Guilherme Barreto | 3 de agosto de 2016

Esquadrão Suicida

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/08/temp5393.jpg”] Após a decepção que a maioria do público teve com “Batman Vs Superman: A Origem da Justiça”, se esperava muito de “Esquadrão Suicida” para sabermos o que esperar do universo da DC Comics nos cinemas. Já adianto dizendo que “Esquadrão Suicida” não é um grande filme, mas é um entretenimento de qualidade. A […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/08/temp5393.jpg”]

Após a decepção que a maioria do público teve com “Batman Vs Superman: A Origem da Justiça”, se esperava muito de “Esquadrão Suicida” para sabermos o que esperar do universo da DC Comics nos cinemas. Já adianto dizendo que “Esquadrão Suicida” não é um grande filme, mas é um entretenimento de qualidade.

A história se passa após os acontecimentos de “Batman Vs. Superman”, quando Amanda Waller (Viola Davis) – membro do Conselho de Defesa – tem como projeto montar uma equipe formada por vilões para trabalhar para o governo norte-americano, caso ocorra ameaças feitas por meta-humanos, ou seja, humanos com poderes especiais. Essa equipe é composta por: Rick Flag (Joel Kinnaman), um militar que trabalha para o governo; Pistoleiro (Will Smith), um assassino de aluguel; Capitão Bumerangue (Jai Courtney), um ladrão de joias; El Diablo (Jay Hernandez), um incendiário; Killer Croc (Adewale Akinnuoye-Agbaje), um monstro meio humano e meio crocodilo; Katana (Karen Fukuhara), uma ninja morta; e por último, a insana Arlequina (Margot Robbie), o braço direito do terrível Coringa (Jared Leto). A equipe precisa se unir para impedir que a bruxa Magia (Cara Delevingne), destrua o mundo.

Como deu pra perceber, a trama principal do longa é bem básica. Mas o que torna o longa agradável são os seus personagens. São bem escritos, autênticos e carismáticos. O que ajuda é o ótimo elenco. A equipe tem muita química entre si e todos cumprem muito bem seus papéis, até atores medíocres como Joel Kinnaman e Jay Courtney surpreendem. O primeiro por trazer uma forte imponência ao militar Flag e o segundo por mostrar um ótimo timing cômico como o Capitão Bumerangue. Os destaques ficam por conta de Will Smith, que faz que o seu Pistoleiro seja o personagem mais interessante do longa e o casal Margot Robbie e Jared Leto. Inclusive, esse casal que teve uma grande campanha de marketing (Leto principalmente, que chegou ao ponto de irritar) realmente está muito bem, pois além de apresentar uma ótima química, ambos mostram que estão se dedicando de corpo e alma aos seus personagens.

É bom deixarmos outra coisa bem clara: não tem como comparar o trabalho de Leto ao de Heath Ledger em “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Por mais que seja o mesmo personagem, as leituras são muito diferentes. O Coringa de Ledger era um caótico que simbolizava o pânico e a violência, já esse de Leto é um vilão no sentido mais clássico da palavra. Ele é um gangster que quer dominar o seu território. E por mais que essa leitura do Coringa não seja tão profunda e complexa, ainda é eficiente. Um dos motivos é a atuação de Leto, que por mais que esteja meio over em algumas cenas, faz um trabalho muito bom. O ator tem uma presença de tela muito forte e o seu personagem é realmente ameaçador. Um belo trabalho!

Outros fatores que chamam a atenção do longa são a direção de arte e trilha sonora. A primeira por ser um trabalho que salta aos olhos e que conversa com o tom irônico e meio sombrio da narrativa. Desde os usos das cores berrantes e quentes dos figurinos dos personagens aos cenários que são muito sombrios e pesados. E o próprio design dos personagens diz muito sobre a sua personalidade. Desde a roupa de cowboy do Pistoleiro em uma cena, mostrando que tem senso de justiça, até as tatuagens do Coringa de Arlequina, que mostram não só o seu gosto pelo exótico, mas como são personagens imprevisíveis e insanos.

Já a trilha sonora, tanto a incidental quanto a composta por Steven Price, é pontual e funciona muito bem na estrutura narrativa. Notem como Price faz uma trilha que soa irônica, pelo fato de vermos uma equipe de vilões agindo como uma equipe de heróis. E a incidental é uma seleção muito bem escolhida, que vai de Fortunate Sun do Creedence Clearwater Revival a clássica Bohemian Rhapsody do Queen, que já estava no trailer. O problema é que o diretor David Ayer insere a trilha incidental em momentos errados, chamando mais a atenção por ser uma música boa do que algum propósito narrativo.

Aliás, Ayer se mostra ser o grande problema do longa, pois tanto o roteiro quanto a direção tem problemas. O roteiro por ter excesso de diálogos clichês, frases de efeitos, piadas repetidas e por criar algumas situações muito estúpidas, como o próprio motivo o qual Magia se torna uma ameaça é de uma total falta de lógica. Outro ponto em que o roteiro peca é de aprofundar alguns personagens (o Pistoleiro, Flagg, a Arlequina e o Diablo), outros acabam ficando unidimensionais (Croc e Katana) e outros que ficam sem função (Coringa).

Já na direção, Ayer não consegue criar tensão e nenhuma cena de ação do longa empolga. As cenas de ação são mal filmadas, pois não aproveita a boa coreografia das lutas e falta dar emoção a elas. Ou é um corte no local errado ou uma música que entrega o que vai acontecer e em um filme como esse é tristes não termos cenas de ação empolgante.

Enfim, “Esquadrão Suicida” é uma diversão bem decente. Não foi dessa vez que a DC trouxe um filme cem por cento satisfatório, mas o gosto foi melhor que o que foi deixado em abril com o pretensioso filme comandado por Zack Snyder.

Assista ao trailer de Esquadrão Suicida:

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