Diego Olivares | 27 de julho de 2017

De Canção Em Canção

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2017/07/maxresdefault-4.jpg”] Terrence Malick possui um estilo muito próprio de contar histórias. Seus filmes fogem de aspectos tradicionais em quase todos os conceitos, seja no desenvolvimento de todo um arco narrativo ou na criação de uma simples cena. Este seu estilo, que alcançou o ápice em 2011 com o belíssimo “A árvore da vida”, se […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2017/07/maxresdefault-4.jpg”]

Terrence Malick possui um estilo muito próprio de contar histórias. Seus filmes fogem de aspectos tradicionais em quase todos os conceitos, seja no desenvolvimento de todo um arco narrativo ou na criação de uma simples cena. Este seu estilo, que alcançou o ápice em 2011 com o belíssimo “A árvore da vida”, se manteve nos trabalhos seguintes e está presente no seu novo filme, “De canção em canção”.

As peculiaridades do diretor americano e a constância delas em suas produções cria certo distanciamento do público e causa estranheza aos mais desavisados. Na sessão em que assisti “De canção em canção”, por exemplo, uma senhora esbravejou um “que filme mais estranho! ” logo na primeira metade do filme. Os críticos também estão se afastando de Malick, caracterizando seus trabalhos como repetitivos e “conceituais” demais. Eu ainda gosto muito de seus filmes, inclusive deste sobre o qual escrevo. Acredito que sua constância não deva ser caracterizada como viciosa ou como uma insistência estética e sim como a concretização de um cinema verdadeiramente autoral.

Com um elenco repleto de estrelas como Natalie Portman, Ryan Gosling, Rooney Mara, Michael Fassbender e Cate Blanchett, “De canção em canção” acompanha uma série de relacionamentos, amorosos e profissionais, no cenário da música americana. Alternando entre as perspectivas de seus personagens, Malick evidencia uma geração desapegada, movida por motivações artificiais, perdida no mundo e em si.

O diretor aproveita o cenário que escolheu em seu filme para trazer participações de grandes estrelas da música. Interpretando versões deles próprios, Iggy Pop, Red Hot Chilli Peppers e Florence Welch fazem pequenas pontas e Patti Smith possui maior importância, tendo nos seus relatos e conselhos os momentos mais honestos do filme.
Esteticamente, o filme é uma espécie de colagem, mantendo o estilo de seu diretor. Trata-se de uma série de narrações ou diálogos em off protagonizados por personagens distintos, dependendo da perspectiva de quem estamos acompanhando no momento. Essa busca por experiências pontuais ao invés de um enredo tradicional é enriquecida pela fotografia do sempre genial Emanuel Lubezki. Inquieta, a câmera do argentino parece procurar o que fotografar a todo instante: um olhar, um aperto, o espaço entre duas pessoas. Tão bonito quanto o que ela encontra é o caminho que ela percorre nesta busca.

Terrence Malick é um autor. Sua forma de contar histórias resulta em experiências valiosas e sinestésicas. “De canção em canção” é mais uma prova de sua capacidade enquanto cineasta.

Assista ao trailer de ‘De Canção Em Canção’:

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