Diego Olivares | 24 de janeiro de 2017

Manchester À Beira-Mar

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2017/01/manchester0002-1.jpg”] “Manchester à beira-mar” é um filme muito difícil de se assistir. O longa, dirigido por Kenneth Lonergan, apresenta personagens rodeados por cenários extremamente trágicos e a experiência de presenciá-los, enquanto espectador, é um verdadeiro soco na cara. Mas é um soco que vale à pena. Com atuações precisas, um roteiro genuíno e uma […]

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“Manchester à beira-mar” é um filme muito difícil de se assistir. O longa, dirigido por Kenneth Lonergan, apresenta personagens rodeados por cenários extremamente trágicos e a experiência de presenciá-los, enquanto espectador, é um verdadeiro soco na cara. Mas é um soco que vale à pena. Com atuações precisas, um roteiro genuíno e uma direção intimista, o filme é um dos melhores da temporada de premiações.

Acompanhamos Lee Chandler (Casey Affleck), um zelador solitário que, após a morte de seu irmão (Kyle Chandler), é obrigado a retornar à cidade litorânea de Manchester e se deparar com seu passado.

A atuação de Affleck é impressionante. Sem exageros, o ator transmite todo o peso e a dor de seu personagem através do olhar e da postura. Trata-se de um homem melancólico, cuja apatia torna suas poucas exposições de emoções ainda mais intensas.

A forma com que Lonergan revela o motivo da depressão do protagonista é muito eficaz. Ao utilizar flashblacks entrecortados com situações do presente, o diretor não só expõe o passado trágico do personagem, como também enfatiza, através de contrastes ou reincidências, os sentimentos expostos em cena.

Outro aspecto muito feliz da direção de Lonergan é a capacidade de transmitir apenas o minimamente necessário para o espectador captar o que está sendo passado. Há cenas em que, mais importante do que um desabafo, é a reação de quem está ouvindo-o, ou, no exemplo mais claro desta característica do filme, cenas onde o diálogo é sobreposto por alguma trilha sonora, pois o olhar e a linguagem corporal já são o suficiente para compreendermos o que está acontecendo.

O roteiro, também de Lonergan, além de criar um cenário terrível, mas desenvolvê-lo de forma muito humana e sensível, encontra na relação de Lee com seu sobrinho (Lucas Hedges), um humor irreverente em certos momentos. Vale destacar a atuação do garoto, aparentemente seguro e pouco abalado pela morte do pai, mas que quando finalmente desaba, o jovem ator é capaz de segurar uma das cenas mais difíceis do filme.

Outra atuação que merece destaque é a de Michelle Willians. Com muito menos tempo de tela, a atriz, que vive a ex-esposa de Lee, constrói, junto de Affleck, a cena mais importante do filme. Além de escancarar todo o sentimento e a forma com que cada um reagiu, e ainda reage, diante do passado trágico, o diálogo resume a história temática e emocionalmente. Trata-se de um filme sobre perdão, ou a incapacidade de perdoar a si próprio.

Merecedor de todos os prêmios e elogios que recebeu e receberá (Casey Affleck é favorito e merecedor do Oscar), “Manchester à Beira-Mar” é extremamente humano e íntimo. Tão difícil quanto assisti-lo é tirá-lo da cabeça.

Assista ao trailer de ‘Manchester À Beira-Mar’:

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