multitela: O que será do Emmy sem Game of Thrones?
[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2017/08/Multitela.jpg”] Estamos em 2017, e tivemos que esperar alguns meses a mais para acompanhar essa que não é só a série mais assistida do mundo, mas o grande fenômeno da televisão de todos os tempos. A HBO alegou o óbvio, como se isso não tivesse sido um problema em outras temporadas: as gravações em […]
[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2017/08/Multitela.jpg”]
Estamos em 2017, e tivemos que esperar alguns meses a mais para acompanhar essa que não é só a série mais assistida do mundo, mas o grande fenômeno da televisão de todos os tempos. A HBO alegou o óbvio, como se isso não tivesse sido um problema em outras temporadas: as gravações em diversas cidades do planeta e a necessidade de gravar “o inverno que estava chegando e chegou” acabaram por acarretar uma divisão da última temporada em duas partes, com sete episódios para julho/agosto de 2017 e outros sete em julho/agosto de 2018. Com essa postergação, teremos um Emmy sem GoT – apelido da série, para os mais chegados ou mesmo preguiçosos – e, como era de se esperar, abarrotado de indicações para Westworld.
Uma coisa podemos ter certeza: essa dinâmica de um ano sem GoT no primeiro ano de Westworld não é uma coincidência. Foi muita esperteza da HBO deixar o caminho livre no Oscar da Televisão Americana para sua nova aposta, sem ter que arriscar que duas de suas séries mais rentáveis – e, sem dúvidas, mais caras – batalhassem como dois Golias ou mesmo Montanha’s (entendedores entenderão) enquanto correria o risco de ver um pequeno Davi de um formador de conteúdo em streaming (atenção para The Handmaid’s Tale, coleguinhas) abocanhar os tão esperados prêmios de Melhor Série, Direção e Roteiro em Drama. Sem contar alguns possíveis prêmios de atuação coadjuvante, e os certeiros prêmios técnicos.
Foi exatamente por isso que essa jogada teve o resultado que todos esperávamos: Westworld emplacando indicações em todas as categorias principais, e não somente nos campos de Melhor Série, Melhor Direção e Melhor Roteiro. Tornou-se a série mais indicada do ano, com 22 indicações – cravando até exceções inesperadas, como nomes de peso em todas as categorias de atuação, incluindo Anthony Hopkins indicado como Melhor Ator (desnecessário, não é mesmo?), Evan Rachel Wood indicada como melhor atriz (minimamente merecido), Jeffrey Wright nomeado como Coadjuvante (merece qualquer prêmio) e a grande força motriz da série, Thandie Newton, também nomeada na categoria de Coadjuvante.
Esse feito não havia sido igualado nem por Game of Thrones, que durante anos teve (quase, considerando unicamente Tyrion/Peter Dinklage) todos os seus atores meio renegados – fato que mudou nas duas últimas temporadas. De qualquer maneira, não podemos dizer que esse acerto de cronograma da HBO traga necessariamente uma vitória indiscutível. Temos alguns candidatos bem fortes na lista, (quase) todos tão bons ou melhores, por assim dizer, que Westworld.
Desde o fenômeno The Handmaid’s Tale, realizado pelo Hulu e encabeçado (além de produzido) por uma inspirada Elisabeth Moss, passando pela queridinha (e ótima) The Crown e chegando na terceira – e melhor até agora – temporada de Better Call Saul, muitas são as obras que podem (e até devem) tirar o lugar de Westworld como o “Game of Thrones do ano” – frustrando as expetativas da HBO de repetir o que ocorreu no ano passado, com sua dobradinha em Drama e Comédia com Game of Thrones e VEEP, respectivamente. Falando em VEEP, ninguém deve – ou deveria, ao menos – tirar o prêmio das mãos da série e de sua protagonista, a já icônica Julia Louis-Dreyfus, em uma obra que mesmo com uma temporada abaixo das expectativas ainda se mantém como a melhor série de comedia da atualidade. No entanto, o sucesso – e a temática, por assim dizer – de Atlanta, junto com seu ator-produtor-criador Donald Glover, parecem ser um bom adversário na disputa desse ano.
Emmy com cara de Oscar
Nas categorias de Telefilme/Minissérie e Série Limitada, estamos em um ano totalmente Hollywoodiano. Não teremos as estrelas de GoT no tapete vermelho do Emmy mas, se todos os participantes indicados esse ano comparecerem, é possível dizer que a ausência de Jon Snow não fará muita falta. Teremos Nicole Kidman e Reese Witherspoon pela provavelmente premiada Big Little Lies, Susan Sarandon e Jessica Lange pelo melhor trabalho de Ryan Murphy até hoje, a deliciosa Feud – somando quatro estrelas já Oscarizadas e “brincando” na mesma categoria, a de Melhor Atriz em Telefilme, Minissérie ou Série Limitada. Mas temos chance de zebra esse ano: Carrie Coon que, tanto pela terceira temporada de Fargo quanto pelo renegado The Leftovers, tem abocanhado todos os prêmios da crítica especializada americana.
Parece que o Emmy sobreviverá – e bem – até o retorno de GoT no ano que vem. Teremos algumas premiações óbvias – Elisabeth Moss dele levar como Melhor Atriz em Drama, Julie em Comédia, Bob Odenkirk como Ator -Drama por Better Call Saul e Donald Glover como Melhor Ator em Comédia por Atlanta; todos mais que justos e merecidos, em um ano em que os favoritos são realmente pessoas que merecem ganhar e provavelmente são os melhores em suas respectivas categorias. Big Little Lies deve abocanhar a maioria dos prêmios, embora não mereça – tanto Feud quanto Fargo são obras melhores, com roteiros mais fortes e melhor realizadas, e não um mero exercício de estilo como Big.
Além disso, este é um ano em que também temos uma pequena pérola como The Night Of, uma das melhores minisséries já produzidas pela TV americana – e que deve premiar, de maneira tardia e mais que justa, o trabalho comovente e cheio de camadas de John Turturro. Ao final, em um em que Fargo apresenta uma temporada tão impressionante, não deveria haver dúvida de quem sairia vencedor, mesmo com tantas outras boas escolhas nessa categoria. E todo mundo sempre preocupado com Game of Thrones – vai entender, não é mesmo?