônima tratada como uma verdadeira meca norte-americana da arquitetura modernista. Acompanhamos dois personagens: Casey (Haley Lu Richardson), uma jovem bibliotecária apaixonada por arquitetura e Jin (John Cho), filho de um renomado arquiteto que sofreu um ataque e está em coma.

Kogonada é uma figura importante no mundo dos vídeo-ensaios, portanto faz sentido que alguém tão interessado na linguagem cinematográfica possua uma preocupação formal aguçada em seu trabalho. Além disso, em um filme onde a arquitetura e a paixão de seus personagens por ela são elementos tão relevantes, é notável a influência estética que estes exercem e Kogonada a aproveita de maneira muito sensível. É um filme fotografado quase que exclusivamente com planos estáticos, simétricos, que contemplam, de forma um tanto solitária, as construções da cidade e a vida de seus personagens.

O diretor mantém esta simplicidade no desenvolvimento das relações entre personagens. A grande maioria dos diálogos são filmados apenas em dois planos, reforçando a naturalidade das situações e destacando as performances. Os poucos movimentos de câmera também são sutis. São travellings suaves que, não aleatoriamente só ocorrem em momentos contracenados pelos protagonistas e que, em contraste com a imobilidade do restante do filme, ganham ainda mais importância e sensibilidade.

Há um processo parecido no uso da trilha sonora, uma vez que ela não está presente em grande parte do filme, o que enriquece ainda mais os momentos em que ela aparece. Inclusive a primeira cena que usa trilha é uma das mais bonitas que vi este ano: Jin pergunta para Casey o que é que a faz gostar tanto de determinada obra, e ao demonstrar a resposta da garota, Kogonada faz algo absolutamente encantador. O diretor nos coloca dentro do prédio, nos impossibilitando de ouvir o que a jovem diz. Mas não precisamos. Ver a paixão de Casey enquanto responde e o fascínio de Jin enquanto a ouve, de forma levemente embaçada graças ao vidro que nos separam deles, é mais do que o suficiente. E ao acrescentar uma trilha sonora, algo inusitado e até então omitido pelo filme, a cena se torna ainda mais marcante.

Minimalista e sensível, a estreia de Kogonada enquanto diretor é belíssima. Assim como a sopa de Casey, “Columbus” se destaca pela simplicidade e nos permite saborear cada detalhe, deixando um pós-gosto muito mais agradável.

Assista ao trailer de ‘Columbus’:

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