Felipe Curcio | 14 de dezembro de 2016

cine música: Um encontro entre o humor, o kitsch e o super-herói

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/12/deadpool-2-boyfriend-pic1.jpg”] Mais duas semaninhas, graças a todas as forças que movem esse universo, 2016 chega ao final. E, entre mortos e feridos desse ano que foi, muito provavelmente, escrito e dirigido por Quentin Tarantino, um destaque positivo e animador ficou: a ousadia de um filme que misturou humor negro, trama de amor, tortura, cegueira […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/12/deadpool-2-boyfriend-pic1.jpg”]

Mais duas semaninhas, graças a todas as forças que movem esse universo, 2016 chega ao final. E, entre mortos e feridos desse ano que foi, muito provavelmente, escrito e dirigido por Quentin Tarantino, um destaque positivo e animador ficou: a ousadia de um filme que misturou humor negro, trama de amor, tortura, cegueira e George Michael.

“Deadpool”, estrelado por Ryan Reynolds, tinha tudo para ser mais um filme de super-herói. Exceto que não foi. O personagem comanda a história, fala com a platéia – quebra a terceira e a quarta parede (ou a 16ª parede, como ele mesmo brinca), cita uma briga das produtoras, zoa outros filmes da Marvel e, claro, ri muito de si mesmo.

Diferente de certos-filmes-baseados-em-quadrinhos, a escolha de músicas de “Deadpool” é, apesar de bastante eclética, coerente com toda a aura bem humorada do personagem principal.

O filme começa com uma cena congelada de uma confusão total, tem carro girando, bala sendo atirada, pessoas caindo, tudo isso aos acordes da country “Angel of the Morning”, na versão de Juice Newton, já entendemos, mesmo antes dos letreiros engraçadinhos (o dos roteiristas é o melhor) que o herói é meio zoado. E que isso é ótimo.

Um pouco depois, Deadpool está sentado em cima de um viaduto, olhando para a estrada abaixo e balançando as pernas ao som de Shoop, do Salt and Peppa, então ele olha para câmera e, VEJA SÓ, fala com a gente. Sim, ele fala com o público, brincando com ele mesmo, como uma criança. A música ajuda a entrar no clima com as batidas ritmadas no mesmo balanço das pernas de Wade.

As músicas que tocam no filme são aqueles clássicos kitsch equivalentes a “Evidências” de Chitãozinho e Xororó, que todos cantam felizes no videokê. De “Careless Whisper”, que toca maravilhosamente em uma cena importante do filme, até “Mr. Sandman”, das The Chrodettes, clássico dos anos 50 que pode ser escutada enquanto Wade passa pelos piores tipos de provações para poder ter seu gene X ativado, as músicas escolhidas para “Deadpool” ressaltam o fator divertimento do próprio super-heroi, o que acaba transpirando para o filme.

É interessante que uma das histórias mais pesadas de super-herói, que passa por muitas mortes, tortura, câncer terminal, foi contada da maneira mais leve e extremamente engraçada. As músicas ajudam a amenizar a história e a dar ainda mais substância para esse anti-herói. Por meio delas, o riso vem, mas também a empatia com o personagem principal, empatia que depois vira simpatia..e, logicamente, amor.

Deadpool, no final das contas, é o super-herói que 2016 merece.