Gisele Santos | 23 de julho de 2016

Ozu: O Estado de Perfeito Equilíbrio

Nome: Yasujiro Ozu Nascimento: 12 de dezembro de 1903, em Tóquio, Japão. Falecimento: 12 de dezembro de 1963, em Tóquio, Japão. Três filmes essenciais: Meninos de Tóquio (1932), Pai e Filha (1949) e Era Uma Vez em Tóquio (1953). [img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/06/yasujiro-ozu.jpg”] Quando assistimos a um filme de Ozu, provavelmente estamos o mais perto possível do […]

Nome: Yasujiro Ozu
Nascimento: 12 de dezembro de 1903, em Tóquio, Japão.
Falecimento: 12 de dezembro de 1963, em Tóquio, Japão.
Três filmes essenciais: Meninos de Tóquio (1932), Pai e Filha (1949) e Era Uma Vez em Tóquio (1953).

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Quando assistimos a um filme de Ozu, provavelmente estamos o mais perto possível do ideal greco-romano de equilíbrio. A câmera quase sempre imóvel e os enquadramentos precisos se comparam a um edifício que jamais irá desabar. Até mesmo o enredo de seus filmes trabalha com o comedimento, nunca com o excesso. Vemos pais e filhos que tentam se conciliar, trabalhadores urbanos que simplesmente precisam ganhar a vida. Nenhum deles quer promover uma grande ruptura, uma violenta revolução.

A vida pessoal do cineasta japonês é exatamente o contrário de sua cinematografia. Rebelde na infância, foi expulso da escola e se entregou excessivamente ao álcool. Começou a gostar da sétima arte quando descobriu obras de Hollywood, por exemplo as comédias de Chaplin. Sua carreira começou nos anos 20, como assistente de câmera na produtora de filmes Shoshiku.

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Um dos filmes que merece atenção é “Meninos de Tóquio”. Na trama, dois meninos que sofrem bullying acabam virando líderes de uma gangue. Eles se revoltam quando descobrem que o pai, que trabalha em um escritório, é meio puxa-saco do chefe. Como em Ozu nunca há uma grande explosão, eles acabam compreendendo que o mundo adulto é complexo e exige paciência e dinheiro para pagar as contas.

Além disso, na cena destacada temos um ângulo de visão famoso na obra de Ozu. Ele costumava deixar a câmera baixa, mantendo o umbigo das personagens no centro do fotograma. Alguns críticos dizem que é para se assemelhar à visão dos japoneses quando se ajoelham. Outro dizem que é para reforçar a estática da forma, pois o centro de gravidade está no umbigo.

Ozu demorou para ganhar um enorme reconhecimento no Ocidente, o que aconteceu só por volta dos anos 60. Com seu talento inegável, acabou influenciando muitos diretores, como Jim Jarmusch, Paul Schrader, e Martin Scorsese.