Bruno Martuci | 15 de julho de 2016

Caça-Fantasmas

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/07/Ghostbusters-2016.jpg”] Diz-se que não há nada como má publicidade. Paul Feig pode discordar bastante disso. Desde que sua versão de “Caça-Fantasmas” foi anunciada em 2014, os sentimentos de repulsa explodiram na internet sem precedentes, principalmente na tão temida sessão de comentários – o primeiro trailer até ganhou a dúbia distinção de ser o vídeo […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/07/Ghostbusters-2016.jpg”]

Diz-se que não há nada como má publicidade. Paul Feig pode discordar bastante disso. Desde que sua versão de “Caça-Fantasmas” foi anunciada em 2014, os sentimentos de repulsa explodiram na internet sem precedentes, principalmente na tão temida sessão de comentários – o primeiro trailer até ganhou a dúbia distinção de ser o vídeo com mais dislikes no YouTube. Isso não poderia ser fruto de mentes machistas cujos temores se concretizaram ao verem quatro mulheres substituindo o quarteto original, certo? Não em 2016?

Essa provocação, cuja principal temática foi o conceito de gênero, é algo que o longa insiste em repetir. Nosso novo time de caça-fantasmas, quando foi apresentado no primeiro vídeo, evidenciou a incredulidade e o descrédito por grande parte do público (“Nenhuma vagabunda vai conseguir caçar fantasmas!”), mostrando o desafio a ser enfrentado pela equipe. Quando Abby Yates (Melissa McCarthy) diz para Erin Gilbert (Kristen Wiig) que ela não deveria ler coisas escritas por loucos da madrugada, é muito difícil não concordar. Que elas conseguem arrancar risadas de uma situação extremamente desconfortável, isso é fato; se o filme é engraçado e bem-sucedido, elas darão a última risada.

Logo após uma entrada eficazmente assustadora, o longa se mostra muito bem dosado quando falamos de comicidade – como é de se esperar da parceria entre McCarthy e Feig. O humor aqui é bem mais amplo que o original e se torna autoexplicativo com o personagem Kevin (Chris Hemsworth), o atrapalhado secretário cuja presença é bem mais forte que Annie Potts como Janine Melnitz na produção de 1984. Ele é responsável pelas maiores gargalhadas, à medida em que se esforça ao máximo para realizar tarefas simples, como atender ao telefone ou fazer uma bebida. Em uma das sequências, pergunta-se a Kevin se ele colocou açúcar no café; ele então bebe, cospe de volta na xícara e a entrega de volta – “Eu odeio café, mas sim, ele está com açúcar”.

McCarthy e Wiig – duas das melhores atrizes de comédia da atualidade – estão em boa forma, como sempre, mas Leslie Jones também monopoliza parte dos diálogos mais cômicos e mais bem estruturados, dando vida a Patty Tolan, a funcionária do metrô e quarto e último membro da equipe. “Acho que ele vai para o Queens”, ela diz sobre um fantasma que escapa em um vagão. “Ele vai ser a terceira coisa mais assustadora no trem”. Mas, destoante de Winston Zeddemore, que no filme original fazia parte do grupo pelo “salário fixo”, o conhecimento de Patty sobre a cidade de Nova York – incluindo sua história – torna-a uma integrante chave para o sucesso das Caça-Fantasmas.

Entretanto, nem todas as peças se encaixam perfeitamente. Kate McKinnon, que encarna a cientista maluca Jillian Holtzmann, acaba por cair em uma exagerada e desnecessária palhaçada, cujas piadas caem nos próprios clichês mais de uma vez, como se forçasse o público a se conectar com as quebras de expectativas. Além disso, o número exorbitante de aparições são nada mais que oportunidades desperdiçadas, enquanto a batalha final é desprovida de tensões o suficiente para cativar o público.

Ainda assim, “Caça-Fantasmas” funciona em sua maior parte, e apesar das risadas se renderem aos espetaculares efeitos de CGI, sua energia positiva é capaz de conquistá-lo em poucos minutos.

Assista ao trailer do filme:

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