Fernando Campos | 6 de julho de 2016

Florence: Quem é essa mulher?

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/07/FlorenceFosterJenkins6.jpg”] Semana passada falamos da comédia dramática Marguerite, de Xavier Gionnoli, sobre a extravagante aristocrata francesa e desafinada cantora lírica, uma das responsáveis pelo cenário boêmio-artístico francês nos anos 20. A história, inspirada na vida da americana Florence Foster Jenkins, de certa forma, inspirou o diretor britânico Stephen Frears (Alta Fidelidade, Ligações Perigosas) a […]

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Semana passada falamos da comédia dramática Marguerite, de Xavier Gionnoli, sobre a extravagante aristocrata francesa e desafinada cantora lírica, uma das responsáveis pelo cenário boêmio-artístico francês nos anos 20.

A história, inspirada na vida da americana Florence Foster Jenkins, de certa forma, inspirou o diretor britânico Stephen Frears (Alta Fidelidade, Ligações Perigosas) a levar para as telas a história real da inarmônica Florence, ou pelo menos se aproximar o máximo possível. Na verdade, a produção dele é a que mais se aproxima da verdadeira história da “diva do grito”. Aqui, Meryl Streep (Kramer vs Kramer, A Escolha de Sofia) dá vida a essa carismática figura que respira e vive pela música. Florence: Quem é Essa Mulher (Florence Foster Jenkins) também traz Hugh Grant (Letra e Música) no papel de St Claire Bayfield, o marido adúltero e Simon Helberg (The Big Bang Theory) interpretando o pianista Cosmè McMoon.

Nascida em 1868 na Pensilvânia e herdeira de grande fortuna do pai banqueiro, foi considerada uma das mais memoráveis vozes líricas do mundo (questão de perspectiva). Foster Jenkins sempre sonhou em seguir carreira de cantora lírica. Sua vontade de seguir cantando era maior que seu talento, sabemos, mas não o suficiente para comover seu severo pai que, durante um tempo, financiou suas aulas de canto. Depois de um tempo, recusou-se a continuar pagando os estudos e ameaçou deserdá-la se não desistisse dessa ideia. Com a morte de seu pai, nada mais a impedia de mostrar seu talento para o mundo.

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Com dinheiro suficiente para manter o cenário musical da cidade, incluindo o Hotel Ritz Carlton de St Claire e o segundo marido, ela participa de alguns quadros como atriz, mas ainda sonha em cantar num grande teatro. A cidade a apoia unicamente por interesse e ela compra a idéia de que realmente está arrasando. Depois de registrar uma de suas gravações, para a preocupação do pianista McMoon, botou na cabeça que quer performar no Carnegie Hall. Ainda que seja motivo de risos, seu carisma cativa a todos, inclusive o grande compositor Cole Porter, que está aplaudindo de pé na primeira fileira.

Streep, que já demonstrou seus dotes vocais em filmes como Mamma Mia e Ricki and the Flesh, está brilhantemente desafinada como Florence Foster. Mesmo desafinando é notável a habilidade vocal, não adianta esconder, muito menos disfarçar. Grant está bem em seu papel de ator falido e devotado marido, apesar de adúltero. Sim, mesmo mantendo um caso com uma mulher mais jovem, ele faz de tudo pra ver a soprano feliz e satisfeita, além de esconder jornais com críticas negativas.

Helberg, diferente de sua atuação como Howard Wolowitz em Big Bang Theory, está sutil e contido (e não menos engraçado) no papel do pianista McMoon. Os anos 40 estão muito bem representados no longa. A fotografia de Danny Cohen e a direção de arte de Gareth Cousins, Patrick Rolfe e Christopher Wyatt recriam minuciosamente a década. A score é de Alexandre Desplat, responsável pelas trilhas de A Pele de Vênus, de Roman Polanski e O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson.

Enquanto Marguerite tem uma aura mais dramática, “Florence” é muito mais leve, fluído e divertido, sem deixar de lado a pretensão de uma obra bem produzida e digna do Oscar. Outra indicação pra Meryl Streep no próximo ano, certeza, ainda que não seja seu melhor papel.